quinta-feira, setembro 14, 2006

226.ª etapa


MAS QUE VUELTA!!!!


Grande etapa, mais uma, aquela a que ontem - já é ontem - pudemos assistir.
No início (da transmissão, claro), e lida a corrida, digam lá que não havia ali como que a presença de um certo "fantasma"? Aquilo de lançar o Kashechkin e o Sérgio fez-me lembrar a etapa de Pajares, há um ano...

A verdade é que a corrida está focalizada em três pontos de interesse: Vinokourov, Valverde e Sastre e a Astaná foi aquela que melhor mexeu as pedras no tabuleiro.

Ficou claro ontem que, tanto Valverde como Carlos Sastre apenas contam com a boa vontade dos colegas de equipa, enquanto Vinokourov os "abana", obrigando-os a ritmos que eles por si não imporiam porque a Astaná começa a fazer a "cama" muito cedo, lançando outros homens para a frente da corrida - e não são uns homens quaisquer - deixando os adversários a balançar na corda bamba. Mesmo sem ajuda das respectivas equipas - mas nem tem havido assim uma necessidade tão grande de controlar a corrida, apesar de, quando isso aconteceu, ter sido a Caisse d'Éparge a ter de assumir as despesas das perseguições -, Sastre e Valverde NÃO podem largar o Vinokourov, que ontem até deu 8 segundos de "borla" ao murciano da equipa de José Miguel Echavarri, para "pagar" a ajuda de Danielson nos últimos quilómetros.

O que significa que, apesar do que está em jogo, prevalece o desportivismo.

Curioso, e não terão deixado de estar atentos a isso, foi que o cazaque ganhou terreno a Valverde... na descida, terreno onde este é um dos especialistas do pelotão.

Creio que o factor psicológico está a marcar esta fase da corrida. E aí os responsáveis da Astaná estão a ganhar pontos. Vinokourov nunca seria um corredor de deixar ir mas, quando se sabe que, algures, na frente da corrida ele tem dois companheiros da estirpe do Sérgio Paulinho e do Kashechkin, que podem a qualquer altura ficar para trás para o "rebocar", e quando se olha para trás, desesperadamente à procura de uma camisola igual á nossa e não se vislumbra nem sombra dela, isso pesa em termos psicológicos.

Porque olhou tantas vezes o Valverde para trás? Esperava um milagre?
Se calhar, para o tranquilizar o Eusébio Unzué ia-lhe dizendo para manter as coisas como estavam que a ajuda ia a caminho (pode ter acontecido) mas o Valverde já devia, por esta altura, estar preparado para fazer pela vida. Sozinho. Como, afinal de contas, o Vinokourov está a fazer... as tais "ajudas" lançadas cedo, e que poderiam, sim, servi-lhe de preciosa "muleta" estão apenas a funcionar para desmotivar os adversários.

Num dia-bom, naquela descida, o Valverde não teria permitido tanto avanço a Vinokourov, nem teria permitido ao Sastre manter-se tão perto dele. Mas o Valverde viu-se ali, ao longo de toda a descida, num evidente combate contra si mesmo. Vinha ajuda ou não? Lançava-se ou não? Claro que quando se ataca é mais fácil assumir-se riscos. Nas descidas, por exemplo. Ninguém pediria ao Valverde que esquecesse tudo - principalmente que era ele o líder da corrida - e fechasse os olhos na descida.

São duas situações diferentes, a de se ser "maluco" para chegar-se aonde se quer... e a de defender aquilo que já se tem. Ter-se-á "cortado" um pouquinho, não digo que não, mas o que sobra da leitura desta etapa é que o Vinokourov foi-se embora quando quis e, sádico, feitas as continhas, deu-se ao luxo de dispensar 8 segundos de bonificação. Ou alguém tem dúvidas de que ele ganharia a etapa se quisesse?

O pior para Valverde e para Sastre é que hoje a etapa vai repetir-se. Tenho quase a certeza.
E vai ganhar o Vinokourov.

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