
MORA NO ALGARVE A 4.ª "GRANDE"
DO PELOTÃO NACIONAL PARA 2007
Do exercício que aqui deixei ontem há duas situações que saltam à evidência. A primeira, que não espanta nada, é a que o Benfica reúne no seu plantel, e entre as formações portuguesas, o maior número de pontos UCI. E afirmo que não espanta em nada porque, pretendendo fazer parte do calendário internacional – e ao inscrever-se como equipa Profissional Continental – os encarnados, está bom de ver, preencheram o plantel com corredores que, de uma forma ou outra, já mostraram o seu real valor.
Ao Benfica, seguem-se-lhe, por ordem decrescente, a Liberty e a LA-MSS-Maia. Acontece aqui uma inversão de posições em relação aos pontos de cada uma delas, esta temporada, o que pode ser explicado com o número de pontos que cada uma delas perdeu para… o Benfica. Da Charneca do Milharado foram 24 pontos para a Luz (com Pedro Lopes) e da Maia um pouco mais… 209. Apenas 11 do Bruno Castanheira, mas 198 do Danail Petrov.
Mas, mais ponto, menos ponto, em segundo ou em terceiro lugar, as duas principais formações lusas nos últimos anos vão alternando num braço-de-ferro que tem servido para animar as contendas ao longo das temporadas.

A grande novidade, e creio que todos estarão comigo nesta apreciação, é a bastante clara subida da DUJA-Tavira que surge, inequivocamente, como… o quarto grande (usando uma terminologia em voga no futebol).
E a equipa algarvia não aparece aqui de pára-quedas.
Depois de várias temporadas em permanente desassossego sempre que era preciso renovar o patrocínio – e isto aconteceu anos a fio – há dois anos eis que uma empresa espanhola, mas com reais interesses comerciais no Algarve, resolve escolher o ciclismo como veículo de promoção. Para o Tavira foi o encontrar uma estabilidade financeira que quase nunca antes conhecera.
Este ano fez uma boa temporada, que culminou com uma excelente Volta a Portugal. Que há estabilidade financeira, isso percebeu-se logo quando, bem cedo, a equipa anunciou que manteria para 2007 todo o plantel com que contara este ano.
Que significa isto? Que os corredores não sentiram necessidade de tentar buscar melhores condições financeiras noutras paragens e que, se por acaso – que eu ignoro se houve ou não – aconteceram contactos de outras equipas interessadas neste ou naquele corredor, terá havido a possibilidade de, pelo menos, rediscutir as condições dos contratos desses corredores e conseguirem, como eu escrevi aqui, na altura, a primeira vitória da temporada do ano que vem. Que é, evidentemente, o facto de Vidal Fitas arrancar com os mesmíssimos corredores com quem trabalhou este ano, queimando aquelas etapas que normalmente é preciso queimar para que as caras novas que chegam a um grupo e trabalho nele se integrem
Mas, dizia, a DUJA-Tavira já havia então conseguido essa tal primeira vitória e, com aqueles 12 corredores já estava muito perto, em termos de pontos, da tradicional quarta equipa, o Boavista. Só que estava-nos ainda reservada uma outra (grande) surpresa. E, eis que, abrindo os cordões à bolsa, a empresa DUJA ofereceu a Vidal Fitas apenas o vencedor da edição deste ano da Volta a Portugal, o galego David Blanco.
E isto significa algo de bastante curioso.
Agarremos nas formações já alinhadas para a temporada de 2007 e o que vemos?
Se nada de anormal acontecer – longe vá o agoiro – mo dia 4 de Agosto do ano que aí vem, quando do arranque da 69.ª Volta a Portugal, a camisola amarela será… do Tavira; a camisola azul (montanha) será… do Tavira e a camisola vermelha (juventude) será do… Tavira.
Apenas a branca (pontos) escapou aos algarvios.
Não sendo nada e inédito, também não é pormenor para ser ignorado.
E a ida de Blanco para a cidade do Gilão dez com que a formação algarvia ultrapassasse – de forma claríssima – o Boavista e se acomodasse no significativo quarto posto do ranking apenas com menos 40 pontos que a Maia (3.ª) e mais do dobro dos pontos dos axadrezados.
Volto a reforçar que isto são meras teses académicas jogando com o valor que os números têm e recordando que, a partir do dia 1 de Janeiro todas as equipas estarão em pé de igualdade, com o puntómetro a zero, para o arranque de uma nova época. Mas, como disse, não deixa de ser curioso trabalhar um pouco com esses mesmos números.
Foi assim que cheguei a esta conclusão: partimos para a temporada de 2007 com a DUJA-Tavira a assumir-se como a 4.ª Grande do pelotão português. E como o Benfica só vai fazer sete corridas do nosso calendário… será a terceira, na maior parte da época.
Força aí algarvios marafados!...
O Algarve merece ter uma equipa assim.