QUEM ESTARÁ A PREJUDICAR QUEM?
Não é por nada, mas eu próprio já aqui escrevi – perdoem-me a imodéstia – que, mais dia, menos dia, mesmo que ninguém pense, ainda, a sério nisso, poderemos vir a ter uma segunda entidade a supervisionar o Ciclismo de Alta Competição.
Isto face à teimosia da União Ciclista Internacional que insiste no cada vez menos credível ProTour, uma ideia que até poderia ter sido engraçada mas que nasceu torta.
E quem torto nasce…
A verdade é que, de há três anos para cá, ao invés de ter acontecido alguma evolução na modalidade, é que temos vindo a assistir ao fim de corridas – algumas delas com muitas décadas de história – e à fragilização do pelotão, com o desaparecimento de várias equipas.
E os problemas de doping não explicam tudo, embora tenham vindo a ser aproveitados exactamente para desviar a atenção de problemas tão preocupantes quanto aquele.
À guerra, antecipadamente perdida, com os três mais fortes organizadores, pretende a UCI fugir em frente e já se fala de corridas para o calendário ProTour na China, nos Estados Unidos, na África do Sul ou na Malásia, isto quando no próximo ano já iremos ter uma na Austrália.
Ninguém parece ter-se ainda preocupado com o facto de que a esmagadora maioria das formações ProTour são europeias. As marcas que as sustentam são europeias. Interesar-lhes-á um obrigatório aumento de orçamentos – as viagens serão muito mais longas e implicarão deslocações de material logístico via-aéria – para mostrar-se em mercados que não são os seus?
Com isto a UCI parece não se preocupar.
É preciso é haver um Grupo ProTour, receber as superiores taxas de inscrição e poder ter uma boa fatia do lucro que cada organização consegue.
A verdadeira razão pela qual ASO, RCS e Unipublic deixaram o tal quadro de élite.
Por isso a UCI, que ainda não atreve a ameaça, advertiu, por carta, seis federações europeias, acusando-as de tentativa de secessão.
“Ao mesmo tempo que argumentam estar a proceder em nome da defesa da unidade do ciclismo, assinam, à nossa revelia, acordos de cooperação que levarão à amputação do quadro federativo e histórico uma parte importante do património do ciclismo e preparam uma saída da UCI, negando-se a reconhecer e a aplicar os seus regulamentos”, diz, em certo passo a missiva assinada por Patrick McQuaid e dirigida aos presidentes das federações da Áustria, Bélgica, Espanha, França, Itália e Luxemburgo.
E lança uma farpa aos franceses quando escreve: “Esses acordos visam retirar parte do património ciclista à família do ciclismo para, mais tarde, colocar toda a família sob a tutela da ASO”.
Podem ler a notícia completa no espanhol El Mundo.
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