O ESFORÇO FEITO PELAS EQUIPAS
Não sei se posso dizer que em 2008 vamos ter o melhor pelotão de sempre – pelo menos, das últimas décadas – no que se refere às equipas portuguesas. O que todos sabemos é que, em quase todas as equipas há figuras. Grandes figuras. E é de figuras que o Ciclismo se alimenta. São elas que vão proporcionar o espectáculo, são elas que vão atrair a atenção dos apaixonados pela modalidade.
Reforço – e porque a época por que passamos é tradicionalmente de paz e concórdia, peço desculpa aos puritanos – que me estou nas tintas para o facto de o reforço do nosso pelotão ter sido feito muito à custa de corredores espanhóis, alguns deles de primeiríssimo nível, que, vítimas da nova inquisição, só encontraram forma de continuar a exercer a profissão que escolheram mudando-se para Portugal.
A História é uma ciência que precisa que passe algum tempo para poder ser escrita com maior rigor. Dêmos-lhe tempo.
A verdade é que vamos ter um bom pelotão. Quase todas as equipas se reforçaram e cultivo a legítima esperança de, mesmo que estrangeiro, ver a maioria das corridas a disputar no nosso país ganhas por corredores de equipas portuguesas. Também passa por isso o desenvolvimento da modalidade entre nós.
Depois da abertura demonstrada pelas equipas, convinha que os organizadores aproveitassem a boleia. Isto é, que as corridas – sem que isto esteja manchado por qualquer laivo de chauvinismo (o Ciclismo será a última das modalidades onde isso pode acontecer, tal a forma descomplexada como, mesmo a nível mundial, se misturam no mesmo plantel atletas das mais diversas origens) –, escrevia eu, que as corridas fossem pensadas de forma a poderem cair mais para o jeito das características das equipas nacionais.
Por isso, fiquei agradado com a notícia avançada ontem por A BOLA, de que a Volta ao Algarve terá um contra-relógio individual com mais de 30 quilómetros e hoje, ao ver a página da Rádio Voz da Planície, de Beja, quando li que também a Alentejana vai ter um crono com três dezenas de quilómetros. Porquê? Porque é essa a porta por onde as equipas portuguesas podem entrar, contrariando, principalmente na corrida algarvia, a superior qualidade dos sprinters das equipas estrangeiras. Que se adivinha.
Juan Gomis e David Blanco (Tavira), José Azevedo, Cândido Barbosa e Rubén Plaza (Benfica), Hector Guerra (Liberty), Tiago Machado (Boavista), Paco Mancebo (Paredes), Xavier Tondo (LA-MSS) – são só alguns exemplos – poderão, em cronos com 40 minutos de estrada, limpar as bonificações – no caso de as haver – somadas pelos sprinters puros. E, no caso da Alentejana, defenderem-se – alguns deles – dos estragos que a terrível subida ao alto de São Mamede vai com certeza fazer.
Com tantos bons contra-relogistas no pelotão doméstico, manda a lógica que as corridas tenham contra-relógios. É claro que sim. E no caso da Volta ao Algarve… permito-me discordar da opinião de outro analista credenciado, o Fernando Emílio. Porque é que um crono de 34 quilómetros é “demasiado longo para início de temporada” e, em anos anteriores as duas subidas ao Alto do Malhão (na mesma etapa) não foram demasiado duras para início de temporada?
Termino com um velho e desgastado “chavão”:
São os Corredores que fazem a corrida mais ou menos dura.
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