INEGAVELMENTE UM EXCELENTE CONTRIBUTO
O grande trabalho de fundo que nos é oferecido no último número do Jornal Ciclismo, e que acabei de ler com toda a atenção, podia servir de base de partida para uma interessantissima sessão de terapia colectiva no que respeita ao problema do doping.
Espero que todos o tenham lido.
Claro que, desta vez, tivemos apenas as perspectivas de um dos lados. Mas são por demais importantes para serem menosprezadas.
Fica a faltar o testemunho dos médicos das equipas porque há, de facto, métodos e processos para ajudar os atletas a recuperarem, o mais rapidamente possível, dos tremendos esforços a que são diariamente submetidos, nomeadamente nas corridas de três semanas.
Métodos e processos – reposição de sais, reforço de vitaminas e outros – que nada têm de pernicioso. É, fica a faltar ouvir um – ou mais do que um – médico que explique aos leitores do Jornal Ciclismo, tão bem quanto o doutor Artur Moreira Lopes e o professor Luís Horta o fizeram em relação às contra-indicações e consequências nefastas trazidas pelo uso insistente de doping.
E o que mais gostei foi mesmo da forma, quase diria didáctica, que ambos adoptaram e que ficou bem traduzida no trabalho. Apesar de uma ou duas acusações mais ou menos veladas que convinha fossem concretizadas de forma a que a suspeita não se estenda a todos. Todos os Corredores e todas as Equipas…
Tem sido nesta área que eu me tenho batido.
É – tem sido – fácil, assente, é verdade, em casos concretos, cruxificarem-se os Corredores. Apenas os Corredores.
Juntando este documento – que o é – que o Jornal Ciclismo nos ofereceu, a uma ou duas outras entrevistas lidas noutros jornais onde, por exemplo, ficou vincada uma certa fractura entre as opiniões destes mesmos dois entrevistados (no caso, com o presidente da FPC a ser veemente em relação ao facto de o pelotão português estar inquinado, com o director do LAB a defender a sua dama, esgrimindo que os números desmentem aquela acusação), e não esquecendo que no meio disto tudo, continua a aprovar-se legislação que esbarra, de facto esbarra, nos mais elementares direitos dos Corredores, enquanto Cidadãos, poder-se-ia chegar a conclusões que, pelo menos, minimizassem os estragos colaterais que apenas estão a ajudar a destruir o Ciclismo.
Que é o que normalmente acontece, em relação a qualquer assunto, quando se generaliza, metendo toda a gente no mesmo saco.
Mas, e sem querer imiscuir-me nas opções dos responsáveis pelo jornal, creio que depois deste trabalho é quase obrigatório e urgente ouvir o que têm os médicos das equipas.
Que são profissionais, como todos os seus colegas formados para ajudar e não para pôr em risco a saúde dos seus pacientes. Com um Código Deontológico à prova de bala e que, adivinho daqui, não terão ficado muito satisfeitos com algumas passagens deste trabalho.
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