quinta-feira, dezembro 27, 2007

1016.ª etapa

VOCÊS TÊM UMA GRANDE RESPONSABILIDADE

Vou tentar pesar, palavra a palavra, o que a seguir vou escrever.
Por respeito.
Respeito em relação a muita coisa.
Porque, antes de tudo, devemos ser honestos perante a verdade, embora – e não serei eu a dizer o contrário – aconteçam situações em que TAMBÉM nos vemos obrigados a defender a imagem de pessoas que nos dizem muito.
Que temos como amigos.

Jamais condescerei num caso para proteger o outro…
Tentarei não ser demasiado duro para o segundo, mantendo como objectivo mais importante o primeiro.

Somos nós, os jornalistas que se entregaram de corpo e alma ao Ciclismo, quem tem o dever de o defender. Protege-lo até… em relação a arrivistas que nem sabem quantas rodas tem uma bicicleta (não, não são duas… nem lá perto) e parecem ir firmando carreira com o porfiado esforço de o destruir.

Por isso, tudo o que se diz e se escreve com a veleidade de contar a História não pode escamotear os factos.
Porque, e já escrevi isto num outro artigo lá atrás, a História não se discute.
Aconteceu.
Para o mal e para o bem, aconteceu.

Os – cada vez menos, infelizmente – jornalistas que hoje podem defender o Ciclismo, usando, para isso, não só o que estudaram mas também, e principalmente, o que tiveram oportunidade de testemunhar, não podemos ficar-nos pelas meias palavras.
Não!

Não podemos.

Digamos que é a dívida que temos a pagar por termos sido abertamente acolhidos na Família do Ciclismo.

O recém aparecido Jornal Ciclismo – pelo qual, embora alheio ao projecto, mas se for a bem do Ciclismo, estou disposto a deixar a pele – abalançou-se a contar a História do maior Corredor Português de todos os tempos.

O Joaquim Agostinho.

Começou por aceitar textos inquinados no sentido de que parecia ser uma história de raíz quando – e a prova de que estou certo (claro que estou certo, li todas as biografias do Agostinho) é que arrepiou caminho – o que nos foi dado não era mais do que um trabalho suportado por outros trabalhos já anteriormente publicados.

Jornalisticamente a forma não está incorrecta desde que, no final, se refira toda a bibliografia que foi consultada.
Incluindo artigos de jornais. Não o foi.

Por acaso e, acho eu, logo após a primeira publicação, depois de eu próprio ter chamado a atenção para isso, os textos passaram a referir onde é que o signatário ia buscar as informações.
Ainda bem.
Embora reconheça ter sido um preciosismo da minha parte.

99 % dos leitores do Jornal Ciclismo assumiria a informação prestada como da autoria de quem assinava.
Mas isso era batota.

Estendeu-se a “biografia” do Joaquim Agostinho ao longo de oito edições do jornal para terminar com… meia página.

Faz-me lembrar um anúncio de televisão que passou há uns anos e no qual uma suposta guia turística dizia: “Era um rei de cabelos compridos e um dia morreu!...”

Sem delongas e indo directo ao que importa… ninguém é capaz de resumir a história - não num espaço de 13 anos - do Joaquim Agostinho em meia página.

A culpa não é só a de quem assina o trabalho.
Eu senti-me defraudado.

E sabem os dois principais responsáveis pelo jornal como se sentiu o Xico Araújo? O português que melhor conheceu o Joaquim Agostinho?
Perguntem-lhe…

E se o Fernando Emílio barafustou a pedir mais espaço, aqui estou com ele.

Não se faz isto com o Joaquim Agostinho.
Reparem… não é por mim, não é por quem há muito segue o Ciclismo…
a vossa responsabilidade é para com os actuais fãs.
Para quem não sabe nada do Agostinho.

Terminar da forma como terminaram a sua história foi, mais do que uma falta de respeito, um erro terrível.
E se querem impõr o jornal, e se querem que tenha alguma credibilidade… prestem atenção.
Erraram!

Mas ainda sublinho mais um pormenor…
… o Jornal Ciclismo TEM que ganhar o respeito e a confiança dos adeptos do Ciclismo a quem se dirige.
Certo?

Eu sei tão bem o que é o rush do fecho de uma edição… diariamente.
Mas deixar passar isto, e cito:
“Recordo algumas palavras que me marcaram como jornalista e amigo pessoal de Joaquim Agostinho…”…
E a seguir virem citações a A Capital e de uma revista da época…

Eu, por mim, não tenho – já não tinha – dúvidas…
Há por aí grandes fraudes.

Mas a mensagem não está completa: amigos João, e Zé Carlos…
podem pedir aí a alguém que nos conte, de facto, a história dos últimos anos de vida do Joaquim Agostinho?

Não é por mim, que a sei de trás para a frente…
É para os mais novos saberem quem foi, e como foi, o nosso maior nome de sempre na modalidade…

Para que saibam, por exemplo, que no dia do seu funeral, que saiu da Basílica da Estrela, uma dúzia de avenidas de Lisboa estiveram cortadas ao trânsito…

Poucos desportistas justificaram tanto.
Mentira… nenhum.
Até hoje.

E isso não nos foi transmitido com o vosso trabalho.

5 comentários:

Paulo Sousa disse...

Madeira,

Lá estás tu com o teu “mau feitio”…

Quem ler esta etapa vai pensar que o jornal não tem qualidade. O jornal em questão não fala só do Agostinho, fala de Ciclismo e também do Joaquim Agostinho.
Porque um artigo saiu menos bem ou mal não vamos questionar a jornal no seu todo.

Pessoalmente nem sequer li nenhum dos artigos em questão, pelo que nem sequer estou habilitado a dizer se está bem ou mal feito e mesmo eu tivesse lido o meu conhecimento da vida do Joaquim Agostinho é meramente empírico (ainda o vi correr mas nunca com ele privei – tinha idade para ser meu pai inclusivamente).
Mesmo assim penso que estás a ser muito duro com o Jornal e com os seus responsáveis, pois todos têm o direito de errar (se é que erraram).

Um abraço

mzmadeira disse...

Paulo, só quem estiver de má fé poderá confundir o que digo sobre UM artigo específico, estrapolando essa minha análise para o TODO do jornal... Isso será, não só errado, como desonesto...

mzmadeira disse...

A questão a ter em conta é esta, Paulo - e João e Zé Carlos, se me concederem o benefício da dúvida... - EU ACEITO O JORNAL CICLISMO como a ÚNICA PUBLICAÇÃO dedicada ao Ciclismo, merecedora de CRÉDITO.

Ora... Paulo, e tu que és bancário sabes que isso de dar crédito obriga a contrapartidas. Neste caso, é só uma: lisura de procedimentos.

A História do Joaquim Agostinho - e o Jornal não se defendeu, dizendo que poderia ser apenas a visão de um colaborador - que correu de 1968 a 1984, não nos pode ser contada em oito páginas para os primeiros 12 anos e depois arrematada de forma desconexa em meia página para os últimos quatro.
Que são os mais importantes da sua história... quando ele quis deixar tudo e voltar à sua quintinha na Silveira, quando já só correu porque precisava de dinheiro já que administrara mal o (muito) ganho até aí... e por isso, aos 43 anos ainda estava disposto a ir para a estrada, aliás... foi. Infelizmente, foi...

Quem não sabia a história do Joaquim Agostinho... ficou sem a saber.

E acabar o trabalho, assim, da forma como foi rematado, quando todo ele assentou apenas e só em citações de trabalhos de terceiros, mas com uma nota na qual, abusivamente somos "convidados" a acreditar que este mesmo trabalho foi o resultado de uma experiência de proximidade, é de uma desonestidade atroz.

É uma mentira!

E nem sequer comento - e se calhar devia comentar - a 12.ª linha na "caixa" que tem como título... A TERMINAR.

Diz, e cito: "Durante nove edições trouxemos aos leitores do Jornal Ciclismo ENXERTOS...

É! Foi isso...
"Enxertos"!...
Desgraçadamente, foi isso mesmo...

Paulo Sousa disse...

Madeira,

“Enxertos” quando seria bem “excerto” qual é o mal?
OK, já sei que têm significados diferentes…

Enxertos – masculino plural de enxerto (transferência de um tecido animal de um sítio do organismo para outro do mesmo indivíduo ou de indivíduo diferente; tecido animal empregado em cirurgia plástica ou substitutiva)

Excerto – origem do Lat. excerptu, que quer dizer “colhido de”



Mas qual a publicação que não tem um qualquer erro ortográfico? Além do significado ser diferente só tem mais um “n” o que até é perfeitamente aceitável e estou certo que quem ler o texto em questão vai perceber perfeitamente o que o autor pretendia escrever…


Mas vamos ao tema em assunto…


Já deixei a minha opinião e que vale o que vale, tal como disse, é a minha opinião pessoal (passo o pleonasmo) que nem sequer é questionável pois nada estou a afirmar somente a opinar sobre o teu texto. Tão pouco pretendo o contraditório (adjectivo, significado: que envolve contradição).


Mas tenta recuperar a tua saúde que é para voltares á estrada e quem sabe não se organiza uma tertúlia num dos serões em que estamos fora de casa numa qualquer prova de ciclismo que ao fim e ao cabo é o que todos os que por este espaço passamos temos em comum.

Um abraço

mzmadeira disse...

Ok, Paulo... tens razão, afinal, quem é que nunca foi vítima de uma "gralha"?

Tento usar tudo para sustentar as minhas opiniões mas não escapo a poder ser até incorrecto. Espero que o pessoal compreenda.

Até tu já "brincas" comigo... Mas deixa lá o dicionário em paz.

Um abraço e obrigado pelo safanão... foi merecido.