quarta-feira, dezembro 26, 2007

1015.ª etapa

O SPORTING, O CICLISMO E HIPOCRISIA

Na entrevista que o presidente do Sporting Clube de Portugal, Filipe Soares Franco, deu ao Record e hoje publicada, lá se volta a falar do Ciclismo.
Vai longe o tempo em que os Grandes – os três grandes – se afirmavam pelo seu ecletismo.
Hoje, a fornalha do futebol queima todos os recursos e… não chegam.

É evidente que a opinião dos associados – e muito menos a dos simples simpatizantes – há muito não conta. E isso ficou claro na entrevista...

À expressão recentemente introduzida no léxico desportivo, e que fala de clubes-empresa (vulgo sociedades anónimas desportivas - SAD), manifesta-se errada por defeito.
O correcto seria mesmo algo como SAF – Sociedade Anónima de Futebol -, tal a forma como o seu aparecimento coincidiu com o desinvestimento nas outras modalidades.

O discurso, uniformizado, é sempre o mesmo: modalidades, sim… mas auto-suficientes.

Isto é… desde que alguém assuma a responsabilidade, os clubes não se importam de capitalizar os proveitos daí advindos.

Contribuir para a inversão do processo que reduziu os grandes clubes a futebol e pouco mais é que não.

Também… com os ordenados que pagam, mesmo a “futebolistas” dos quais, após dois meses, só querem ver-se livres porque não passam de pontapeadores de bola, com as inconfessadas – porque inconfessáveis – ligações aos chamados Agentes FIFA, das quais brotam negócios que tornam estes muitíssimo ricos, os presidentes muito ricos e os jogadores… demasiado ricos, ao mesmo tempo que os clubes se afundam (algo que a maioria dos adeptos não consegue entender) e escorregam, de forma – em muitos casos – irreversível, para a falência… com o futebol a sugar tudo, e sendo que apenas com o futebol podem esperar fazer negócio, às malvas com o ecletismo.

Mas Filipe Soares Franco, mal confrontado (por ignorância de quem perguntou?) sobre o Ciclismo – porque é verdade que João Lagos, sportinguista militante, ofereceu ao clube as mesmas condições que o Benfica aproveitou –, lá foi dizendo que se algum sportinguista aparecer com vontade de fazer uma equipa de ciclismo, desde que isso não custe um chavo ao clube, até seria engraçado, porque, cito de memória, “a Volta a Portugal vai a todo o País e pode ser uma boa propaganda para o clube”.

Ninguém – muito menos a minha insignificante pessoa – porá em causa as opções do vice-presidente do Sporting, para as modalidades, o professor Moniz Pereira, que há muito descartou, sem deixar espaço para discussão, o regresso do Ciclismo a Alvalade. Mas a História não se discute.

E, apesar do Carlos Lopes, do Fernando Mamede ou de outros nomes mais recentes, pergunte-se a um sportinguista qual o atleta – que não jogador de futebol – cujo nome melhor identifica o Sporting e não creio que a resposta não seja: JOAQUIM AGOSTINHO.

Os mais velhos ou, sendo mais novos, são indefectíveis da modalidade, não se esquecerão de Marco Chagas, Leonel Miranda, João Roque, Alfredo Trindade…

O senhor-atletismo não gosta do Ciclismo.
Está no seu direito mas, como homem inteligente que é… já deve ter percebido o que toda a gente percebeu.




Cheira-me a hipocrisia a garantia de Filipe Soares Franco de que há uma modalidade que nunca acabará no Sporting: o atletismo.

Infelizmente, o professor Moniz Pereira não é eterno.
Mas os mais novos cá estarão para testemunhar o que vai acontecer um dia – que espero, sinceramente, venha ainda muito longe – em que o professor nos deixar…

Mas voltemos ao Ciclismo.

Parece que em Alvalade – aliás, como aconteceu com o Benfica – só voltará se alguém der um passo em frente.
Que apareçam então as vontades.
De quem queira trabalhar, e de quem queira investir.

Eu sempre defendi que Benfica, Sporting e FC Porto são imprescindíveis para que o nosso Ciclismo dê um pulo qualitativo. Falta de Corredores profissionais no mercado não será desculpa…

Embora para 2008 já seja tarde, ninguém perde nada se alguém, de coração de leão, aparecer já a pensar numa equipa para 2009.
E que o dragão não se fique…

E não tentem contradizer-me com o argumento de que os grandes clubes de futebol europeus não têm Ciclismo.
Pois não!

Mas nem Real Madrid, nem Barcelona, nem Liverpool, Arsenal ou Chelsea, Bayern de Munique ou Juventus ou Milão ou Inter devem um avo da sua popularidade, nos respectivos países, ao Ciclismo…

Benfica, Sporting e FC Porto já não podem dizer o mesmo.
Pois não?!...

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