segunda-feira, setembro 08, 2008

II - Etapa 233

COMO É BONITO O CICLISMO!

Claro que eu sou suspeito, por todas as razões que todos vocês sabem e... mais uma dúzia delas.
É bonito o Ciclismo.
Enquanto espectáculo é bonito.
Enquanto desporto é bonito.
É sempre bonito...

Assim o conseguíssemos nós, os que têm como tarefa contá-lo e enaltece-lo, estar à altura de quem o protagoniza. Seja na bicicleta, seja no carro de comando.

Li hoje - que já é ontem - num press-release da equipa, um desabafo do Gonçalo Amorim.

Que, ainda com a corrida - o GP Caixa Agrícola - em aberto, toda a gente fugia com o dito cujo à seringa, à boa maneira portuguesa, todos a deixarem o trabalho "sujo" para o vizinho do lado, mas sempre à espreita de uma oportunidade para lhe trocar as voltas.

E só tarde e a más horas - porque as minhas preocupações agora são outras - reparei que o Benfica ganhara a corrida. A etapa e a corrida. E vieram-me à memória as palavras do Gonçalo Amorim. Em ambos os contextos.


Que na véspera ninguém ajudara o Benfica e que, na etapa de ontem, a que passava pela Serra da Arrábida, jogar-se-ia a corrida.

Ora, isto dito assim, por um DD pode ser complicado. Faca de dois gumes é-o sempre.

Não terá sido sorte, porque eu acredito no Gonçalo enquanto técnico. Se - pelo que já pude ler - apenas beneficiou da costumada má leitura das corridas por parte de um colega seu, isso não o vou discutir aqui, agora.

Factos...
... sendo uma corrida para ser discutida pelos sprinters, o Benfica tinha falhado em todas as etapas, com Javier Benitez;
... sendo que a única etapa que poderia ditar alguma diferença era a de ontem, com a passagem pela Serra da Arrábida, foi de mestre - ou não tenha ele sido um dos mais cerebrais corredores do nosso pelotão nos últimos 15 anos - a jogada do Gonçalo.

Foi de quem sabe e sabe porque viveu, em cima da bicicleta, muitas situações destas.

Pode parecer pouco - sê-lo-á - para o Benfica ter ganho apenas duas provas e três etapas (creio eu, que ando com o arquivo completamente atrasado), porque o prólogo da Volta a Portugal também conta, mas a vitória de ontem, para além de sublinhar a acuidade estratégica do Gonçalo Amorim, abriu um novo espaço de discussão nas diversas tertúlias que gastam - dando por bem empregue o seu tempo - esse tempo a discutir o Ciclismo.

Em contra-mão aparece, outra vez, a mesma equipa que não foi capaz de ganhar a Volta. A deste ano e mais algumas. Que somou uma série interessante de triunfos, é verdade, mas que, quando a coisa descambava para o lado táctico... falhou sempre.

Desta vez, a favor do Benfica. Com o Gonçalo a ganhar-lhes aos pontos.

É tão bonito o ciclismo quando se chega à última etapa com tudo ainda em jogo e se vê quem é que, de facto, sabe mover as suas peças no grande tabuleiro que é a estrada.

Parabéns Gonçalo.
Não quero ser inconveniente - em relação ao clube -, defendo claramente a continuidade do Benfica no pelotão, da mesma forma que aplaudirei o surgimento da nova equipa de Vila do Conde e ainda me mantenho expectante em relação à equipa da Póvoa.

Caramba! Alguma coisa há-de ser decidida nas próximas semanas, o contrário elevaria o caso ao absurdo!...

Mas ia eu a escrever, confirmando-se que o Orlando Rodrigues partirá mesmo para outra, na companhia do Zé Azevedo... o Gonçalo Amorim provou ontem que não será por falta de técnico que o Benfica não continuará.

Um grande e forte abraço, Gonçalo.
E outro para o Senhor Júlio.

1 comentário:

Unknown disse...

Acho que o Benfica sair do ciclismo é a negação de tudo o que é um clube. Os sócios (para além dos adeptos) são o suporte de uma instituição. Ora, se estes querem o ciclismo, qual a razão para o ciclismo acabar? João Lagos, mas muito bem, que se sustente o ciclismo de outra forma. Se calhar com uma equipa pior em termos de nomes, mas com mais cérebro.



E com isto falo do Orlando Rodrigues. Nestes 2 anos não mostrou estar, por enquanto, à altura dos nomes que dirigia, nem muito menos soube fazer as escolhas acertadas. O que não quer dizer que no futuro não seja um bom DD.



Américo Silva, na minha opinião, anda nestas lides há imenso tempo como DD e já mostrou não ter "mãozinhas".



Ficaria então o Benfica apenas com Ruben Plaza e Cândido como chefes-de-fila, numa aposta clara no espanhol para a Volta.



O resto da equipa seria formada por José Mendes, Rui Costa, Edgar Pinto e os demais jovens. Manutenção de apenas 4 corredores "veteranos": P.Lopes, Castanheira, H. Miranda e Benitez.



Como DD, até ver, G. Amorim nos Sub-23 (e agora nos principais) já mostrou alguma coisa.



Um abraço!