segunda-feira, setembro 15, 2008

II - Etapa 239

FALTOU VINCAR QUE SE TRATA DOS SUB-23
(Embora conceda que está implícito...)

Sou surpreendido hoje com uma notícia que classifica o 2.º lugar do Rui Costa no Tour de l’Avenir, e a consequente conquista da Taça das Nações, em sub-23, por Portugal, como, e cito: “O terceiro maior triunfo do Ciclismo nacional…”
Importar-se-iam de repetir, por favor?

Este dia de hoje foi – está a ser - infernal para mim e a tormenta, mesmo que assente em base psicológica, só terminará lá para o final da tarde de amanhã. Por isso não escrevi antes.

Desta feita nem sequer me vou dar ao trabalho de me levantar desta cadeira para, à distância de meio-metro a metro e meio de mim, procurar documentação que me preenche parte das estantes. Citarei apenas de memória e é possível que não seja totalmente objectivo, mas nesta circunstância acho, em consciência, que isso é irrelevante.
Comecemos pelo princípio, que é sempre uma boa maneira de começar.

Nos finais do Século XIX, um Senhor chamado José Bento Pessoa sagrou-se campeão do Mundo, em Espanha, porque ainda não havia uma estrutura organizada do Ciclismo em Portugal.

Cinquenta anos depois, mais ano, menos anos, outro Senhor, de nome Alves Barbosa, terminou o Tour na 10.ª posição, integrando uma equipa mista que correu sob as cores do Luxemburgo.

Na década de setenta, do Século XX, um outro Senhor, de nome Joaquim Agostinho (e não vou citar, nem o pouco que sei de cor, do seu palmarés, apenas o essencial), ganhou 5 etapas no Tour, foi duas vezes terceiro classificado na geral final, duas vezes 5.º e uma vez sexto. Foi segundo numa Volta a Espanha, protagonizando um dos episódios mais polémicos da história da Vuelta, porque há quem, ainda hoje, se bata na defesa de que essa edição da Vuelta foi ganha por Agostinho e que interesses de patrocínios, e também nacionais, levaram a que o júri de comissários emendasse a mão e, in extremis, desse a Vuelta a José Manuel Fuentes, El Tarangu.



E não posso esquecer esse homem de fibra rija, temperada pelos frios invernos de Trás-os-Montes, que se chama Acácio da Silva, que é, até hoje, o único português que vestiu de amarelo no Tour, onde ganhou três etapas, e de rosa no Giro.

Está ainda tão viva na memória a vitória do Zé Azevedo numa etapa na Volta às Astúrias, no final da qual vestiu a camisola amarela; a vitória do mesmo Zé Azevedo numa etapa da Volta à Alemanha, que também lhe deu o direito de, no dia seguinte, sair de camisola branca, símbolo de líder da geral individual. Um quarto lugar na geral individual do prestigiado Dauphiné Libéré. Três quintos lugares, um no Paris-Nice, outro no Giro e ainda outro no Tour, mais um sexto, também no Tour.

A vitória por equipas da Maia, na edição de 2003 da Vuelta…

Como é que, de entre todos estes resultados – e repararam que não incluí nenhum conseguido por corredores estrangeiros, mesmo ao serviço de equipas lusas – a conquista da Taça das Nações de sub-23 será… o terceiro maior feito do Ciclismo Nacional?

Mas eu sou capaz de explicar-vos a “lógica”.
Em vez de lerem Ciclismo Nacional, leiam… no consulado do doutor Artur Lopes.

E as outras duas serão, é evidente, a medalha de prata de Sérgio Paulinho, há quatro anos, nos Jogos Olímpicos de Atenas, e a medalha de bronze, do mesmo Sérgio Paulinho, nos Mundiais de Zolder, em 2003.

Ainda assim, esquecemde forma propositada?a medalha de Ouro conquistada por Cândido Barbosa, em 1996, no Campeonato da Europa de Esperanças, na Ilha de Man…

Foi bom, muito bom, que nesta edição da Taça das Nações, nas sete provas que a compõem, Portugal tivesse ganho duas e terminado mais três em segundo lugar. Temos matéria prima… não há mal nenhum em querer exponenciar isso, mas a História não pode ser reescrita.

E este não foi, nem de perto, nem de longe, o, cito: “terceiro maior triunfo do Ciclismo nacional".

E é desonesto tentar fazer passar essa mensagem.
Devíamos ter vergonha... (o plural é propositado e pretende abranger todos os jornalistas de ciclismo)

3 comentários:

nuno disse...

eu tb ouvi essa noticia, mas na altura pareceu-me que eles falaram no 3º maior feito dos sub 23. alias a noticia foi muito rapida , mas a sensação que me deu foi de falarem no candido barbosa quando foi campeao e no sergio quando acho que foi 3º tudo em sub 23. e repito no inicio tive a mesma sensação de ser o 3º maior feito de sempre, mas no fim da noticia já me deu a sensação de sub 23. a ar que deu foi que o jornalista nem sabia o que estava a ler

mzmadeira disse...

Caro Madeira;

a prestação do sérgio Paulinho nos Jogos Olímpicos de 2004, não pode ser considerado como Sub-23, porque o rapaz já tinha 24.
Não sei se será assim.
Cumprimentos.

Teixeira Correia
(... que continua a não conseguir inserir os seus comentário!!!)

nuno disse...

O sergio paulinho tb ficou em 2º ou 3º num mundial de sub 23 em CR