[Acordo Ortográfico] # SOU FRONTALMENTE CONTRA! (como dizia uma das mais emblemáticas actrizes portuguesas, já com 73 anos, "quem não sabe escrever Português... aprenda!») PORTUGUÊS DE PORTUGAL! NÃO ESCREVEREI, NUNCA, NUNCA, DE OUTRA FORMA!
quarta-feira, novembro 15, 2006
327.ª etapa
ONDE QUER QUE ESTEJAS, VIDIGAS...
Sei que tenho leitores que não apreciam o género de artigos como o que se seguirá a esta introdução, mas eu insisto.
Mas explico porquê.
Vivemos num Mundo no qual há valores que são cada vez mais desprezados, e conseguimos a proeza de, numa sociedade que cada vez é menos social, concentrarmos todo o Mundo apenas na nossa vidinha, levando o individualismo ao cúmulo.
Não serei totalmente diferente dos demais, mas ainda consigo perceber que sozinho não teria chegado até aqui. E felizmente tive – e tenho, e tenho – muitos amigos, a grande maioria no mundo profissional.
Ainda um dia destes – uns artigos atrás – eu fiz uma pequena viagem pelos anos que levo de jornalismo. E escrevi que larga fatia do meu trabalho se centrou na entrevista e na reportagem. Isto significa duas coisas. A primeira, que assim pude ir somando amigos. A segunda que os fiz entre os próprios colegas de profissão. Na estrada, a maioria deles.
E assim é mais fácil estreitar laços de amizade, amizade que às vezes, e em certos casos, roça a cumplicidade, quando se encontram camaradas de trabalho com os quais a empatia é imediata. E, atenção que é importante, quando cada um de nós admira e, sobretudo, respeita o trabalho do outro, sabendo ambos que o resultado final depende da melhor prestação de cada um de nós. Já trabalhei em equipa com muitos, muitos colegas fotojornalistas mas houve um especial.
E volto ao princípio, apenas para que se perceba a ligação. Num Mundo onde há valores que são cada vez mais desprezados, e onde cada vez mais parece ser o “cada um por si”, foi bom ter conhecido, ter trabalhado e ter-me tornado amigo do Carlos Vidigal.
Diz-se que um homem só morre quando é esquecido por todos. Por isso prometo a todos os meus amigos que, enquanto eu viver, eles jamais serão esquecidos. É o preço que pago, de livre vontade e com muito agrado, por terem aceite serem meus amigos.
O Vidigas morreu faz hoje um ano.
Soube da sua morte da forma mais chocante que pode haver.
A edição do dia estava fechada, já corria a madrugada de 16. Antes de arrumar a minha secretária, antes de desligar o computador, fazia o que faço quase sempre, dava uma vista de olhos no jornal que daí a algumas horas estaria na rua, atento aos destaques da primeira página e, obrigatoriamente, vendo a última onde surgem as notícias de fim de fecho e, no fundo da página lá estava “O Carlos Vidigal deixou-nos”. Ao lado uma imagem que sempre guardarei dele. Aquele sorriso meio irónico meio impertinente.
Foi sempre um desalinhado. Fazia questão de não o esconder e às vezes forçava mesmo a demonstração daquilo que mais prezava: a sua liberdade. Pessoal e de trato.
Conheci-o muitos anos antes de eu ir para A BOLA. Recebeu-me como os veteranos recebem os caloiros, mas começou aí uma grande amizade.
Tenho tantas histórias passadas com o Carlos Vidigal…
É recordando-as que o mantenho vivo na minha memória.
É recordando-o que tento manter a promessa de que não deixarei morrer a sua memória.
Onde quer que estejas, Vidigas…
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2 comentários:
É, realmente, uma prática infelizmente em voga o esquecimento de quem partiu. É mais um sinal de quem vive ao ritmo alucinante do dia-a-dia, em tempos de coisas tão fúteis quanto efémeras.
Memória é isso mesmo: não deixar esquecer...
"molin" - não sei se posso revelar o teu nome... fica assim - eu acho que já tenho uma carreira (passe o pretenciosismo) mas não a construí sozinho. Foram algumas dezenas de camaradas - ainda há minutos, em mensagem para o Guita Júnior lhe disse que até já eu tenho saudades do tempo em que os jornalistas eram mesmo camaradas! - os que contribuiram para ela.
E quem tem como paixão a reportagem fica sempre a dever muito ao colega fotojornalista. É, ou, infelizmente para nós, foi o caso do Vidigal. Sempre tive uma relaão ptima com todos os fotojornalistas com quem tive oportunidade de trabalhar.
Na reportagem, os trabalhos dos dois complementam-se. E quando há, como escrevi, uma certa cumplicidade entre as duas partes... acontecem coisas giras.
E se eu também sou a minha carreira, como posso esquecer-me de quem contribuiu para que ela se solidificasse?
Tu, por exemplo. Tens sido um companheiro de equipa "cinco estrelas"... que eu vou quere ter a trabalhar comigo enquanto for possivel.
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