terça-feira, junho 10, 2008

II - Etapa 95

NÃO! NÃO TENTEM EXPLICAR-ME QUE,
MEIO PARVO COMO SOU,
PROVAVELMENTE NÃO IA PERCEBER

Parte desta história já a conhecem, mas eu começo desde o princípio.
No seguimento de uma - que não foi uma, foram pelo menos duas, o que não quer dizer que não tenham sido ainda mais – denúncia, a Polícia Judiciária, munida de um mandado de busca assinado por uma juíza de Lisboa, revistou e apreendeu seringas, uma máquina centrifugadora que serve para o controlo interno, da equipa, das taxas de hematócrito dos seus corredores (e todas as têm), mais os tais frasquinhos, frascos e frascões – aliás tenho a informação e não tenho porque duvidar dela, de que todas aquelas “pastilhas” mostradas em mais uma das habituais cenas montadas pela PJ, seja com armas, droga ou dinheiro falso para, com a conivência (e ignorância e falta se senso) das televisões, não passavam de Voltaren, ben-u-ron, outros analgésicos ou anti-inflamatórios que foram expostos fora das embalagens originais, impedindo a sua identificação -, apreendeu, escrevia, uma mão cheia de nada na sede, carros, camiões e residências de técnico, corredores e outros elementos da LA-MSS-Póvoa.

Eu sei que foi nada!

Aos que não podem ter tanta certeza deixo um desafio: porque é que a PJ não disse nunca o que tinha, exactamente apreendido?
Em nada – antes pelo contrário – prejudicava esta investigação em particular, ou quaisquer outras que tenha preparado.

Não disse o que apreendeu porque cairia no ridículo de admitir que em casa de Corredores com filhos pequenos encontraram caixas de aspirinas-sabor-a laranja.

Avancemos...
A ligeira brisa, que teria sido a visita da PJ às instalações daquela equipa, transformou-se em super-furacão que abalou de alto a baixo o Ciclismo português.
Até porque os três principais suportes (financeiros) da equipa, poucas horas depois de as televisões terem garantido que havia sido apreendido material passível de ser proibido, se apressaram a saltar do barco, anunciando o corte imediato do patrocínio à equipa.

O que nunca chegou a acontecer e que agora, já se sabe, não acontecerá.

Permitam-me uma maldadezinha. Com todo o respeito. Principalmente, com todo o respeito pelo adepto anónimo que, sempre que pode, acorre à berma da estrada ajudando a dar colorido à grande festa que é o Ciclismo.

Aqui vai a maldadezinha: fosse o povão capaz de interpretar aquele sair de fininho por parte dos patrocinadores e, aí sim, seria quase irreversível a perda de credibilidade da equipa. Vale-nos que o amor é cego e os amantes do Ciclismo querem é saber da festa e, embora fiquem tristes com os casos de que, de quando em vez vão aparecendo, não deixam de o amar.

Lá me alarguei eu outra vez no intróito.
Vamos ao que interessa.
Primeiro… ainda não sei quem denunciou a LA-MSS-Póvoa mas gostava de saber;
Segundo… não foram só os patrocinadores que se precipitaram, a FPC fez o mesmo e reunindo o Conselho de Estrada conseguiu parir uma deliberação – ainda que travestida de… conselho – que convidava as organizações (estão representadas no CE pela PAD/JL Sports) a não convidarem a LA-MSS enquanto o caso não se esclarecesse.


E tinham, bem à mão, um argumento de muito maior peso, indesmentível e incontornável.
A LA-MSS-Póvoa não podia mesmo correr porque ficou sem seguros já que a companhia Liberty Seguros – levada na mesma onda, que varreu tudo naquele dia – se apressou a denunciar o contrato que tinha com os poveiros.

Sem seguro, a LA-MSS-Póvoa não podia mesmo correr!
E aqui aconteceu o primeiro tiro no pé por parte da FPC que fica indelevelmente marcada por ter aconselhado ao não convite da formação de Manuel Zeferino.

Eu explico ainda melhor:
Sem seguros, a equipa não podia, pura e simplesmente correr.
E a FPC perdeu a oportunidade de ficar de fora da polémica com a estória do Conselho de Estrada e do... conselho a que não a convidassem. Desnecessário...

Só desnecessário? Eu acho que não e escrevi-o...
Está regulamentado que as organizações são obrigadas a convidar todas as equipas Continentais portuguesas. E o que vale mais? O RGTC ou... um conselho, vindo de um Conselho de Estrada, órgão apenas consultivo e sem poderes de deliberação?


Ok, vou terminar…
Hoje, que já é ontem, a FPC acusa a recepção da nova apólice de seguros enviada, como eu já tinha aqui escrito, pelo Manuel Zeferino, e como não há nada, quer em termos judiciais, quer a nível desportivo que o impeça, a equipa não pode deixar de ser convidada.

Dúvidas?

Vamos lá desfazê-las.
A FPC, que… aconselhou as organizações a não convidarem a LA-MSS-Póvoa, reconheceu hoje (que já é ontem) que não tem, em termos jurídico-desportivos, forma de penalizar a equipa pelo que esta, regularizada a questão do seguro,irá a participar na única corrida que se disputa sob a égide directa da FPC (ainda que montada pela PAD), os Campeonatos Nacionais.

Agora já não serei eu a dizer.
Só deixo perguntas no ar…

A FPC abre as portas à LA-MSS-Póvoa para que esta participe nos Campeonatos Nacionais. Com que direito é que pode manter o conselho para que as outras organizações não convidem a equipa? E estas? Que vão fazer?

Acatam a ordem – perdão, o conselho – do presidente da FPC (e se se é vice-presidente?)
Podem fazê-lo, mas o povo amante do Ciclismo não lho perdoará.

E pode a PAD escolher deixar de fora uma equipa portuguesa contra a qual nada de concreto pesa, isto quando ainda o ano passado o seu Director Técnico, o Joaquim Gomes, dizia que mantinha os convites às equipas espanholas – que correram a Volta – porque não pesava qualquer acusação legal sobre os seus corredores?

2 comentários:

carneiro disse...

"E pode a PAD escolher deixar de fora uma equipa portuguesa contra a qual nada de concreto pesa" ?

Pode e vai fazê-lo, sob pena de o Benfica-Lagos não ter hipótese de rentabilizar o volumoso investimento feito mediante a eliminação do principal concorrente na Volta.

E se o Candido - que eu tanto aprecio como pessoa e como ciclista e que não tem culpa nenhuma nisto - ganhar este ano a Volta, vai ficar manchado pela falta dos principais concorrentes.

mzmadeira disse...

O drama é que, optando pelo não convite a uma equipa sobre a qual pesam apenas suspeitas, ainda por provar, o que vai a PAD fazer em relação àquelas que têm, de facto, confirmados casos de doping positivo?

Vamos esperar pela reacção - que todos queremos imparcial e equidistante - da federação, com ou sem consulta do Conselho de Estrada.