Não resisto a colocar aqui esta mensagem que podem ler como comentário à Nota, aqui abaixo. Sem nenhum comentário, porque está lá tudo. Só acrescento: um grande abraço para o Manuel Cardoso; um grande e saudoso abraço para o Bruno (Claro que podemos abraçar sempre os amigos, estejam eles onde estiverem!)
... no domingo passado estávamos em casa quando, por volta das cinco horas tocaram à campainha. Era o Manuel Cardoso com a namorada.
... no domingo passado estávamos em casa quando, por volta das cinco horas tocaram à campainha. Era o Manuel Cardoso com a namorada.
A minha mãe, e nós, abraçámo-nos a ele, porque todos eles são um bocadinho nossos, e ele pegou na camisola que acabara de ganhar e deu-a ao meu pai, que nunca mais a largou, dizendo:
"Eu herdei-a do Bruno por isso ela é vossa. Vocês não sabem, mas 5 km antes das chegadas que já se adivinhavam ao sprint, o Bruno dava-me uma lapadinha nas costas e dizia boa sorte Manel, e eu retribui-a".
O ciclismo é isto, amizade, dedicação, amor à camisola.
Esfarrapar-se pelo colega, e quando se cai, tenta-se levantar e seguir em frente... só se for impossível é que não...
Cristina Neves
9 comentários:
Vem em seguimento das declarações que o Manuel Cardoso tinha efectuado no final da prova da Taça e só demonstra o grande homem que é.
É um "miúdo" Homem, perdoem-me.
Bem haja.
O Bruno deve estar feliz, pois ainda existem Homens no nosso pelotão.
Um abraço forte,
Luís Monteiro
excelente comentário...
nem mais!
quer saber o meu primeiro "choque" com o sofrimento de um ciclista?
Volta 2004. Etapa Viseu-Srª Graça. Camisola Amarela à partida? Cláudio Faria. Tinha-a vestido na etapa anterior após uma fuga bem sucedida com um ciclista da Kelme (não me recordo do nome).
Adiante. O Cláudio anunciou logo que na etapa seguinte iria certamente perder a Amarela. E o que se viu na etapa do dia seguinte, um Domingo por sinal (sinónimo de maiores audiências)?
pois bem, a etapa foi muito dura e o cláudio tentou por tudo defender a sua liderança até que as forças permitissem. Defendendo ataques que cedo surgiram foi um cláudio faria bastante desgastado - e já atrasado - que iniciou a subida.
O "espectáculo" que se viu de seguida foi o de um ciclista que tentou a todo o custo dignificar a camisola que ostentava. Com a liderança há muito perdida foi subindo como pôde até ao alto.
O vencedor - David Arroyo, que venceria ainda na Torre - cortara a meta há muito. A cerimónia do pódio estava já a ser preparada (quem já esteve lá em cima sabe como se processa). Nisto - e como já tinha feito a minha parte no que aos tempos dizia respeito - vim até ao camião das rádios verificar se faltava alguma coisa a quem estava a trabalhar em directo e à esturra do Sol (saudoso João Carlos Garcia, entre outros).
E agora o simbolismo maior para mim: Como o Cláudio Faria trazia o símbolo da liderança, houve uma moto que cumpriu a "obrigação" de o seguir ao longo da sua penosa escalada. As imagens do sofrimento do homem iam surgindo entrecortadas com a cerimónia do pódio onde ainda o Rei não estava morto e já nos surgia um Rei posto (é assim no Ciclismo - não há tempo a perder).
No momento em que cheguei ao camião das rádios estava o Cláudio a chegar. E o que aconteceu? Assim que cortou a meta, teve de ser agarrado para não tombar de tão fatigado que estava. Não me recordo agora se chorou ou não, mas nunca me hei-de esquecer da delicadeza com que os membros da sua equipa o ampararam, desmontaram lentamente da bicicleta e confortaram. Seguiram-se mais de 10 minutos de assistência médica no local, mesmo em frente à meta, onde se podiam ler os nomes dos heróis pintados no alcatrão. Aquilo que vi era um homem profundamente exausto, sem um pingo de força e para mais, com uma câmera apontada à cara para mostrar "lá para casa" o sofrimento do corredor.
Desde esse dia já fiz 4 Voltas e 1 Alentejana. O Cláudio participa quase sempre. Na minha mania de ao fim do dia verificar as classificações gerais completas, de cada vez que vejo o nome Cláudio Faria perdido na classificação lembro-me daquele dia. É inevitável.
Ah. Só mais uma coisa... No dia seguinte lá estava o Cláudio Faria para se apresentar à partida. Agora de volta ao anonimato e sem as luzes da ribalta a ele apontadas.
lembra-se disto Manel? Um abraço!
p.s. como é bonito e comovente o Ciclismo quando se resume aos seus heróis!!
SÓ QUEM NÃO ACOMPANHA O CICLISMO NÃO CONHECE O SOFRIMENTO QUE TODOS OS ATLETAS SEM EXCEPÇÃO, TERMINAM AS PROVAS... MAS OS TECNICOS DE BANCADA TIPO ARTUR MOREIRA LOPES, SÃO DAQUELES QUE NINGUÉM QUER TER COMO AMIGOS...DEVIAM TER VERGONHA DE BRINCAR COM O SOFRIMENTO DOS CICLISTAS...
Força Cristina, o teu irmão, o nosso Bruno, perdura na nossa saudade, na nossa amizade. Eu próprio vi as lágrimas dos "seus irmãos". Como deve ser duro acompanhar as barbáries que se vão escrevendo...
Atenção que o doutor Artur Lopes não caíu de "para-quedas" no Ciclismo.
Anda cá há muitos anos, foi dirigente (do Lousa), médico (do Sporting, de Agostinho) e mais, muito mais...
Não é um arrivista! Longe disso.
Mas também eu não gosto, principalmente deste último mandato como presidente da FPC...
Manigâncias àparte - e ele era o último a quem permitiríamos isso, depois do 'caso' PAD/JN (eu continuo - aliás, é raro mudar e opinião - a defender que Ciclismo, nomeadamente a Volta a Portugal evoluiu com a entrada da PAD), a poucos meses do seu final de mandato não devia permitir que as suas posições tivessem leituras dúbias.
E ele há-de saber que é mais fácil ficar na História por incompetência do que por mérito.
Quererá ficar-se pela primeira?
isto é para o Pedro que deixou em cima o comentário acerca do Cláudio...o Cláudio foi dos ciclistas que andou com o meu irmão em várias equipas, ASC-MADEINOX-LA MSS, depois dessa sua linda descrição do esforço dele ainda lhe posso dizer que o meu irmão morreu-lhe nos braços...CLAÚDIO NÓS ADORAMOS-TE TU SABES DISSO...
Comovente.
Existem actos só ao alcance de poucos homens
Fiquei arrepiado... O verdadeiro ciclismo é este...
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