E SE NOS PREOCUPÁSSEMOS,
ANTES DE MAIS,
EM PROCURAR A VERDADE (PARTE 6)
E agora vão perceber porque disse que não sou advogado de ninguém, nem este meu exercício é obra de qualquer espécie de “encomenda”.
No “olho do furação” – vamos lá ver se não foi apenas uma rabanada de vento, que veio e logo se foi, levantando apenas alguma poeira (*) – deste “caso LA-MSS” está a figura do Manel Zeferino, mesmo que, institucionalmente, ninguém o tenha dito, porque não podia... – ninguém não, aquele “trabalho” na Visão é “assassino”, mas pronto, não demos demasiada importância a quem a não tem –, dizia eu, e não podia, nem pode ser citado porque há valores que têm de ser respeitados.
Um deles é acatar a presunção de inocência a que todos têm direito até transitar em julgado uma decisão de um tribunal.
(*) – Cada vez sou mais tentado a pensar que estou certo quando defendo que nem há, nem vai haver, matéria incriminatória contra a LA-MSS no caso presente. Nem em termos policiais, muito menos desportivos. Ou então não haveria – e existem, que eu sei – as pressões que há junto dos donos da equipa para que, em troca do levantamento da suspensão desta, estes entreguem algumas cabeças.
Ora, é elementar, meu caro Watson, como diria o Sherlock Holmes.
Se querem cabeças oferecidas é porque não têm forma de as conseguir... caçando-as.
Percebem ou querem que faça um desenho?
Não há! O que foi encontrado, e mostrado na televisão, é zero, ou então porque julgam que não houve consequências?
E os “iluminados” do costume; os “especialistas” que nunca, no final de uma etapa, ampararam um corredor esgotado para que não caísse ao chão, ou que nunca tiveram de puxar para um canto, poupando-o à exposição pública, um treinador lavado em lágrimas por causa do desfecho de uma corrida, aqueles para quem o Ciclismo é disciplina teórica, que se aprende vagueando por sites e foruns da internet, como podem eles querer julgar seja quem fôr?
O tal toque kafkiano, de que aqui falei há uns dias, tem mesmo a ver com este Processo em que se enleou todo o tema, partindo do fim, isto é, começando por assinar sentenças antes de se perceber exactamente qual o crime, muito menos o criminoso.
A equipa do Manel Zeferino foi de imediato, não só acusada como condenada porque... ganhou duas corridas.
Ainda por cima parece que ninguém percebeu – mesmo mantendo a opinião que construíram, não é isso que agora, aqui, nesta parte do texto, está em causa –, ninguém percebeu que a vitória no GP de Paredes não pode ser comparada com a das Astúrias.
O colectivo tinha acabado de perder um companheiro, doía-lhes a alma e, fosse em que circunstâncias fosse, esfarrapar-se-iam para ganhar aquela corrida e dedicá-la à memória do irmão que partira.
Onde houve dor, raiva, lágrimas e prantos sufocados... todos “viram” ali qualquer coisa de malicioso.
Lá está, nunca se lembram que, sob o equipamento de corrida, estão homens com sentimentos.
E não foi por acaso que escrevi aqui umas linhas atrás “irmão que partira”…
Todos os que andam, ou andaram no pelotão, sabem da forma como o Manel Zeferino cimenta a unidade dentro da equipa. Fazendo dela uma família onde ele não é o “pai” que ralha, é o irmão mais velho que dá conselhos e conforta, acompanha e apoia.
Mais, onde todos vêem a equipa do Manel Zeferino como “porto de abrigo” para imperdoáveis “trapaceiros” que foram uma vez apanhados em falso, ninguém percebe – ninguém de entre os teóricos – que esses corredores, e todos eles tiveram momentos altos na história da equipa, se sentiram com a obrigação de fazer tudo o que lhes era possível porque se sentiam em dívida para com o único homem que lhes deu uma segunda oportunidade; que confiou neles; que lhes devolveu a auto-estima que o tal ostracismo a que habitualmente são votados os “faltosos” tinha praticamente destruído.
E parece que ninguém percebe que as equipas do Manel Zeferino, onde nunca existiram chefes-de-fila, assimilam na perfeição – crédito para ele, Zeferino – a sua forma de pôr a equipa a correr.
Ninguém regateia esforços, ninguém se poupa, se o objectivo é o de que um deles venha a ganhar.
E se, e era altura disso, no primeiro pico de forma da equipa, ele conseguiu fazer passar os seus oito corredores pela frente da corrida, na tal 1.ª etapa da Volta às Astúrias, com o objectivo claro, e isso nunca foi negado pela equipa, de surpreendendo os adversários e conseguir uma posição confortável para o resto da prova – nem eles teriam acreditado que só iam ficar cinco na frente e no quinteto apenas era um adversário... –, repito, num momento planeado para ser de pico de forma, a primeira explicação que encontram é a de que ali havia marosca...
Lembram-se da primeira etapa da Volta a Portugal do ano passado?
Lembram-se quando a seguir a Castro Verde, e tirando partido do vento forte, fazendo uma coisa que é raríssimo acontecer em Portugal o Benfica, superiormente comandado pelo Orlando Rodrigues, chegou a esfrangalhar o pelotão.
Por momentos, todos os que percebem um pouco de Ciclismo chegaram a pensar que, se a iniciativa fosse adiante, a Volta podia ficar sentenciada no primeiro dia.
Pelo menos reduzir a dois ou três os candidatos ao triunfo final...
Teriam pensado a mesma coisa que pensaram agora com o que aconteceu nas Astúrias?
As diferenças são mínimas!
Na Volta não foi possível concretizar a oportunidade, até porque havia gente no grupo da frente que não ajudou; nas Astúrias quem iria pensar que o grupo a frente ficaria reduzido a... 4+1, sendo o quarteto da LA-MSS?
Nem os responsáveis desta.
Na Volta, o Zeferino ia sendo surpreendido.
Logo na primeira etapa.
Parece que aprendeu a lição e nas Astúrias foi ele a surpreender os outros...
E a corrida feita pela equipa no Rota dos Móveis terá que ser observada com outros olhos, dadas as circunstâncias...
De uma coisa eu não tenho dúvidas.
Não sei se sou acompanhado, ou não, nesta minha opinião, mas o Manel Zeferino, em termos tácticos e de planeamento estratégico de uma corrida, é o melhor director-desportivo do nosso pelotão.
E isso pode facilmente ser explicado com o facto de ter muita corrida no estrangeiro na sua folha de serviço.
Agora... e tenham isto em atenção, por favor, nada do que escrevi será desmentido por eventuais desenvolvimentos em desfavor da equipa e do Manel.
Se, repito… se, isso acontecer algum dia, aqui estarei a lamentar que, com tantas soluções à mão, não tenha resistido à tentação do proibido.
Mas só quando, e se isso, vier a esclarecer-se.
Não sou júri, não sou juiz.
Não condeno ninguém.
Muito menos antecipadamente.
E sou frontalmente contra linchamentos na Praça Pública.
Aguardemos, pois!...
2 comentários:
os "irmãos" do meu irmão estão a sofrer muito pelo rotulo que lhes puseram, e por não puderem fazer a coisa que eles mais adoram, PEDALAR, o meu mano se estiver a ver isto está de certeza a sofrer tanto como eles, porque ele adorava aqueles HOMENS todos...
abraço
Só quem passou pelo ciclismo compreende as amizades que se criam, e que se transformam, como diz a Cristina, "nos irmãos do meu irmão". É mesmo isso, são irmãos de sofrimento e de dor, no desporto que abraçaram. E tornam-se mesmo irmãos. Pelo menos nas verdadeiras equipas, de verdadeiros atletas, de verdadeiros homens. Infelizmente não será assim em todas as equipas (abençoados chefes de fila, casta superior), mas no geral os ciclistas são Homens de verdade, com exemplos como os que deu o Manuel Cardoso no seu gesto com a familia do BRUNO. Pena é que não tenhamos os responsáveis da modalidade da mesma qualidade, que são verdadeiros artistas malabaristas na hora de defenderem os interesses instalados. O caso LA MSS é o melhor dos exemplos. Castiguem os culpados, se os há, promovam a verdadeira competição na estrada e deixe-se de uma vez de tentar alterar a verdade desportiva com "conselhos às organizações para que não cumpram o que está legalmente estabelecido". Haja vergonha e algum decoro também não ficava nada mal. Cumprimentos ao Madeira e à Cristina.
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