quinta-feira, março 22, 2007

452.ª etapa


CONTINUEMOS, ENTÃO,
A ASSOBIAR PARA O AR...

(Duas horas depois de ter escrito este artigo, volto aqui porque ele enferma de uma inverdade. Em vez de ranking, queiram, por favor, ler... Taça de Portugal de SUB-23. Como acho que isso não colide em nada com a minha opinião, mantenho o texto antes escrito, sem qualquer alteração.)
Há algumas semanas (já mais do que isso), deixei aqui, neste mesmo espaço, uma (longa, confesso) leitura daquele que eu, pessoalmente, acho, deveria ser o caminho mais certo para o Ciclismo português.

Recordo: reduzir ao mínimo (que significa, termos 4 ou 5 equipas profissionais) o pelotão reconhecidamente profissional; tentar oferecer aos sub-23 um calendário condigno e... entre as duas categorias, criar, em definitivo e sem peneiras - não, não é vaidades, é mesmo aquele artefactozinho que servia para separar a farinha do farelo - que, todos sabemos, por ter um fundo de rede... não tapa o Sol.

É preciso avançarmos para a institucionalização da categoria Elite. Fazer com que haja equipas Elite. Ainda que à custa, mesmo compulsiva, da "despromoção" de algumas das "profissionais" que hoje existem. Basta à Federação "carregar" nas obrigações a cumprir.

Porque, os jovens corredores, atingida a idade com a qual podem correr no escalão sub-23, precisam - mesmo - de um período de adaptação antes de entrarem no profissionalismo.

Mas há mais. Na originalidade - este termo, em português corrente deve ler-se: desenrascanso - do nosso ciclismo, confunde-se (será propositadamente?) Equipas de Clube, aquelas que deveriam preencher o escalão de Elites, com equipas de sub-23.

Os mais novos, dos que me estão a ler, não perceberão o que a seguir vou escrever. Peço desculpa por isso, mas é o melhor exemplo que posso, de momento, encontrar. Ao contrário, os dirigentes do nosso Ciclismo perceberão perfeitamente.

Há 30 anos atrás, no futebol, havia uma coisa chamada... Reservas. E havia competição para esse escalão que albergava, por um lado, os jovens que deixavam de poder jogar pelos júniores (estou a falar de futebol) mas que ainda não tinham lugar nas equipas principais. Mais... acolhiam os jogadores que, pela idade, já não rendiam aquilo que era exigível na "primeira" equipa. Era desta mescla de juventude e veterania que se sustentava a chamada "reserva". Que, por definição, era sempre aonde se ia buscar, episodicamente, algum jogador para completar o quadro da equipa principal, por castigos e/ou lesões dos seus elementos-base.

No futebol acabou-se com isso. Começou, ou retomou-se a ideia há uns anos atrás com a criação das "equipas-satélite" e, mais tarde ainda, com as Equipas B. Falhou.

Falhou no futebol porque era a mesma entidade que tinha que suportar as duas equipas.

O que eu defendo, no ciclismo, é mesmo um escalão Elite. Que pode até ser ocupado com equipas dos actuais clubes de sub-23... que nele teriam a vantagem de poderem valorizar (ainda mais) alguns jovens que depois despertariam a cobiça das equipas maiores - e aqui devia ficar previsto um qualquer artigo, à imagem do futebol, que fizesse com que o comprador indemnizasse a tal equipa pela formação do atleta - e mantendo em competição corredores com, mais ou menos, a mesma idade. Onde, naturalmente, os corredores com mais de 32/33 anos, que deixavam de "caber" nas equipas profissionais, pudessem, ainda assim, continuar a correr.

Isto parece-me, a mim, tão claro que não vejo como é que não pode estar já a ser uma realidade.

O que choca - realmente choca - é que, neste momento, porque nada do que atrás escrevi é realidade, o líder do ranking nacional, na categoria sub-23 seja um atleta que já não tem idade para ser sub-23. Aliás, na sua equipa, o CC Sintra, está federado como... Elite. Categoria que não existe.

De Elite são todos os corredores com mais de 23 anos. Poderiam ser Profissionais ou não-amadores, mas esta última hipótese está coartada nos regulamentos.

O Mário Figueiredo não tem culpa nenhuma disto. Nem a sua equipa.

Se for mesmo necessário encontrar culpados... moram na Rua de Campolide.

Porque os regulamentos exageram no que é hibrído. As equipas de sub-23 (imaginem uma equipa de fuebol de juniores) podem inscrever corredores Elite e isto de ser corredor Elite pode ir até aos 46 anos.

Imaginam uma equipa júnior de futebol a fazer alinhar jogadores com 40 anos? Claro que não!

E o que é que acontece? Os melhor sub-23 estão, neste momento, em lugares secundários no ranking porque o primeiro lugar é ocupado por um atleta que já não cabe no seu escalão.

Imaginem um miúdo, júnior (no futebol) que leva 40 golos marcados, mas que é o segundo da tabela atrás do... Rui Costa!

2 comentários:

mzmadeira disse...

Meu caro Manel,
antes de mais, um forte abraço.
Entretanto, alterei o artigo, emendando de "ranking" para o que, na realidade se trata. Da TAÇA DE PORTUGAL DE... SUB-23.
Sinceramente, acho que nada muda.

Paulo Couto disse...

Caro Madeira,
Muito me poderia alongar (no aspecto desportivo) sobre o tema até porque enquanto director/treinador de equipas amadoras(Boavista e Gondomar)sempre tive corredores de idade elite a fazer parte das mesmas. Aliás a (talvez) mais antiga equipa do pelotão amador, as do, para mim, "mestre" Marta (Fonotel) tem tido corredores de idade Elite. Quem não se lembra do Jorge Silva ter regressado a amador em determinada altura da sua carreira para depois voltar ao profissionalismo. Uma vez que algumas destas equipas têm corredores de idade Elite, sempre me bati pela sua correcta definição , e conseguiu-se que de à 2 anos a esta parte se passassem a chamar "Equipas de Clubes - Sub23 e Elites", é com esta designação que estão nos regulamentos da UVP/FPC. Acontece que para alguns responsáveis destas equipas ou por simplificação ou por interesse é preferivel chama-las só de "sub-23", diz-se que é uma equipa de formação, de gente jovem, mas para ganhar corridas que é o que mais conta para alguns... sempre dá jeito ter alguns "Elites"... Agora, que só desde que à dois anos atrás em que tínhamos um "sub-23" com 30 anos, é q se realmente se pensou em alterar a designação, ou por outra, ser mais precisos. Penso que a regulamentação destas equipas pela sua proporcionalidade entre corredores de idade sub-23 e de idade elite está correcta. Agora só falta a habituação de chamar "Equipas de Clube - Sub23 e Elites " ou então chamem-lhes simplesmente "amadores".
Obrigado, Paulo Couto