segunda-feira, abril 23, 2007

479.ª etapa


MAIS ALGUMAS NOTAS SOLTAS
SOBRE A “ALENTEJANA” – 2

E separo estas das outras notas porque aqui recupero uma velha discussão. Com um ano apenas, mas já velha. Trata-se da descarada usurpação da coisa do ser-se jornalista.

Curiosamente, ainda num dos semanários deste sábado li que a Comissão para a Carteira Profissional de Jornalista multou – forte e feio – um dos jornais nacionais chamados de referência pelo facto de, na sua redacção trabalharem, à altura do levantamento do processo, jornalistas sem o título profissional – o único que é reconhecido nas redacções – em dia.

Explicando: para ser-se jornalista é preciso ser-se possuidor de um título – a Carteira Profissional de Jornalista – e que este não esteja caducado.

Explicando ainda melhor: o título tem a validade de dois anos e, expirada esta validade, parte-se do princípio que, quem a não renovou ou já não é – porque não quer, ou deixou de ser por motivos diversos – jornalista. E sem o título actualizado não pode, por Lei, exercer a profissão.
Isto acontece – variando o mecanismo de validação – com qualquer profissão.

Pois bem, na Volta ao Alentejo – como aconteceu talvez na Volta ao Algarve, não sei –, e já deixando de fora os equiparados, os correspondentes e todas as outras variantes que, ainda assim, têm que ter um título válido, havia pais, filhos, netos, sobrinhos e aquele vizinho de quem não se sabe bem o nome de crachat da Comunicação Social ao pescoço. Curiosamente, crachats levantados antes de chegarem às mãos de quem, oficialmente, os deveria entregar. E oporia, concerteza, alguma resistência a esta... bandalheira.

E não me venham dizer que é por se tentar regulamentar estas situações que a Alentejana deixou de ser o que era.

Só mais uma achega, esta tem a ver com os convidados.
No domingo, em Évora, havia pelo menos uma dezena de crianças com menos de dez anos a cirandar num espaço que deveria ser de trabalho, para quem está a trabalhar, todas ostentando o crachatzinho… Para quê? Porquê?

Eu sei. Porque os papás, com certeza gente importante, eram convidados.
Mas convidar, e dar-lhes o crachat de convidado não implica levar para a zona útil de corrida toda a prole. Ainda não perdi a esperança de ver os lulus lá de casa também com um crachat na coleirita a correr tentando morder as rodas das bicicletas que passam.

Todos têm lugar, mas há um lugar para todos. E não são todos no mesmo lugar.
E, ou eu me engano muito ou, para o ano, se não for um tal Artur Moreira Lopes – que até já mereceu oposição concreta de alguns dos pensadores da prova – a mover as suas influências nos corredores da UCI ou a Alentejana cairá para o calendário nacional.
Se calhar é o que muitos desejam, sem terem a coragem de o dizer abertamente.

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