sexta-feira, fevereiro 01, 2008

1058.ª etapa

CORTINAS DE FUMO PARA
NOS ESCONDER A VERDADE, ISSO NÃO!


Não há fundamentalismos bons. Esta é uma verdade irrefutável.
O exemplo leiam-no na etapa anterior.

Os fundamentalistas são irracionais e, passe a publicidade, mesmo tendo aparecido antes, os paladinos na luta contra o doping no Ciclismo (e no resto das modalidades? Sim, no resto das modalidades?...) ameaçam o estatuto meteoricamente conseguido pela ASAE.

Voltemos atrás.
Com todas as certezas de que o pelotão português está “atascado” em produtos proíbidos – É grave a acusação? Põe toda a gente sob suspeita? É… mas não fui eu quem o disse – exigia-se uma intervenção musculada.
Se há – e, pelo que li, há e não são muitos nem poucos, são todos – batoteiros, quem pode manda. Ou devia exercer o poder que tem e mandar que todos, um a um, se apresentasse a controlo… ontem.


Sei lá, fazer-se um Dia-Nacional de despiste de produtos dopantes a todos os Corredores inscritos para a próxima temporada.

Apesar de se manter, em relação a mim, a inibição de colocar comentários no CycloLusitano, fazem o favor de – ao contrário do que aconteceu antes – me permitirem o acesso ao Fórum.
Posso ler, mas não posso exprimir-me…
(Não se queixem, pois, por eu transferir para aqui alguns temas que li lá…)

E não há muitos dias ainda – mesmo que à revelia – transcrevi aqui (na 1048.ª etapa) um “diálogo” entre duas pessoas que eu admiro. Um, o meu caro Paulo Sousa, vulgo, Paulão; o outro o António Dias, que já não sei se ainda é meu amigo…

Ambos profundos conhecedores do Ciclismo, com uma pequena diferença. Um deles vive-o na estrada, à chuva, ao Sol. É testemunha de alegrias incontíveis e de destroídoras tristezas… Está no terreno.
E , até pode ser que sim, mas eu duvido… o Ciclismo é uma modalidade que é para ser vivida, não é teorizável. Definitivamente, não é teorizável.

Dou um exemplo, o meu caro colega – no Jornal A BOLA – Luís Freitas Lobo é, reconhecidamente, aquilo a que se chama um crânio, na teorização do futebol…

Dêem-me um exemplo no Ciclismo.
Não há.

Ninguém, lendo diariamente uma pilha de jornais e consultando, via net, dezenas de sítios, consegue falar de ciclismo – seja de tácticas, seja lá do que for – como uma pessoa que, nem que tenha sido por uma vez, tenha estado na estrada. Tenha, antes de uma qualquer etapa, apalpado as ilusões com que todos partem e depois, no final, tenha ido compartilhar a alegria de quem a quem as coisas correram bem, ou a profunda desilusão de quem falhou.

O Ciclismo não é teorizável.
E não é, a partir do visto através da televisão numa sala de imprensa que se consegue introduzir nos textos os sentimentos que explodem, mal se corta a meta.
Por isto o Ciclismo é diferente de quase todas as outras modalidades.
Há, o que não existe em qualquer outra disciplina, um factor não negligenciável que é o do sentimento.
E esse tem que se sentir.
Não se pode fingir que se sentiu.

Nessa tal etapa – a 1048.ª – transportei para aqui o “diálogo” entre duas pessoas que respeito mas, e tendo em conta a sua experiência vivida, separo sem margens para dúvidas.

O curioso é que o mais… teórico, o mais… intelectual, se espalha ao comprido.
Traz-nos uma pseudo declaração de um Corredor que não identifica e em relação á qual todos podemos desconfiar. Houve alguém que, de facto, tenha dito aquilo? Nem digo que tenha sido propositadamente… só que se deixou levar por uma informação falha de consistência.

Diz que se disse… é a única opção não utilizável em comunicação social.

Mas esse amigo – e, por mim, não guardo rancores – insiste numa posição radical.
Ferida de morte porque, de facto, não faz a mínima ideia do que está a falar.
Teoriza e aceita como válida a teoria.

E ele defende que sim, que o Corredor é o primeiro culpado nos casos de doping.
Porque – segundo ele – não pode ser obrigado a…

Ai, pode pode!... Pois pode.

Mas ele fala a partir do fofo conforto do sofá da sua sala.
Sabe o que lê – aceita como certo o que lê – mas não tem a menor percepção da realidade.
Aliás, há um colega jornalista de um jornal dos chamados de referência – jornal não desportivo – que tem vindo a construir uma “carreira” sem que alguma vez tenha convivido de perto com o pelotão…

As pessoas – e tenho razões para pensar assim – como o António Dias, interessam-se, lêem, lêem tudo mas como lhes falta a tal aproximação à realidade, conseguem ser cegos que nem uma mula de palas nos olhos. Só vêem para a frente.

Não é tão linear assim o problema do doping. E não nasce no Corredor. Já não nasce no Corredor, o que há três décadas atrás até podia ser verdade.
E seria interessantíssimo que – não lhes negando a opção de serem… fundamentalistas – pudessem apresentar casos concretos.
O que, na realidade, não podem.

A guerra que – e este texto, que já vai longo é um exemplo disso – há muito declarei aos que têm o coração ao pé da boca, ou, dizendo de outra maneira… tendem a condenar os Corredores mesmo que não saibam as regras do jogo, não terá fim enquanto desse lado insistirem em ver o universo como um ponto apenas.
Não é…

E deixo aqui um repto.

Há dois ou três dias deixei aqui, mais ou menos explicito, que o Acordo Concertado – ou lá como se chama – apresenta brechas significativamente importantes que podem revolucionar o princípio agora aprovado.
Revolucionar e… inverter.

Sabem qual é?
Claro que eu sei.
Mas como não sei se, mesmo os que escreveram a Lei se aperceberam disso, não avanço mais nada.
Mas foi deixada uma “janela” através da qual se pode mandar para o brejo todo este trabalho…

Eu, se fosse Director-desportivo, já me teria posto em campo…
E se calhar já há alguns que o fizeram.
Sem querer ser mauzinho… era quase capaz de adivinhar quais.
Fica a promessa que, daqui a uns meses, se se concretizar o que estou a pensar, eu venho aqui revelar tudo.

2 comentários:

Paulo Sousa disse...

Será que te estás a referir a isto?

"- Caso o corredor não seja localizado numa primeira tentativa, será contactado o Director Desportivo responsável, considerando-se assim o corredor notificado e terá o prazo de 24 horas para a realização do respectivo controlo."

Olha que pode ter duas interpretações bem distintas...

mzmadeira disse...

Não Paulo, não é isso...
E tenho tanto a certeza que os autores deste... chamamos-lhe o quê? Acordo Comum? ok, acordo comum, nem sequer lhes passou pela cabeça.

O que só prova que querem remendar buracos, e não solucionar o verdadeiro problema...

I'll be back!...