PLAZA SUCEDE A PLAZA
E BENFICA OUTRA VEZ DE AMARELO
O último corredor do SL Benfica a ter envergado uma camisola amarela foi David Plaza, em 1999, após o crono de Cantanhede, na Volta que haveria de ganhar. Passaram nove anos até as águias luzirem de novo o jersey amarelo. Aconteceu hoje, em Ibi (Alicante), no final da 3.ª etapa da Volta à Comunidade Valenciana com… Rubén Plaza (foto 2).
O ano passado, que marcou o regresso do Benfica ao pelotão, os encarnados não conseguiram melhor que oito triunfos em etapas, sete com Javier Benitez e o oitavo com José Azevedo, mas nem ganharam nada à geral, nem chegaram – creio eu, que escrevo de memória – alguma vez a vestir a camisola amarela.
Hoje a águia amareleceu, o que em ciclismo é o melhor dos sinais.
Rubén Plaza conseguiu aquilo que muitos corredores sonham, mas só alguns conseguem. Não ganhou a etapa, que terminava na sua terra natal mas, sendo segundo – ganhou a etapa Manuel Vasquéz (Múrcia), o tal desconhecido que venceu, o ano passado, a Volta ao Alentejo – e tendo os dois primeiros (foto 3) chegado isolados, Plaza, que amanhã completa 28 anos, arrebatou a camisola amarela a Ivan Gutierrez que foi um dos protagonistas do caso do dia.
Antes disso... acto curioso, a etapa de ontem terminou na terra natal de Javier Benitez (foto 1), que também sonhava ganhar em casa, mas isso não aconteceu...
Mas que caso é que marcou a etapa?
Algo de incrível, que todos relevarão facilmente, mas se tivesse acontecido em Portugal… Ai, ai!...
Rapidamente: já na fase final da etapa, depois de uma rotunda havia dois caminhos; o mais à direita desembocava naquilo que em Espanha se chama “via de servicio”, uma estrada secundária, paralela à via-rápida (Autovia) e que serve para acesso ou a parques industriais ou mesmo a estações de abastecimento de combustíveis; um pouco, poucochinho mesmo, à sua esquerda, o lanço de acesso à dita Autovia, as SCUT lá do sítio, com perfil de auto-estrada, mas sem portagens (foto 6).
Os dois corredores escapados, Manuel Vasquéz e Rubén Plaza, mais os veículos que os precediam e os que iam atrás de ambos, apanharam a “via de servicio” – o caminho correcto – mas, por falta de sinalização ou porque alguém, à sua frente se enganou (e os corredores não estão a olhar para as setas… vão atrás de quem vai à frente deles), o grupo que os seguia entrou para… a Autovia.
Há horas felizes. E há horas felizes porque ditou o destino que naquele preciso momento não houvesse carros a passar (a 120 km/hora, está claro). Vinham lá alguns (foto5), um pouco atrás e terão parado, estupefactos, ante a desabrida entrada do pequeno pelotão numa via onde é proibido andar-se de bicicleta!
E depois assistimos ao caricato de ver duas corridas em estradas paralelas e na estrada errada estava o lidar da prova. O engraçado é que ninguém calculava sequer onde é que seria a primeira saída da Autovia!
Por acaso havia e apareceu ainda em espaço útil, a cerca de 500 metros da meta. Aí o grupeto recuperou o percurso certo (foto 9) mas já não foi a tempo de anular a fuga dos dois homens que seguiam na frente.
Ainda houve confusão, esboços de protestos, ameaças de recursos, principalmente porque ficou a dúvida em relação ao tempo que haveria de ser creditado ao grupo que ainda fez uma mão cheia de quilómetros na Autovia. Verdade que não terão corrido nem mais nem menos que os restantes. As duas estradas correram sempre paralelas… mas eles, afinal de contas, não cumpriram o percurso oficial. Certo que não podiam ter invertido a marcha, coisa completamente proibida numa estrada com perfil de auto-estrada, senão… senão não sei.
Que decisão poderia ter tomado o Colégio de Comissários?
É esta a história.
Que não ensombra, de forma alguma o feito do Benfica que conquistou a camisola amarela numa das mais importantes corridas espanholas e tem muitas possibilidades de a levar até ao fim.
Vamos torcer para que sim.
Ah!... E parabéns ao Plaza, ao Orlando e a todos os elementos da equipa.
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