segunda-feira, maio 08, 2006

81.ª etapa



GLOBALMENTE... POSITIVO

Rotulo de globalmente positiva a participação das 4 equipas portuguesas na recente Volta à Extremadura espanhola. De facto, a vitória de Andrei Zintchenko no crono, curto, pouco consignante com as suas características, a regularidade de Pedro Soeiro, nas chegadas, o que lhe valeu andar de amarelo durante dois dias e, principalmente, a inesperada mas que daqui saúdo calorosamente, acutilância da formação de Loulé que, mesmo não conseguindo mais do que dar nas vistas, fez muito mais do que normalmente tem feito nas corridas domésticas, são sinais inequívocos de que a corrida - e o pelotão - foram encarados de forma muito mais aberta do que costuma acontecer por cá.

Ora, analisando o que aconteceu de 3 a 7 deste mês, em Espanha, sou levado a deduzir que, quando correm em Portugal as equipas nacionais (tomando o exemplo destas 4) mais do que respeitarem ou temerem as convidadas estrangeiras apresentam-se é constrangidas face ao escalonamento virtual das próprias equipas portuguesas que até poderá começar por ser responsabilidade da Comunicação Social (que afirma ser a A a mais forte, a B aquela que mais se lhe aproxima e a C e a D as que lhes poderão dar luta) mas que não é mais do que isso... um escalonamento virtual que, e assumindo ser verdade o que atrás deixei escrito, não passará de um exercício académico pelo que creio ser pertinente a pergunta: porque é que equipas como a Imoholding-Loulé, por exemplo, "aceita" ser "apenas" da segunda metade do pelotão e não faz, por cá, o que fez agora, quando chegou a vencer duas etapas colectivamente?

Porque é mais fácil seguir no pelotão, deixando à LA-Liberty ou à Maia, o ónus de conduzir a corrida? Não será isso negar-se a si própria a pitada de ambição que é fundamental para se chegar a alguns resultados, acção à qual se não coibiu nesta Volta à Extremadura?

E a Paredes-Beira Tâmega e a DUJA-Tavira, embora menos vistas, também me deixaram a sensação de se terem mostrado bem mais "soltas" em Espanha, neste pelotão, do que quando correm por cá. Por isso defendo a importância destas experiências além-fronteiras. Tenho a certeza que este lote de corredores que participou nesta corrida espanhola veio com uma auto-confiança reforçada, e só por isso já valeu a pena terem aceite o convite.

Em relação à Riberalves-Alcobaça não concordo com a opinião de quem diz ter perdido a corrida, ou ter, só por erro de estratégia, perdido a classificação de melhor trepador. Certo que Andrei Zintchenko e Joaquim Andrade são corredores com experiência internacional, mas a equipa no todo, mesmo depois de ter corrido na América do Sul, está a dar os primeiros passos na internacionalização, e não esqueçamos que, por exemplo - porque é o melhor exemplo que temos - a Maia falhou retundamente nas suas primeiras experiências além fronteiras. É indo lá, e aprendendo com os eventuais erros cometidos que, equipa e director-desportivo aprendem. Vítor Gamito é um estudioso do ciclismo, falta-lhe - e não será ele a negá-lo - contudo, ainda algum "calo" na estrada. Mas tenho a certeza de que, também ele, voltou bastante mais rico em experiência. Deixo-lhe (permite-mo Vítor, com um forte abraço) um desafio: afronta, no melhor dos sentidos, claro, as principais rivais, em corridas domésticas, como o fizeste agora em Espanha. Foi pena o Hugo Vítor não ter ganho a montanha (ele bem que já merecia um triunfo que lhe marcasse a carreira), mas todos compreendemos - eu compreendo - que, correndo em "casa", as equipas espanholas não facilitariam.

Como eu gostava que as portuguesas fizessem o mesmo, tivessem a mesma postura, nas nossas corridas!

Duas notas:

1.ª nota - Apesar do grande - enorme - prestação do jovem espanhol Alejandro Marque, não nos iludamos. É um jovem espanhol, que teve oportunidade de correr em Espanha e não a perdeu para se mostrar ante os seus compatriotas. Foi por demais evidente a sua motivação.

2.ª nota - Não o fiz na altura, faço-o agora. Parabéns à Carvalhelhos-Boavista pelo triunfo no Memorial Dr. Barreiro de Magalhães, ainda por cima com uma dobradinha, ainda por cima... com dois jovens corredores.

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