QUE O SPORTING E O FC PORTO SE LHES JUNTEM DEPRESSA
O Benfica vai anunciar hoje a reactivação da sua Secção de Ciclismo de Estrada. A notícia vinha ontem nos jornais “Record”, em metade de uma coluna, mas com chamada na 1.ª página, e “A BOLA”, em ¾ de página, adiantando ambos os jornais que a nova equipa de Ciclismo do Benfica será autónoma e sustentada por um (talvez mais que um) sponsor, não sendo difícil de adivinhar que, pelo facto de na Conferência de Imprensa de logo à tarde e anunciada pelo próprio clube, ir ter a presença de João Lagos este possa estar ligado, de alguma forma, ao ressurgir da modalidade no clube “encarnado”.
Sou, desde sempre, apologista de que a presença de equipas do Benfica, do Sporting e do FC Porto no pelotão é a forma mais fácil e segura de revitalizar o ciclismo em Portugal. Hoje é o Benfica que volta... fico à espera de notícia semelhante em relação aos outros dois grandes emblemas. Certo é que vai haver mais gente na estrada. Vai haver mais gente a seguir as transmissões televisivas. Vai, em relação a todos os patrocinadores, estar muito mais gente, clientes/consumidores alvo, atenta ao fenómeno ciclismo. Vai haver maior garantia de retorno, isto já para não falar que, com Benfica e, espero que muito em breve, Sporting e FC Porto no pelotão, os próprios Órgãos de Comunicação Social vão passar a olhar para o ciclismo com outros olhos.
Em relação ao Benfica, já o havia comentado, estranho era que a Direcção do Clube, apostada em aumentar o número de sócios, ignorasse a potencialidade do ciclismo como meio de, por essas terras de Portugal, principalmente as que ficam longe dos dois grandes centros urbanos, venderem os famosos “kits”. Na altura até referi algo que é, ainda hoje, constatável. Embora o camião-loja só tenha andado dois anos na estrada (em 2001 ainda apareceu em algumas corridas, mesmo sem equipa a correr) há mais equipamentos de ciclismo do Benfica envergados por cicloturistas e utilizadores de bicicletas do que, por exemplo, da Maia, pese embora aqueles três anos de prestações inolvidáveis que recuperaram para o ciclismo alguns milhares de adeptos.
Ora, com uma equipa no pelotão, com os seus apaniguados a juntarem-se nas partidas e chagadas... quantos dos tais “kits” se podem vender num ano? Acham impossível chegar-se, pelo menos, às dezenas de milhar? Eu não.
Mas voltei a ler comentários mais ou menos jocosos em relação à notícia.
É verdade que, depois de 2000 assistimos aos “flops” NettiSport, de Guerra Madaleno, e do projecto, que nunca o chegou a ser verdadeiramente, de Natalino Lopes. O primeiro caso segui-o de ponta a ponta e rapidamente deu para perceber que dali, dificilmente sairia algo. Basta consultarem a colecção de A BOLA. Estive na Av. dos Combatentes, num luxuoso edifício de serviços onde Guerra Madaleno me deu uma entrevista. Sempre que o assunto “caia” para o dinheiro, ele replicava que estava tudo arranjado, “bastava” vender um monte de papéis (acções, obrigações, títulos de não sei quê...) que tinha numa qualquer “off-shore”. Mas... e dinheiro? Tudo se vai arranjar, era sempre a resposta. Claro que não havia dinheiro. Ainda se fizeram umas fotos, com o Joaquim Gomes e uma bicicleta emprestada...
No caso de Natalino Lopes, sem por em causa a sinceridade das suas intenções, as bicicletas apareceram antes dos corredores. E até apareceu um director-desportivo. Bicicletas de alta gama, o que não era de estranhar dado que ele era (é ainda?) representante para Portugal das melhores marcas. E expo-las, numa conferência de imprensa, em Montes Claros (Monsanto). Ganhou espaço nos jornais, principalmente n’A BOLA, sempre com bicicletas por perto. Anunciou a realização de uma corrida a integrar no calendário nacional. Nunca chegou a haver corrida alguma e, de repente, o ciclismo do Benfica virou-se para o BTT. Quantos benfiquistas terão comprado bicicletas para si, ou para os filhos, levados na onda de poderem ter máquinas iguais às dos futuros atletas da “sua” equipa?
Percebo o “torcer” do nariz por parte de muita gente. Não há duas sem três, poderão pensar. Mas ficam três factos, que pauto de muito importantes e que mereceriam um mínimo de respeito por parte de todos.
1.º, parece que o sentimento dominante é o da negação de credibilidade em relação a dois jornais que são dos que mais vendem em Portugal e em relação aos jornalistas que puseram os seus nomes nas notícias. Será por serem profissionais?
2.º, desta vez não foram elementos externos ao clube que anunciaram o regresso, foi a própria Direcção do Benfica. Luís Filipe Vieira nunca antes – exceptuando as promessas eleitorais - manifestou publicamente qualquer intenção de reactivar a secção, mas prometeu que o Ciclismo voltaria. Ei-lo.
3.º, negar credibilidade a uma acção à qual está ligado o nome de João Lagos parece-me extremamente insensato. E injusto. Não há indício sequer que o empresário tenha alguma vez envolvido o seu nome sem que tenha sido para levar a cabo algo... em grande. Pôs Portugal no mapa do ténis mundial; salvou a Volta a Portugal; salvou o Estoril-Praia e voltou a pôr Portugal no mapa quando trouxe para cá o mítico Dakar. Só pensar que vai dar a cara por um projecto falacioso é ofensivo.
1 comentário:
Não sei bem se percebi a mensagem que quis fazer passar neste seu post... no essencial, concordo, mas quer explicar-se um pouco melhor?
Obrigado por ter colaborado, e espero que volte...
Cumprimentos
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