381.ª etapa

NOTA (RE)INTRODUTÓRIA

Lamento que, por motivos diversos, a última semana e meia de 2006 tenha acabado por ser demasiado complicada para mim, com o correr da vida tratando de arranjar-me outras preocupações que não a conclusão do trabalho que eu queria, queria mesmo, ter tido oportunidade de concluir antes do fim do ano.
As três fases preparatórias daquilo a que chamo Alegações Finais (influência clara dos filme estadunidenses sobre julgamentos…) já ficaram escritas há algum tempo e sei que, principalmente para quem não leu na altura, fica pouco cómodo correr o Blog para trás à procura.
Vou, em meia dúzia de linhas, tentar aqui recuperar o essencial.

A tese que defendo é a da reestruturação da cúpula, de forma a OFERECER METAS BEM DEFINIDAS aos jovens que escolhem ser Corredores Profissionais.
Escrevi que reconheço haver ainda muito trabalho a fazer na base da pirâmide, mas sustento que dificilmente se poderá cativar jovens para a modalidade sem que estes, olhando para a realidade, não sintam que à sua frente há uma estrutura definida, e que eles precisam ultrapassar, até que o seu grande sonho seja concretizado.

O Ciclismo que temos, actualmente, não dá a mínima garantia de futuro e, sem isso salvaguardado, acho muito difícil convencer um jovem – naquele momento crucial, na encruzilhada entre o optar por outros caminhos ou o manter a fé de que é possível vir a ser profissional – a manter-se no Ciclismo. De momento estou a falar dos que já escolheram a modalidade e que, até aos sub-23, têm, mais ou menos, o caminho aberto.
É a partir daí que devemos preocupar-nos agora.

Ah!... e vinquei a necessidade de encontrar exemplos reais que possam, como ídolos, manter esses jovens agarrados ao Ciclismo.
É importantíssimo que o Zé Azevedo e o Cândido – e mais dois ou três – passem, na estrada, a imagem de campeões, que o são. Que o Sérgio consiga consolidar o seu palmarés, juntando-lhe mais resultados que nos orgulhem a todos… E que, neste caso, que é o único concreto, o Benfica consiga prestações convincentes nas corridas que vai disputar além fronteiras.

É importante, porque só assim a Comunicação Social vai falar de Ciclismo. E é fundamental que isto aconteça. É fundamental que apareçam notícias e fotos dos nossos melhores corredores nos jornais. Os que já não têm nada a provar a ninguém, mas também outros, que venham a destacar-se. Que as rádios falem nos seus nomes e que a TV mostre imagens suas. A ganharem. A subirem aos pódios.

É esse o sonho dos mais jovens. Virem a ser alguém na modalidade. Alguém que suscite sobre si o interesse dos media. Para além do, neste caso, não criticável desejo de ganharem protagonismo. Só isso os fará levantar todos os dias às 6 e meia da manhã, para irem treinar, quer faça sol, quer chova. Em estradas perigosas, muitas vezes sem companhia com quem sair, numa espécie de corrida contra ninguém. O que, reconheço, pode ser extremamente desmotivador.
É preciso oferecer-lhes um caminho. Acender-lhes uma luz que ilumine os seus sonhos e faça com que pensem… É um grande sacrifício, mas um dia vai valer a pena e eu estarei onde eles estão agora.
Eles, os seus ídolos.

Portanto, o futuro do nosso Ciclismo, tendo sempre que assentar nos jovens, passa também por estes dois pontos. Oferecer-lhes exemplos reais de quem conseguiu chegar longe, nas respectivas carreiras e… abrir-lhes (aos jovens) mais as portas que lhe garantam isso mesmo, que terão tempo e espaço para construírem uma carreira.