[Acordo Ortográfico] # SOU FRONTALMENTE CONTRA! (como dizia uma das mais emblemáticas actrizes portuguesas, já com 73 anos, "quem não sabe escrever Português... aprenda!») PORTUGUÊS DE PORTUGAL! NÃO ESCREVEREI, NUNCA, NUNCA, DE OUTRA FORMA!
quinta-feira, janeiro 18, 2007
406.ª etapa
NA "GUERRA" ENTRE O MAR E A ROCHA
QUEM SE LIXA É O MEXILHÃO
Seis meses depois de a grande bomba - que foi o caso do positivo de Floyd Landis -, seis meses durante os quais, recnhecidamente, o Tour'06 não teve (não tem) um vencedor oficial, surge agora a segunda bomba. Oscar Pereiro terá, também ele, acusado poditivo. Não uma, mas duas vezes.
Fico confuso, confesso. Confuso e descrente. Não nos Corredores que, em relação a isso, não mudo de opinião: até provado o contrário, para mim são INOCENTES.
Confuso com o timming com que estas notícias vêm a público. Descrente em relação às autoridades sobre as quais recai a responsabilidade de, em tempo útil - seria bom que assim fosse -, descobrissem quem usou produtos ou usou práticas proíbidas com o fim de melhorar o seu rendimento. É a definição de doping.
Defendendo eu a presunção de inocência até que seja possível provar, sem margem de erro, que, seja quem fôr, é culpado, é evidente que tenho que admitir o período necessário a que as contra-análises sejam produzidas. Nunca será nada de imediato.
Mas, esperar seis meses - tempo durante o qual não foi possível resolver, em termos jurídicos, o affaire-Landis -, aparecerem agora estas notícias, é aquilo a que podemos chamar de passo de gigante para a desacreditação total do ciclismo.
E acho muito estranho que tenha sido um jornal francês a trazer estas notícias a lume. Não que seja pelo corporativismo. Um OCS francês não deveria pôr em causa a principal corrida do seu país que, por acaso, é tembém a maior do Mundo. Isso não.
Mas não deixo de ficar de pé atrás.
É estranho, muito estranho que, seis meses depois de ter sido anunciado que o vencedor, à chegada aos Champs Elisées, tinha sido apanhado num controlo anti-doping, não tenha ainda sido outorgada a vitória ao segundo classificado.
Isto é explicado com o facto de, seja lá por que meios fôr, o estadunidense conseguiu manter o processo em aberto. E - digo eu - arrisca-se mesmo a ganhar o braço-de-ferro. O facto de ter aguentado todo este tempo sem que a Organização tenha conseguido afastá-lo de vez, só fragiliza esta. Fragiliza e deixa, a cada dia que passa, com menos espaço de manobra. É perceptível a forma de defesa adoptada pelos advogados de Landis. O desgaste, lento mas terrivelmente corrosivo, em relação aos franceses.
E abre um precedente. Perigoso precedente.
Ora, tudo o que para trás já foi dito era mais do que suficiente para manchar, não só o Tour mas também as autoridades com a responsabilidade de zelarem pela verdade desportiva. Não era preciso esta notícia chegada hoje a público.
Então, seis meses - repito: SEIS MESES - depois do final da prova, e quando o segundo classificado, por mais de uma vez, já veio a público lamentar que estava, e cito: «Farto de ser o vencedor virtual...», seis meses depois... aparece a notícia de que Oscar Pereito TAMBÉM terá acusado positivo?
Bem... a partir de agora teremos que esperar, a todo o momento, que Andreas Klöden e a T-Mobile entrem em campo, reivindicando para si o triunfo no Tour...
Mas há ainda mais sombras neste processo todo.
Oscar Pereiro terá acusado positivo com um produto para o uso do qual tinha uma autorização especial. Mas isso não aconteceu só com Pereiro. Quando, ao escrever a Lei, se deixou aberta a porta dos casos de excepção, dever-se-ia ter logo previsto que por esta porta entraria muita gente. Uns com reais necessidades, outros nem por isso. Mas todos ao abrigo do mesmo chapéu-de-chuva.
E quem é que agora vai sacudir a água do capote?
Mas esta notícia - e lamento imenso ter de escrever isto, ainda mais quando na sua origem está um dos mais prestigiados jornais da Velha Europa - cheira-me a encomenda.
E lá vou eu parecer, outra vez, ser pró-corporativismo. O que não é verdade. Mantenho-me ao lado dos meus colegas jornalistas franceses que terão dado nota máxima à fonte da notícia - e só isso explicaria a sua publicação - mas, talvez porque vejo a coisa à distância e sem estar minimamente comprometido, cheira-me a esturro.
Primeiro: não é fácil a um jornalista ter acesso a processos deste tipo, a não ser que alguém os deixe escorregar por baixo da mesa; segundo... o segundo é o timming.
Quando o assunto Landis parece estar em banho-maria; quando mesmo Oscar Pereiro parece ter deixado de se lamentar... quem teria interesse em que o caso-do-primeiro-Tour-com-um-vencedor-dopado regressasse às páginas dos jornais?
Qualquer nova investida contra o estadunidense - e isto parece-me que é liquido - irá caír na pasta dos seus advogados de defesa. Não sei quem são, mas sou fã dos filmes estadunidenses sobre julgamentos e já tenho uma pequena ideia de que ali... vale tudo (dentro da Lei, claro, mas no sentido de apertar quem mostra qualquer coisa para ser apertada).
Não. Quem quisesse atacar a Organização do Tour não podia voltar a meter-se com Floyd Landis. Definitivamente, não!
O caso-Pereiro encerra em si, e no que, para já é do conhecimento público, algo de assombroso.
Então... a UCI, na elaboração dos regulamentos anti-dopagem aceita que existam casos de excepção; vários corredores - que não acredito que tenha sido apenas o Pereiro - fazem uso dessa prerrogativa, perfeitamente legal, à luz dos regulamentos (o que não quer dizer que concordemos com ela), isso é do conhecimento, quer da Organização, quer da UCI - e não vejo onde entra aqui a agência francesa da luta contra o doping - e só agora é que uma clara fuga de informação, com o seu que de tétrico porque parece ter acontecido, exactamente, na agência francesa de luta contra o doping, é que - repito: por não poder meter-se mais com Landis - acende a fogueira por baixo dos pés de Oscar Pereiro?
Mas quem é que tem interesse em meter-se, outra vez, com a Organização do Tour?
Quem é que anda em guerra com as organizações das Três Grandes?
Ah, pois é!
Se calhar chegou o momento certo para Victor Cordero, seria melhor, agora, que fosse Fulgêncio Sanchez, devolver à entidade com sede na Suíça o rótulo de mafiosos com o qual o senhor Patrick "puppet" McQuaid rotulou os países da Europa so Sul.
O grave, e que os simples adeptos entendam isso mesmo, é que quem está a arder na nesta fogueira da nova Inquisição, são os corredores.
PS: Quero deixar claro que a mim também me choca saber que - tal como aconteceu nos Jogos Olímpicos de Sydney (e não constava nenhum corredor numa lista que vi) - quase 60% dos atletas de Alta Competição sejam... asmáticos.
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2 comentários:
João, Sydney foi prái... há oito anos... terei isso arquivado... mas não está aqui à mão. Pode ser que uma busca na Internet o ajude.
Caro MJAmaro... nunca foi meu objectivo fazer qualquer espécie de "branqueamento" em relação aos casos de doping no ciclismo. Tenho batalhado um bocado contra o diferente tratamento que um caso de doping tem, caso aconteça no Ciclismo ou noutra modalidade... por isso, há situações que me deixam abatido. E não defendo quem não merece ser defendido.
Por isso disse: que este foi mais um passo de gigante para a desacreditação total do ciclismo.
Quando se trata de "suícidio" torna-se muito mais difícil acudir à... "vitima".
E a gente cansa-se...
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