"ALENTEJANA" - MANTEVE-SE A TRADIÇÃO
MAS, COM UM VENCEDOR ASSIM?...
Com oito dias de atraso – mas só esta tarde é que vi o resumo da prova, na RTP2 – recupero aqui a 25.ª edição da Volta ao Alentejo. A Alentejana.
Primeira nota (quase obrigatória): cumpriu-se a tradição e, em 25 anos de corrida há outros tantos vencedores. A corrida já foi só nacional, já teve dez etapas, passou a internacional, teve no seu pelotão algumas das maiores estrelas do Ciclismo Mundial, passou a ter apenas cinco dias e… nem mesmo assim alguém conseguiu bisar.
Primeira nota (quase obrigatória): cumpriu-se a tradição e, em 25 anos de corrida há outros tantos vencedores. A corrida já foi só nacional, já teve dez etapas, passou a internacional, teve no seu pelotão algumas das maiores estrelas do Ciclismo Mundial, passou a ter apenas cinco dias e… nem mesmo assim alguém conseguiu bisar.
É bom. Que mais não seja por isso, tem já garantido o devido destaque para as vésperas da edição 26, seja quem fôr que a venha a correr. Tendo em conta que os anos passam e alguns corredores vão terminando as suas carreiras, o número de candidatos a quebrarem esta tradição nunca passará, ano a ano, de três ou quatro. O que torna ainda mais difícil conseguir-se quebrar a tradição.
Em Portugal também – e desde os tempos de Joaquim Agostinho – não temos, nem isso se perspectiva, um corredor capaz de dominar o panorama do Ciclismo nacional com alguma regularidade e destaque. Repare-se que o último bis na Volta a Portugal data de 1995, quando Orlando Rodrigues repetiu o triunfo conseguido no ano anterior.
A segunda nota é que, se em outros anos, quando venceram corredores estrangeiros (de equipas estrangeiras) eles eram, tal como as suas equipas, francamente superiores aos corredores e equipas nacionais, este ano ganhou a corrida um desconhecido, que ainda não tinha ganho nenhuma prova por etapas, de uma equipa que é obrigatório alinhar pelo nível médio do pelotão nacional. O que é, de alguma forma, penalizador para as formações lusas.
A segunda nota é que, se em outros anos, quando venceram corredores estrangeiros (de equipas estrangeiras) eles eram, tal como as suas equipas, francamente superiores aos corredores e equipas nacionais, este ano ganhou a corrida um desconhecido, que ainda não tinha ganho nenhuma prova por etapas, de uma equipa que é obrigatório alinhar pelo nível médio do pelotão nacional. O que é, de alguma forma, penalizador para as formações lusas.
Perdermos a corrida para um Laszlo Bodrogi (Mapei), Chechu Rubiera (Kelme), Melchor Mauri (ONCE), Aitor Garmendia (Banesto) ou Miguel Indurain, não beliscou em nada o pelotão português. Perder para Manuel Vazquez, de uma Andalucia-Caja Sur que, embora seja equipa do quadro Profissional, já me parece que não abona muito em relação às principais turmas nacionais.
Já tinha, é evidente, lido e ouvido tudo sobre a corrida. Faltava-me ver o resumo (muito resumidinho, valha-o deus!) e saber da opinião de Marco Chagas, o nosso melhor comentador de ciclismo por isso, sempre uma referência a ter em conta.
E, com o resumo, tirei algumas dúvidas.
Já tinha, é evidente, lido e ouvido tudo sobre a corrida. Faltava-me ver o resumo (muito resumidinho, valha-o deus!) e saber da opinião de Marco Chagas, o nosso melhor comentador de ciclismo por isso, sempre uma referência a ter em conta.
E, com o resumo, tirei algumas dúvidas.
Por exemplo, no primeiro dia, quando o pelotão permitiu que uma fuga chegasse a bom termo, em Odemira, ficou demonstrado que o Benfica pouco fez quando se tornou evidente que era preciso unirem-se esforços para anular a escapada. E o Benfica, que depois acabou por provar isso mesmo, até tem nos seus quadros o melhor sprinter do nosso pelotão - Javier Benitez minimizou os estragos ao vencer três etapas - poderia ter ganho quatro e, sem aqueles minuto e picos perdidos pelo grande pelotão em Odemira, talvez a história da corrida tivesse tido outro epílogo. Viria a confirmar-se em Évora que a corrida tinha sido decidida logo na primeira etapa.
E foram mesmo esses minutos ganhos em Odemira que proporcionaram a André Vital (Madeinox-Bric-Loulé) vestir a camisola amarela, em Beja. Um momento único para o jovem corredor de Vila Franca (Viana do Castelo) e mais um coelho saído da cartola de Mestre Emídio Pinto, que conduziu a equipa de que mais se falou pois, para além do dia de amarelo, ainda teve a camisola azul, com o mesmo André Vital, e liderou do princípio ao fim as Metas Volantes com outro renascido, Nuno Marta.
Com André Vital a salvar a honra do convento luso, no que respeita à geral, Bruno Pires (LA-MSS-Maia) limpou a nossa imagem, tendo sido o único português a vencer uma etapa. Logo a etapa raínha e logo ele que, sendo do Redondo, foi o primeiro alentejano a ganhar uma etapa na corrida alentejana. Para ficar na história.
E foram mesmo esses minutos ganhos em Odemira que proporcionaram a André Vital (Madeinox-Bric-Loulé) vestir a camisola amarela, em Beja. Um momento único para o jovem corredor de Vila Franca (Viana do Castelo) e mais um coelho saído da cartola de Mestre Emídio Pinto, que conduziu a equipa de que mais se falou pois, para além do dia de amarelo, ainda teve a camisola azul, com o mesmo André Vital, e liderou do princípio ao fim as Metas Volantes com outro renascido, Nuno Marta.
Com André Vital a salvar a honra do convento luso, no que respeita à geral, Bruno Pires (LA-MSS-Maia) limpou a nossa imagem, tendo sido o único português a vencer uma etapa. Logo a etapa raínha e logo ele que, sendo do Redondo, foi o primeiro alentejano a ganhar uma etapa na corrida alentejana. Para ficar na história.
Mais dois destaques: Tiago Machado (Riberalves-Boavista) que ameaça, à imagem do que já aconteceu o ano passado, limpar todos os prémios da Juventude, e para a Liberty Seguros que, também à imagem do ano passado, tarda a chegar aos triunfos mas lá venceu colectivamente. Já agora, também para Javier Benitez (Benfica) que foi quatro vezes ao pódio para vestir a camisola… verde. Camisola com a qual correu desde Grândola.
Como é apenas uma piada e não ofende ninguém, deixo uma sugestão aos responsáveis do Benfica: tentem fazer lobby para que as camisolas referentes à regularidade passem a ser… vermelhas!
1 comentário:
Caro Madeira, parabéns.
Quem sabe nunca esquece e isso é verdade. Mesmo na sua ausência, física, na corrida, afinal acabo de ver a leitura mais objectiva e clara do que aconteceu no Alentejo. Por favor, volte depressa ao seu/nosso jornal A Bola que muita falta está a fazer. Você sabe o que diz, sabe do que fala e acredito que ninguém se sentirá lesado com a sua opinião. Quando se apoia em coisas palpáveis, que todos podiam - e deviam - usar quando, às vezes fazem críticas só para criticar naquilo que às vezes parece ser apenas um desejo de serem ouvidos, cometem injustiças.
E as maiores injustiças vêm normalmente de quem fala sem saber o que está a dizer, ou por quem acha que sabe tudo mas não apoia as suas opiniões em factos concretos.
Uma vez mais, volte depressa - sei que está doente - que faz muita falta e, acredite, tem mesmo muitos amigos no pelotão que pensam o mesmo que eu penso. Até aqueles que você tem a coragem de criticar. Mas como quando o faz é sempre apoiando-se em argumentos concretos, todos o respeitam.
Um abraço e boas e rápidas melhoras.
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