sexta-feira, fevereiro 08, 2008

1072.ª etapa

O SENHOR SERAFIM FERREIRA NÃO DIZ TODA A VERDADE

A Empresa Jornal de Notícias (EJN) organizou a sua primeira Volta a Portugal em 1982.
Antes dela houve, pelo menos, meia dúzia de Jornais a organizá-la, com predominância para o Diário de Notícias, e a Federação Portuguesa de Ciclismo sempre disse “presente” quando não havia alternativa.
Ler agora o senhor Serafim Ferreira dizer que as Voltas ganhas por Joaquim Agostinho, Marco Chagas, Manuel Zeferino, Fernando Mendes, etc., eram… “amadoras” é vergonhoso.

Profissionais terão, então, sido aquelas – atenção José Carlos Gomes! - em que, trazendo conjuntos italianos que competiam com patrocínios portugueses e ganharam Voltas com níveis de hematócrito de 65% (como não te lembraste de perguntar isso)?

A SportNotícias – financiada pelo Jornal de Notíciasquase conseguiu acabar com o ciclismo profissional em Portugal.
Como?
Trazendo equipas italianas, sempre do mesmo empresário que, com o apoio de marcas portuguesas que gastavam 1000 contos para a Volta – e ganhavam quase tudo – esvaziavam o esforço dos grandes investidores nacionais em equipas portuguesas. O senhor Álvaro Silva (Sicasal) ainda aí está para corroborar o que aqui afirmo.

Investia 5000 contos por época para depois a Levira, com 1000 contos só na Volta levar os louros.
Não foi o senhor Serafim Ferreira confrontado com isto. E deixaram-no falar, falar, falar…

“Agora os jornalistas não vivem a corrida por dentro…”, diz ele e o Jornal escarrapacha em destaque.
Primeiro: os regulamentos actuais não permitem a presença dos carros da Comunicação Social junto da Corrida.
Segundo: na década de 90 ÉRAMOS OBRIGADOS a ir na corrida e não nos podíamos adiantar muito porque 750 metros à frente do carro do Director da Corrida já não ouvíamos a RádioVolta e não havia outra forma de saber o que se passava…

Hoje, até sítios na internet que NÃO ESTÃO NA CORRIDA e conseguem dar-nos informações minuto a minuto.
O senhor Serafim Ferreira, provavelmente nem sabe disto porque “congelou” lá muito para trás…


Mas os jornalistas que fizeram a entrevista não o podiam ter confrontado com a nova realidade?
Na altura do JN, e até 2003, 2004, nem filme da etapa havia.

Que remédio tinham os jornalistas que não ir ali a fazer de tampão na frente da corrida?
Se se afastassem, não ouviam a rádio-volta e depois, o gozo que o senhor Serafim Ferreira – ocupando um lugar que NÃO ERA O DELE (e por isso a Volta foi, anos e anos penalizada) – tinha em “berrar” para que a Comunicação Social se afastasse…

Não acredito que ele leia o VeloLuso, mas convinha que alguém – dos velhos amigos – lhe dissesse que as coisas mudaram.

Que hoje, na Sala de Imprensa se pode seguir a corrida passo a passo… e mais, que já na altura em que ele brincava de “Hitler” à frente da corrida, já noutras paragens não havia nenhum carro de Comunicação Social integrado na grande caravana.
Mas ele sempre teve pejo em aprender.
Julgava-se sabedor de tudo.

Mas, cheio de boa vontade, ainda sou capaz de lhe dar uma segunda oportunidade.

Senhor Serafim Ferreira… Com jornalistas experimentados, o passa-e-fica-para-trás dentro do pelotão – que eu ainda experimentei – provavelmente daria uma história bonita.
Mas o senhor sabe quem é que “faz” ciclismo agora?
Em 95% não sabem sequer o que é a zona de abastecimento apeado.

Escolha outra desculpa.

Tem, contudo, razão num ponto. Acontece uma mistura que não devia de acontecer entre Ciclismo – falo da Volta a Portugal – e a “feira” do jet-set.

Aí estamos de acordo.

Mas sabe – não sabe, porque assoberbadamente sempre achou que sabia mais do que todos e não tinha mais nada a aprender -, na Volta a Espanha também há, à partida e à chegada, um espaço para a “feira das vaidades”, o que acontece é que, em termos televisivos, uma coisa não é misturada com a outra. Mas você parece estar a cumprir a promessa que fez e hoje só vê Ciclismo... do sofá! Então tem que levar com o À Volta!...

Noutra coisa que tem razão é no facto de que, durante o seu consulado, o JN ter, de facto, dado uma página de Ciclismo diária quase ao longo dos doze meses de calendário. E hoje nenhum director de marketing de nenhuma empresa jornalística perceber o quanto apoiar o Ciclismo pode ser rentável.
Aí concordo consigo.

Todos os três diários “desportivos” já foram… “jornal oficial” da Volta, mas nenhum percebeu como a coisa funciona…
E bastava, de facto, ir às colecções do JN da década de 90 do século passado para ver…

Aí, Serafim, tem a minha total solidariedade.
Porque já tentei, mas nem metendo-lhes a coisa pelos olhos…

Para terminar…
É, uma vez mais dramaticamente exposto o seu ressabiamento quando diz que o Ciclismo português é uma utopia.
O Ciclismo português não está hoje, nem de perto nem de longe, pior do que estava nos anos 90.

É desonesto pretender vender isso como verdade.
Não o é.
Nem a Volta a Portugal vai acabar daqui a 5 anos…

Claro que não.
A não ser se o Serafim Ferreira voltasse!…

Para terminar mesmo…
O seu espanto em relação ao facto de o senhor João Lagos não aparecer na Volta apenas vem comprovar que o Serafim Ferreira congelou no tempo.


Pensa exactamente como pensava em 2000. Quando, e apesar dos vários avisos, teimava em, mesmo sendo director da organização, tomar o lugar do Director de Corrida.

Não houve alma que lhe tivesse conseguido ensinar que porteiro é para estar à porta, contínuo é para estar a uma secretária à entrada do escritório e Director é para estar no gabinete do fundo.

O senhor João Lagos está certo.
É um gestor, o que o Serafim sempre julgou ser mas nunca foi.
O senhor João Lagos tem um Director para a Organização da Volta a Portugal que está sempre por perto, para o caso de vir a ser preciso…
Mas deixa a direcção da Corrida para quem a deve dirigir… o presidente do Colégio de Comissários.

O Serafim Ferreira nunca percebeu isto.


E como acredito que não tenha mudado assim tanto… fico por aqui.
Como se diz na minha terra, não vale o trabalho, o estar a ensaboar a cabeça a pretos.

1 comentário:

Rolador disse...

Li com atenção os três posts sobre o Sr. Serafim Ferreira. Fiquei sem entender as diferenças concretas entre a organização da Volta qd a cargo de S.F. e aquelas que agora são organizadas pelo grupo PAD-João Lagos. Percebi que não quer ensaboar cabeça de pretos mas, já agora, se pudesse tirar o sabão da cabeça dos brancos e, desse modo contribuir para a história do ciclismo em Portugal eu, pessoalmente, ficaria agradecido.