sábado, novembro 03, 2007

956.ª etapa

JÁ NÃO VAI HAVER A "TAL" NOTÍCIA

A corajosa – mas penalizadora – decisão da Associação de Ciclismo do Algarve (ACA), dinamitou aquele que era o meu argumento em relação à continuidade da Volta ao Algarve no Calendário Europeu da UCI.
Onde não consta ainda.
Uma questão de pormenores, acho eu.

Subescrever um empréstimo bancário para fazer frente às suas obrigações, é penalizador para a ACA. E penalizador como, e porquê?
Porque, conhecendo tão bem como conheço, tanto o Rogério Teixeira como o Bernardino Caliço, homens de bem (não o ponham em causa!), acreditaram.
Acreditaram naqueles que aceitaram ser seus (da ACA) parceiros na organização do evento. Um acordo comercial. A pagar…
Mas houve quem não tivesse pago.

Daí a ACA ter tido que contar as moedinhas, uma a uma, para fazer aquilo que nunca terá sequer previsto ser tão difícil: cumprir a sua parte do compromisso.
Pagar aos artistas que protagonizaram o espectáculo.

De uma forma um pouco minimalista, concordo, sintetizo: há um espectáculo, que conta com alguns dos principais nomes na sua especialidade; há uma entidade que se propõe montar o espectáculo mas que precisa de apoios financeiros; há contactos e consegue-se o apoio de algumas outras entidades (algumas delas, institucionais, em termos nacionais), apoio que, contas feitas ao cêntimo, chegam, apesar de tudo, para ir em frente com o tal espectáculo e… mesmo sem o contado no bolso, a ACA – como qualquer outra organização – chegou a um ponto sem retorno.
The Show Must Go On.

Mas para quem está mais ou menos por dentro de como funcionam as organizações de corridas em Portugal nem se espanta - nem tem motivo para isso -, nem fica chocado.

É assim…
Meia dúzia de homens de boa vontade que, em prol da causa que abraçaram e pondo, inclusivé, em risco o seu bom nome perante a sociedade, acreditam.
São honestos e acreditam que os demais o serão também.

Eu acho bem que a Associação Portuguesa de Corredores Profissionais pressione as organizações no sentido de pagarem o mais depressa possível aquilo a que se comprometeram pagar.
E não advogo excepções.
Há-de ser igual para todos.

O que aconteceu à ACA… há-de ter já acontecido – se é que não está a acontecer – com outras organizações.
Infelizmente, se fosse o caso de ter que se sair à rua e perguntar…
“Porque é que a Volta ao Algarve saiu do calendário?”.
A resposta, porque foi o que saiu nos jornais, seria:
“Porque não pagaram os prémios…”

E devia ser, mas para isso o público em geral tem que ser informado da verdade, “porque a Organização aceitou como honesto o compromiso de alguns patrocinadores que, afinal de contas, depois roeram a corda! ou, pelo menos, tentam prolongar o prazo do acerto de contas quando a ACA não tinha mais espaço de manobra”.

Por isso, também por isso, eu há alguns dias falei aqui em “boa Imprensa” e “Imprensa hostil”.

A haver a primeira, na notícia teria indicado no primeiro parágrafo aquilo mesmo.
Que a organização não tinha pago porque não tinha recebido...

O que lemos põe a descoberto aquilo a que eu chamo "Imprensa hostil" em relação ao Ciclismo. A quase todo o Ciclismo...

A ACA, já que não teve quem a ajudasse antes, não vai ficar a dever favores a ninguém, depois… Pediu um empréstimo bancário e, como qualquer um, vai ter de pagar com juros.
Está bem. E de cabeça erguida.
Sem ficar refém de ninguém.

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