segunda-feira, novembro 05, 2007

960.ª etapa


ENTRE O CÉU E O MAR, SOMOS UM PAÍS
DE VÁRIOS TONS DE AZUL

Ponto primeiro: todos terão reparado no grave erro que cometi no artigo anterior.
Até pode ser que venhamos a ter três equipamentos azuis no pelotão… mas o azul da Riberalves não será de certeza.
Explicações… não tenho. Confusão. Culpa minha, que assumo.

Acontece…
Lamento esta demonstração de… ignorância.
Que o não é.

Eu sei que a Riberalves saiu do pelotão.
Foi um erro por simpatia. Estava ainda a “olhar” para o pelotão deste ano.
Peço, humildemente, desculpa.
A todos.

Ponto segundo: não sou especialista em marketing nem em publicidade.
O artigo anterior não foi mais do que uma constatação.
Para o ano, vamos ter duas equipas (das quantas?... oito? seis?) no pelotão profissional – a usarem a mesma cor nos equipamentos (muito, demasiado parecidas) – sendo que, não o tendo eu dito, até porque não sei que alterações podem vir a ter os equipamentos da Liberty Seguros-Würth, sendo que, dizia, só falei de azul.
E deixei o azul-marinho da DUJA-Tavira de fora porque, definitivamente, não se confunde.

Um dos meus melhores amigos no pelotão, rapaz que conheço há 17 anos, director-desportivo arguto e que (sem pôr em causa as equipas que representou até hoje) já justificou ser merecedor de um grande, mesmo grande, projecto, dizia-me um dia – há pelo menos dois anos, o tempo que levo de fora… – que a sua primeira preocupação era a escolha das cores do equipamento da sua equipa.
Estou a falar de um jovem, não de um dos consagrados.

Lembro-me das suas palavras.
“Houve um ano que, contra a opinião do patrão defendi, e acabei por levar a minha ideia por diante, apostar em calções vermelhos, coisa que não se via na altura (depois disso já houve outras equipas a apostar nisso) e a verdade é que, só pelos calções, os nossos corredores eram identificados com a equipa à distância.”

Perceberam esta parte?
Identificados à distância.
Imaginemos… – e isto é apenas um exercício académico – há quatro fugitivos na Volta a Portugal, as primeiras imagens são do helicóptero, três vêm de azul e o narrador não arrisca, para não se enganar. Mas há um de calções vermelhos… ah!, esse é identificável e, antes do nome do corredor, sai o nome da equipa.
Básico. Acho eu.

Um outro técnico, há bem mais tempo e também numa conversa informal, dizia-me que, mesmo não gostando especialmente das cores, apostara fortemente no amarelo e rosa-choque, cores que, durante vários anos identificaram uma equipa algarvia.

Dizia-me ele, e tinha – tem – toda a razão, que de longe era possível identificar de imediato a equipa.
Por acaso as latas de atum – cuja marca dava o nome à equipa – eram amarelas. O rosa-choque era mesmo para… dar nas vistas. Como os calções vermelhos da ASC-Vila do Conde, no seu primeiro ano no primeiro pelotão.

Eu comecei por ressalvar que não sou especialista em marketing, mas depois afirmei estar de acordo com estes dois amigos. Porque se eu fosse especialista em marketing… quereria era, em primeiro lugar, dar nas vistas.

Que a marca que eu defendesse fosse identificável ao primeiro olhar.

Mas há mais. Os equipamentos das equipas têm, obrigatoriamente, que ser caucionados pela UCI. Falo das equipas que têm de estar inscritas na UCI. O que parece é que os serviços desta instituição, que teriam que estar atentos a estes pormenores, assinam de cruz os projectos de equipamentos que lhes são apresentados. E não é preciso sair da realidade portuguesa para chegar a tal conclusão.

O ano passado tínhamos a Liberty Seguros e – agora sim – a Riberalves, ambas a usarem azuis muito confundíveis mas tínhamos mais. A Madeinox e a Fercase a usar laranjas que, no meio do pelotão são indecifráveis.

E, a nível internacional, não me lembro de ter visto tantos vermelhos no pelotão.

Que fazer? Também não sei – ao certo – qual o poder dessa comissão na UCI para dizer que não, a equipa “X”, que é patrocinada pela marca “Y”, cuja cor institucional é o amarelo, não pode usar o amarelo…
Não sei.

Mas fui desviando-me do essencial.
Para o ano que vem vamos ter duas equipas no pelotão nacional com equipamentos (demasiadamente) parecidos.

Benfica à parte, as duas outras equipas com mais aspirações.
Com mais potencial.
Com mais hipóteses de ganhar etapas, ou corridas, logo, com mais hipóteses de estar todos os dias nos pódios onde, nas fotos e nos “close-up” das tv’s serão facilmente identificáveis.
E sou capaz de olhar o “caso” a partir do outro lado.
Tipo… diz o Luís Almeida (ou o Manel Zeferino), "não nos identificam no meio do pelotão, mas no pódio vão ver quem somos".

Exactamente o mesmo que o Vítor Paulo Branco e os responsáveis pela Liberty Seguros pensarão…

Ok… só quem sai a perder é o adepto anónimo que, à beira da estrada não tem tempo para destrinçar quem é quem.

E bastava uma raia de outra côr, uma “brincadeira” com a palete de cores para que cada um fosse identificado à primeira.

Já agora, e mesmo que ninguém mo tenha pedido… sabem qual foi o equipamento de que mais gostei nestes 17 anos que levo de ciclismo?
Foi o da MSS-Maia, em 2000.
A camisola que o Zé Azevedo envergava quando ganhou a 3.ª etapa da Volta às Astúrias.
Mas isto é um àparte.

E volto a pedir desculpas pelo facto de aquele artigo que escrevi esta tarde estar ferido de grave inverdade.
Não há mais Riberalves no pelotão.
E não foi com o fito de fazer publicidade…

Para mim, bacalhau é seco mesmo, à maneira tradicional.

Sem comentários: