DIVIDIDO ENTRE O CARINHO QUE NÃO POSSO
ESCONDER E A RAZÃO QUE NÃO DEVO IGNORAR
Aqui há uns meses atrás permiti-me a ousadia de avançar com o que, na minha opinião, poderia ser o tal passo que falta dar para uma concreta cimentação do Ciclismo Profissional em Portugal. Muitos se lembrarão…
Defendo – e dêem-me o benefício da dúvida, mesmo que achem que entro por terrenos que me não dizem respeito – que a casa tem de começar a ser construída pela base (e é preocupante o facto de, confirmando-se notícias que já todos lemos, para o ano irmos ter menos cinco equipas no escalão que serve de ante-câmara para o profissionalismo), mas sustento que é fundamental alargar o horizonte dos jovens Corredores, no sentido de ter haver saídas para os melhores. Tem que haver equipas PROFISSIONAIS.
Entendem a diferença sublinhada pela diferente grafia da palavra?
Na diferença entre profissionais e PROFISSIONAIS?
Mas, perguntar-se-ão, onde raio quero eu chegar.
Explico.
Não pude deixar de ficar contente (lá está… o carinho que não posso esconder) com a notícia de A BOLA que nos diz hoje que o Centro de Ciclismo de Loulé conseguiu da UCI um prazo extra para se inscrever.
E fiquei contente, manda-me a consciência que o ressalve, porque assim, com mais uma equipa, pelo menos (dez, segundo a notícia de A BOLA) teremos menos um punhado de profissionais no desemprego, sendo que nem todos poderão regredir e voltar às equipas de sub-23.
A minha paixão pelo Ciclismo, a amizade que me liga de forma muito especial com a maioria (grande maioria, felizmente) dos homens que, mais com o coração do que com a cabeça, insistem em apostar no escuro e avançar com um projecto… profissional, obriga-me a ficar feliz.
Depois… depois vem a razão que não devo – não posso – ignorar.
Li, há algumas semanas atrás, que a formação de Loulé abandonava o pelotão de sub-23 por inultrapassável falta de condições para continuar a apoiar o Ciclismo jovem.
Logo a seguir leio que, apesar disso, e graças a um patrocinador irlandês, a equipa profissional continuaria no pelotão. Li, mais tarde, que esse tal patrocinador falhara e que a equipa não tinha patrocínio…
Leio agora que, graças à tal condescêdencia por parte da UCI, a Centro de Ciclismo de Loulé – assim mesmo, sem patrocinador – vai aproveitar a porta que se lhe abriu. E a tal empresa irlandesa, que começou por ser patrocinador, agora aparece num nível abaixo, apenas como apoiante, abaixo daquele que me parece ser, neste momento, o primeiro parceiro da equipa: a Câmara Municipal de Loulé.
O plantel inicial e que já foi publicitado na CS, teria 13 corredores… a versão emendada da equipa de Loulé não tem dinheiro para mais de dez corredores. Lamento.
Lamento e fico desconfiado.
Uma equipa profissional na estrada tendo como principal apoio uma autarquia?
Com os problemas que as autarquias atravessam e que todos sabemos?
Mas neste caso concreto fico, para além de desconfiado, quase diria chocado.
Então… o Centro de Ciclismo de Loulé acaba com a equipa de sub-23 – alegando que a maioria das provas para o escalão se desenrolam a Norte, o que implica inultrapassáveis despesas – e… apresentam-nos uma equipa profissional?
E a Federação Portuguesa de Ciclismo, que melhor do que ninguém estará habilitada a perceber e a antever problemas, aceita o fim de uma equipa de formação - na fase final de formação - e, ao mesmo tempo... abre a porta a um projecto que todos adivinhamos não pode vir a ter sucesso?
Por isso me sinto dividido.
Caramba!!! Claro que gostava que o Centro de Ciclismo de Loulé se mantivesse no pelotão profissional…
… mas não entendo as opções.
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