[Acordo Ortográfico] # SOU FRONTALMENTE CONTRA! (como dizia uma das mais emblemáticas actrizes portuguesas, já com 73 anos, "quem não sabe escrever Português... aprenda!») PORTUGUÊS DE PORTUGAL! NÃO ESCREVEREI, NUNCA, NUNCA, DE OUTRA FORMA!
terça-feira, dezembro 05, 2006
344.ª etapa
REFLECÇÃO - I
O Ciclismo vive uma das suas piores crises.
Ora, aqui está uma frase que me garante, provavelmente, a unanimidade de opinião por parte dos meus leitores. Mas concordar com isto e depois não se mexer um dedo para que, no meio da confusão, se encontre, nem que seja só isso, uma esperança de achar o caminho certo, não vai, concerteza, alterar o estado das coisas.
Mas, confesso, num aspecto continuamos a estar ao nosso melhor nível. Na crítica. Mas critica-se e não se apontam alternativas.
E depois há aqueloutra faceta que caracteriza – e que bem o faz – o português. Apressamo-nos a festejar as vitórias, que são sempre nossas, e disparamos à queima-roupa contra as não vitórias que são, inapelavelmente, culpa exclusiva deles. E este eles abarca toda a gente que se ponha a jeito de servir de alvo.
Enfim, reconheçamos que, recorrendo à impagável sabedoria popular, podemos encontrar a definição perfeita no “em casa onde não há pão…”
Pois é! O problema é que não há dinheiro. Mas reparem… até as modalidades que têm bilheteira sofrem do mesmo mal. Portanto…
Mas já me focarei no Ciclismo em Portugal.
Para já, começo com a modalidade no global.
Os males por que passa o Ciclismo, na generalidade, não são tão fáceis de identificar assim, por mais piruetas que alguns teóricos dêem. Nos dias de hoje, e graças a uma operação policial – e à cobertura mediática da mesma – acontecida aqui ao lado, em Espanha, qualquer não iniciado vem, de cátedra, apontar o dedo ao doping como o grande, senão único mesmo, cancro que mina a saúde da modalidade. Nem se apercebem que, afinal, se está a falar de algo que tem vindo a coexistir, não digo desde sempre, mas pelo menos há umas 5 décadas (só para apresentar um número), com o ciclismo.
Não!
Não estou, de forma alguma, a advogar o branqueamento dessa prática.
Enquanto pessoa, e adepto, só posso estar contra toda e qualquer espécie de batota no desporto. O doping no ciclismo (e não só, e não só…), as simulações de faltas sofridas e de grandes penalidades inexistentes, no futebol, e por aí adiante…
O problema é que a grande (enorme!) maioria dos novos Torquemada não é capaz de apontar a diferença entre doping, real e negativo, de – porque não parámos no tempo – novas práticas que apenas têm como fim humanizar (proporcionando aos atletas uma melhor e mais rápida recuperação do esforço dispendido) um desporto que é dos mais duros que se praticam. Ou preferiam ver os corredores a arrastarem-se montanhas acima sem poderem sequer mover os pedais das máquinas?
Se calhar era esse o espectáculo que esperavam!...
The Show Must Go On. E quem exige que assim seja são os primeiros a, pudicamente, levantar depois a voz contra a mentira. Como se para se saber o que é mentira não fosse necessário conhecer a verdade.
Eu continuo a defender que não, o doping não está generalizado no pelotão. E quem pretende o contrário está, pelo menos, a cometer uma tremenda injustiça em relação à grande maioria dos profissionais que o tentam ser da forma mais honesta possível.
Mas há estes casos, como a Operação Puerto. Pois há. E também eu sei que não há fumo sem fogo. O mal está na generalização que, a partir de um caso ou outro, logo se faz, metendo toda a gente no mesmo saco.
Sem contar que, repetindo aqui o que há algumas semanas atrás escrevi no Cyclolusitano, a polícia não me pode tirar a carta de condução por, mesmo com a prova das câmaras de vigilância de um qualquer supermercado que me mostram a comprar meia dúzia de garrafas de whiskie, soprando eu o balão dê… zero! Ou me fique dentro dos limites legais previstos para a taxa de alcoolémia.
Descodificando: até pode haver bolsas de sangue – mesmo com EPO – com o nome do corredor lá escarrapachado mas, se não o apanharem num controlo anti-doping é atentatório dos seus Direitos, Liberdades e Garantias que o acusem seja do que for. Ou que tentem penalizá-lo seja de que forma fôr. Como vetar a sua presença numa corrida ou aconselhar a sua não contratação por nenhuma equipa.
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