segunda-feira, dezembro 18, 2006

363.ª etapa


CICLISMO PORTUGUÊS, QUE FUTURO?
PRÉ-CONCLUSÃO – I


O que é que, no meu ponto de vista, se pretende então como reestruturação do Ciclismo em Portugal?

Antes, vou falar de outras duas coisas. É fundamental não perdermos o contacto com o Ciclismo que se faz por esse Mundo fora. Pelo menos pela Europa, onde mora o Ciclismo com maior impacto em nós. Quer continuando a ter corridas no Calendário Internacional, quer criando condições para que mais equipas portuguesas, e de e uma forma mais assídua, vão correr lá fora.
A segunda é a que consigo ver isto a cohabitar com uma outra ideia que sei ter os seus adeptos, adeptos que também vêm a empenhar-se nisso e que é tentar a remodelação do Ciclismo português a partir de um recuo, talvez estratégico, opção essa que significaria o fechar das portas internacionais e reduzi-lo – creio que apenas temporariamente (até porque depois haveria de haver projectos em crescendo que, naturalmente, quereriam alargar os seus horizontes) – a algo totalmente nacional.

É uma ideia que ainda não consegui interiorizar completamente.
Porque não a percebi na sua totalidade.
Fechar o Ciclismo português numa redoma já não me parece grande ideia, e fica por explicar como seria que as necessárias medidas para o revitalizar seriam levadas a cabo, uma vez que é impossível deixar de, ainda que indirectamente, estar obrigado aos regulamentos da UCI.

Então como é que eu consigo ver uma cohabitação entre estas duas correntes de pensamento? Fácil. E já o disse à pessoa com quem troquei algumas ideias. Pessoa que me merece o maior dos respeitos, a quem reconheço autoridade para opinar sobre o tema e cujo nome só não ponho aqui porque não lhe pedi permissão para isso e não sei se ele o quereria.

Eu acho que não podemos ter 10 equipas profissionais, partindo do princípio que ser-se profissional só o será na sua plenitude se poder competir com outras da mesma igualha, sejam elas de que países forem.
Ele acha que poderíamos continuar a ter 10 equipas profissionais para o tal novo ciclismo à portuguesa. Não entendo.

Creio ter percebido que o principal argumento é o de que, à esmagadora maioria dos sponsors em Portugal não aquece nem arrefece a apresentação da equipa que apoia além fronteiras porque, tomando como certo que o apoio apenas visa publicitar a sua marca, não sendo esta comercializada lá fora…

E vejo nisto – não no argumento supostamente vindo dos sponsors, mas de quem é director de uma equipa – uma inequívoca falta de ambição.

Dez equipas portuguesas – num cenário em que nenhuma teria de se apresentar lá fora, logo, sem necessidade de quaisquer reforços estrangeiros que trouxessem mais valias (para quê?) – todas mais ou menos ao mesmo nível e um calendário q.b. para que os rapazes não ficassem muitas semanas sem competir.
Onde é que isto nos ia levar?
Também não sei.

Mas há nesta ideia algo de aproveitável e eu estou a vê-lo claramente.

8 comentários:

Pedro disse...

Agora sim amigo Manel...agora que já li toda a "matéria em atraso" gostava de comentar o extenso trabalho que aqui deixou.

Antes demais realçar o seu contributo inigualável e desinteressado à modalidade. É de opiniões de quem sabe e de quem já viu muito que ela precisa para saltar em frente. Opiniões como a sua, do Fernando Emílio e do amigo Teixeira Correia (desculpe chamá-los até aqui) são opiniões que gosto sempre de ouvir. Concordando ou não com elas são as opiniões de quem já viu e ouviu muito e muito AMA o Ciclismo.

Pedro disse...

Continuando....

Como o Manel se deve lembrar sou um fanático por desporto que devora praticamente todas as modalidades e que tenta saber sempre um pouco de todas.

Não tendo eu a eloquência nem a sabedoria que o Manel patenteia creio que há 2 ou 3 questões que gostaria de expor. Aprendi que por vezes quem está de fora consegue ver e sugerir ideias que quem está por dentro não viu ainda.

Pedro disse...

Como disse antes o facto de gostar, e muito, de desporto permite-me socorrer de exemplos vindos de outras paragens para melhor ilustrar os meus pontos de vista.

Desde novo que gosto de Ciclismo, aquele sofrimento mexe comigo de uma maneira inexplicável. Habituei-me em novo a gostar de ver a Volta (muito suspirei pelo Joaquim Gomes) e anos mais tarde a apreciar, arrepiar-me e quase até emocionar-me com as peripécias gaulesas do "Le Tour". E era aqui que queria chegar...

Pedro disse...

Não tendo vivido as peripécias de Agostinho e Companhia para mim o Ciclismo de Elite sempre foi uma coisa "de lá de fora" que nós apenas podíamos seguir à distância, através das transmissões televisivas (costumo dizer meio a brincar, meio a sério que o Tour
já me custou uns quantos exames universitários). Daí que várias vezes me
tenha posto a pensar no porquê da ausência de nomes nossos nessas grandes
provas..

Onde quero chegar, e pegando agora sim
nas outras modalidades, é que para mim
sempre houve duas modalidades distintas - o Ciclismo (corrido lá fora com espetacularidade) e o ciclismo (das nossas "corridas"). Tal como para mim existe a NBA e o Basket no geral. Mas porque é que tem de ser assim?

Pedro disse...

Várias vezes ouvi dizer que existiam localidades ou até regiões que investiam
largos milhares de contos em futebol em busca do retorno que isso lhes traria. Como exemplo supremo cito o caso da Madeira, que vê nos seus clubes emblemáticos um veículo ímpar de promoção. De cada vez que um deles consegue chegar a uma competição europeia dão-se vivas pela "visibilidade
extraordinária que a região vai ter lá fora". Será que o Nacional da Madeira conseguiu tal visibilidade ao ser afastado na 1ª ronda às mãos de uma equipa romena na taça UEFA?

Por vezes ponho-me (ingenuamente) a pensar no que seria de uma equipa portuguesa que pudesse ter um orçamento de, por exemplo, 6 milhões de euros (uma gota de água até para o Nacional da Madeira). Alguém me quer convencer que uma participação digna numa grande volta traria menos promoção a uma região do que aquela que é oferecida pelas equipas que falei anteriormente? Não valeria mais em termos publicitários uma fuga, uma vitória de etapa ou uma subida épica do que um empate em Bucareste?

Pedro disse...

Concluindo....

Creio que há coisas em que ou se é ou não se é....não há meio termo. E no ciclismo e sua consequente visibilidade para mim também é indispensável representação ao mais alto nível, caso contrário ficamos com as nossas provas de trazer por casa.

Não quero com isto diminuir as nossas provas, mas sabe quem acompanha o fenómeno desportivo que visibilidade têm meia dúzia de provas e pouco mais.

Como disse, cresci a ver a Volta e nos
últimos anos tive o privilégio de a viver mais por dentro. Mas para mim ciclismo "à séria" não é a Volta. É claro que também é emocionante, também
tem o seu brilho e os seus heróis. Mas , perdoem-me a comparação, também gosto de ver jogar ao Domingo o meu União de Santarém, só que faço-o com outros olhos. Olhos onde só o gosto e a emotividade estão presentes.

Pedro disse...

Um abraço para o amigo Manel e peço desculpa pela extensa e personalizada opinião...

Mais uma vez lhe digo que é com muito prazer que se lê o que tem para nos escrever.

Aquele abraço!!

Pedro Caetano

mzmadeira disse...

Caro Pedro,
sente-te livre de opinar sempre que queiras.
Mas a mnha exposição ainda não terminou. Sei que estou a ser um bocado longo - logo, difícil de ler - mas se tenho uma opinião... sustento-a.
Aguarda pelos desenvolvimentos.
Um abraço
MJM