[Acordo Ortográfico] # SOU FRONTALMENTE CONTRA! (como dizia uma das mais emblemáticas actrizes portuguesas, já com 73 anos, "quem não sabe escrever Português... aprenda!») PORTUGUÊS DE PORTUGAL! NÃO ESCREVEREI, NUNCA, NUNCA, DE OUTRA FORMA!
sábado, dezembro 30, 2006
376.ª etapa
NÃO FOI TÃO MAU QUANTO ISSO...
Por cá, a temporada de 2006 não foi pior do que as imediatamente anteriores. Certo que voltámos a arriscar em projectos financeiramente... mal defendidos, o que redundaria no fim de uma equipa e no já proverbial, e muito português, andar permanentemente na corda bamba toda a época, para mais duas ou três. Ao que juntarei o estranho caso que sentenciou à morte a equipa de Alcobaça…
Mas, em termos desportivos não me custa nada dizer que até é positivo o balanço geral.
Começou com uma reinventada Maia (o Manel Zeferino não pára de nos surpreender) a ganhar a Volta ao Algarve, corrida que voltou a marcar pontos e a cotar-se como uma das três melhores que tivemos este ano, no nosso país. Depois, houve, diria, que um desaceleramento. Eu sei! Com plantéis de 9 corredores não há hipóteses de se planear e cumprir, com um mínimo de equilíbrio, mesmo um calendário acessível, como é o nosso.
Essa desaceleração por parte das equipas nacionais coincidiu com a Volta ao Distrito de Santarém, que uma equipa espanhola de segundo plano ia pintando de rosa-choque e que a holandesa Rabobank, só com miúdos, acabou por ganhar.
Algumas semanas mais tarde, contudo, tudo voltou à normalidade, com, deu para o perceber, corridas muito interessantes no Minho, no GP de Paredes e na Volta a Trás-os-Montes. Pedro Cardoso sobressaiu na tal Maia reinventada, bem secundado pelo alentejano Bruno Pires, que viria a sagrar-se Campeão Nacional, em Junho, e pelo búlgaro Danail Petrov, que venceu o Troféu Joaquim Agostinho.
Pelo meio tivemos uma Volta ao Alentejo imprópria para cardíacos. À falta de dificuldades físicas de relevo, tivemos uma corrida disputada ao segundo. Nem isso, que os três primeiros da geral final terminaram… com o mesmo tempo. Ganhou-a Sérgio Ribeiro que foi, também, um justo vencedor do ranking-APCP. Isto apesar de no último terço da temporada ter estado distante da forma que evidenciou nos dois primeiros.
E tivemos uma grande Volta a Portugal. A começar pelo facto de, em dez etapas só David Blanco – o vencedor final – ter ganho duas. Dez etapas… nove ganhadores e nove homens a envergarem a Camisola Amarela. Só Cândido Barbosa, que a vestira em Beja para a perder em Lisboa, a voltou a vestir, no terceiro dia, em Viseu.
Uma Volta a Portugal marcada pela juventude. Com Manuel Cardoso, Ricardo Mestre e João Cabreira a vencerem etapas e, em sequência disso, terem usado, um dia cada, a Camisola Amarela. O algarvio viria ainda a ganhar as classificações finais da Montanha e da Juventude. Nesta, foi até ao último dia o despique com Tiago Machado.
Uma Volta a Portugal outra vez marcada pelo inconformismo de um Cândido Barbosa lutador, que não atira a toalha ao chão… cada vez mais ídolo, para uma moldura de adeptos que também tem vindo crescer.
Uma Volta a Portugal onde a DUJA-Tavira mostrou pela primeira vez aquilo que, entretanto já foi anunciado: que, escudada no apoio financeiro da empresa espanhola, já começa a sonhar com outros pelotões. Uma Volta na qual o Boavista esteve como sempre esteve, aliás, ao longo de toda a temporada: pendular. Onde a estrelinha de Mestre Emídio Pinto voltou a brilhar com mais um triunfo numa etapa e, melhor ainda: um dia de amarelo.
E 2006 ficará marcado pelo regresso do Benfica às estradas, depois da experiência de 1999/2000 que acabou mal. Do Benfica e, claro, de José Azevedo. O melhor corredor português dos últimos anos trocou aquilo que se perspectivava como (pelo menos) mais um ano na função de sapador, com a tarefa de preparar caminho para o(s) novo(s) chefe(s)-de-fila, na Discovery, pelo desafio de tentar ganhar a Volta a Portugal. Triunfo que falta no seu longo e brilhante palmarés.
Os encarnados – que estrearão Orlando Rodrigues como director-desportivo – formaram uma equipa que promete, e que vai ser, de longe, a mais forte das portuguesas. O pelotão nacional, entretanto, para o ano terá menos duas equipas. O Alcobaça ficou pelo caminho e o Loulé fundiu-se com a Madeinox. Como o Benfica só correrá as provas internacionais… de dez passámos para oito equipas.
Deixei para o fim, para que seja recordado mais facilmente, aquele que já considerei o facto do ano, no que respeita ao Ciclismo português: o triunfo de Sérgio Paulinho numa etapa da Vuelta. Já haviam passado 30 anos, desde a última vez que um português – e só foi o Joaquim Agostinho – ganhara uma etapa na maior corrida espanhola. Sérgio Paulinho conseguiu-o, na chegada a Santillana Del Mar, mostrando aos que ainda não tinham percebido (refiro-me aos adversários no grande pelotão mundial e imprensa que não a portuguesa) que ali há um campeão a ter que ser considerado no futuro.
Com isto tudo… quem pode dizer que 2006 não foi um ano muito interessante para o Ciclismo Português?
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