quarta-feira, dezembro 13, 2006

353.ª etapa


VUELTA - E AO 4.º DIA...
OS LAGOS DE COVADONGA

É hoje – 11 horas, em Portugal – apresentada a edição de 2007 da Volta a Espanha (Vuelta). Para já, e feitas as pazes com a Galiza – já este ano houve uma etapa a terminar em Lugo – já é do conhecimento público que a prova arranca em Vigo, a 1 de Setembro. Este ano não há prólogo, sendo que no primeiro dia de corrida o pelotão não será chamado a grandes esforços. A etapa deve ter apenas uma centena de quilómetros.

Mas esta partida, suave... engana.

Logo no quarto dia de corrida há a primeira das 4 chegadas em alto previstas.
Vai ser nos Lagos de Covadonga (Astúrias).
E ainda antes do primeiro dia de descanso – provavelmente a antecedê-lo – acontecerá o primeiro dos dois cronos individuais definidos. Vai ser em Saragoça e terá à volta dos 50 km de extensão. O segundo será no dia 22, na véspera da chegada a Madrid, como habitualmente, ao Paseo de la Castellana. Este segundo contra-relógio vai ter apenas 25 quilómetros mas será corrido… na Serra de Madrid, na zona de Navacerrada (mas não é uma crono-escalada).

Voltando atrás, à recuperação da chegada ao alto dos Lagos de Covadonga, estarão, na altura, passados sete anos desde que, em 2000, a vitória sorriu a um corredor de uma equipa portuguesa. Foi Andrei Zintchenko, da LA-Pecol-Alpiarça.

Depois de uma manhã e princípio de tarde agradáveis – tínhamos saído de Santander – com a aproximação da hora de chegada dos corredores caiu uma autêntica borrasca, daquelas de a chuva fazer e o pequeno pavilhão de Cangas de Onís – onde se instala habitualmente a Sala de Imprensa – ficou às escuras por três vezes. Lá fora, parecia um dilúvio, de tal forma que o Bruno Santos, que fazia equipa comigo, pel’A BOLA, e o Fernando Emílio, então ainda na Rádio Comercial, vendo-se impedidos de subir os últimos quilómetros tiveram que separar-se e emboscar-se nos dois caminhos por onde era mais provável que as equipas passassem de regresso aos seus hotéis de forma a não perderem a possibilidade de falar com o Andrei Zintchenko e com o Vítor Paulo, na altura ainda o director-desportivo da equipa. E eu a escrever às escuras sem tirar os olhos do indicador da carga da bateria do computador…
Ai que saudades, ai, ai!...

2 comentários:

Antonio Dias disse...

É uma chegada que já não faz as diferenças que fazia (como por exemplo em 2000), mas o facto de estar no início da corrida, tal como em 2001, pode apanhar alguns corredores de surpresa e causar os primeiros "desfalecimentos". De resto, a montanha dos Pirinéus é daquela que dá para ir na roda a 30-32 km/h, pelo que pouca diferença fará. A subida de Abantos tem muitas zonas de recuperação e um trepador pouco ganhará além de um míseros segundos.
A chave da Vuelta está, portanto, nos dois contra-relógios - que totalizam 74 km - e naquelas etapas armadilhadas como as de Reinosa, de Hellín (na zona de Albacete) com os perigosos "abanicos", a de Granada ou a de... Ávila...
Em suma, é uma Vuelta para os "franco-atiradores". E tu Manel, o que dizes desta Vuelta, apelando à tua experiência?

mzmadeira disse...

De facto, António, e até para quem conhece bem a subida, os Lagos não são assim tão difíceis, mas atenção... ao quarto dia de prova pode acontecer muita coisa. Pode acontcer que quem pensa que está bem não vai estar tão bem quanto pensava e pode acontecer que, quem apenas saiu para se testar possa vir a colher disso dividendos.
Uma corrida destas, com três semanas - mesmo a nossa Volta, só com 10 dias - começa a ser definida no momento em que o traçado é escolhido e, para um iniciado, não é difícil perceber quem sabe ou não desenhar traçados. A Volta a Portugal deste ano é um bom exemplo de estudo, para quem esteja interessado.
Não faltaram as críticas ao desenho da Volta mas - e não é pelo facto de eu, desde o princípio, ter dito que gostava dele (o que pode ser comprovado) - a verdade é que todo o espectáculo que aconteceu ficou logo determinado quando o traçado foi definido.

Voltando à Vuelta'2007. Os Lagos podem trazer surpresas, partindo do pressuposto que antecipei. Quanto aos Pirenéus... aí os melhor preparados não se deixarão surpreender porque toda a gente espera que aí se joguem as primeiras cartadas e a Serra de Madrid servirá apenas para confirmar quem está, ou não, bem das pernas.

Para mim, apesar de não poder fazer comparações muito rigiorosas porque nunca estive nas outras, a Vuelta tem vindo a mostrar ser a Grande mais bem desenhada. Creio que não é segredo para ninguém, mas a Unipublic rodeou-se de todo um Estado Maior de ex-campeões - de Pedro Delgado a Miguel Induráin, passando por Fernando Escartin e mais uma mão cheia deles - os quais são atentamente ouvidos no desenho de cada uma das edições.

E uma corrida traçada contando com o conhecimento de quem já andou lá, montando numa bicicleta, só pode dar certo.

E, sem qualquer espécie de bajulação, anote-se a forma como a Volta a Portugal mudou desde que tem como responsável o Joaquim Gomes apontando eu, apenas e como exemplo, a etapa da Senhora da Graça que é, de facto, digna de qualquer uma das Três Grandes.

Recuparando o que escreveste, António, de facto, nos dias de hoje ou temos etapas de montanha de "morrer", como o Anglirú, ou então são mesmo os contra-relógios individuais a fazer a escolha natural dos verdadeiros candidatos.
Quem estiver mesmo bem vai tentar contabilizar pontos a seu favos nas duas chegadas e alto consecutivas, em Cerler e em Andorra, ambos extremamente exigentes e pouco complacentes com dias maus... Depois, só mesmo os cronos podem marcar diferenças.