domingo, dezembro 17, 2006

358.ª etapa


CICLISMO PORTUGUÊS, QUE FUTURO?
DESENVOLVIMENTO - III

Mas como é que se fabrica um ídolo?
Na verdade, os ídolos nascem normalmente, como todos. Depois demonstrarão que, numa ou noutra especialidade, são superiores aos demais. A parte do fabricar – devia escrever: consolidar – a figura que passará a ser amada (idolatrada) pelos apaixonados da modalidade cabe, sem dúvida, à Comunicação Social. Não desistir das figuras entre corridas, trazê-las amiúde até mais próximo dos adeptos, dá-los a conhecer de forma a que estes acabem por se identificar com ele, criando, assim, aquela empatia que leva, volto ao exemplo espanhol, à criação de peñas. Clube de fãs.
Entrevistas nos jornais, que mostrem o homem por detrás do corredor. Conversas interactivas na rádio, com os ouvintes a porem perguntas. Reportagens na televisão que mostrem aquilo que já se leu e que já se ouviu.
Isso faz-se no futebol.
Isso faz-se em várias modalidades, noutros países. Na verdade, fabricar um ídolo não é mais do que dar ao seu público matéria para que este, de alguma forma, se reveja num ou outro aspecto que caracteriza a figura que passará a idolatrar.

E, falando do candidato a ídolo, este tem de saber vender a sua imagem.
Eu sei muito bem o quão difícil será mostrar-se disponível para os jornalistas no final de uma etapa extenuante, mas são essas palavras, sejam elas de alegria ou de desalento, que os seus mais fiéis seguidores querem ouvir, ou ler no dia seguinte. É chato ter que abdicar de algum do pouco tempo livre que pode usufruir, mas ele – o candidato a ídolo – tem que o arranjar para receber os jornalistas em sua casa. Para ser fotografado a segurar o seu filho numa pequena bicicleta, a acariciar o seu cão… mostrar aquela parte da sua casa onde mais gosta de estar. E dizer o que faz nos tempos livres. Em cada um destes aspectos dezenas de admiradores vão identificar-se um pouco mais com ele.

Já para não falar no aceitar sem reservas a necessidade de se deslocar a escolas, falar com os mais novinhos. Para além de serem potenciais futuros admiradores, estes vão depois contar aos pais, que já o são. E é assim que uma figura vai conquistando a eternidade pois, enquanto formos lembrados não deixaremos de existir.

Eu sei que às vezes parece que fugi ao tema destes escritos. Não é isso. Tal como uma casa, tal como qualquer coisa que se constrói, para a erguer segura é preciso, para além dos alicerces, também a ir escorando aqui e ali. Para que não caia.
Com as ideias acontece a mesmíssima coisa.
A maioria dos que me está a ler só vai achar algum interesse ao assunto assim que eu escrever que defendo a existência de uma equipa portuguesa no pelotão de topo mundial. Só que, até lá chegar, eu vou tentando dar consistência à ideia de forma a que não seja lida apenas como um mero exercício de quem não tem mais nada para fazer.
E no final, tudo isto fará o seu sentido.

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