quarta-feira, dezembro 20, 2006

368.ª etapa


HOJE NADA ME MOTIVA

Hoje está mais frio do que aquilo que os termómetros marcam e parece-me sem sentido que o céu esteja tão azul. Não podia ter começado pior o dia. É duro receber a notícia da morte de alguém que nos é muito querido. Mais duro ainda quando essa pessoa não tem idade para morrer. A minha querida Leonor Colaço, jornalista da TSF, partiu e deixou muito mais vazios os corações de todos os amigos.
Não me apetece escrever. Apetece-me fechar os olhos e viajar para trás no tempo. Até 1986, quando nos conhecemos num rés-do-chão de numa pequena vivenda onde funcionava a Rádio de Alverca. Pirata, claro, mas de cuja redacção sairam vários profissionais, hoje espalhados por várias empresas de âmbito nacional.
A Leonor estava há seis anos na TSF, onde chegou ida da antiga Correio da Manhã Rádio, com passagem pela Rádio Comercial. Nestas duas rádios trabalhou também o José Carlos Cunha. O Luís Silva está também na TSF, depois de alguns anos na Rádio Renascença. O João Maltez esteve n’A Capital, até ao encerramento desta. Eu, n’A BOLA, depois de também ter passado pel’A Capital.
Separámo-nos nas andanças profissionais. Começaram a rarear os contactos mas aquele grupo que fazia a informação na piratinha de Alverca, de cada vez que nos juntávamos reforçavam-se os laços fortes de uma amizade imcomparável.
A última vez que vi a Leonor foi há pouco mais de um ano. Tínhamos combinado um jantar, jantar ao qual, por dificuldades várias, só ela, eu, o João Maltez e a Elsa, mais o João Carvalho, o actor, nosso vizinho e amigo, estivemos. Todos temos as nossas carreiras definidas, mas gostávamos de imaginar que um dia ainda nos havíamos de voltar a encontrar todos num mesmo projecto. Agora a Leonor partiu. Não é justo.
Com a sua morte, morreu um bocadinho de nós todos.
Perante tão doloroso acordar, hoje nada me motiva.
Descansa em paz amiga.

2 comentários:

mzmadeira disse...

Caro Paulo,

se eu já não acreditava em deus, como posso agora acreditar?
Como pode ele ter-nos levado a Leonor na flor da idade. Ainda por cima com um outro ser pequenino no ventre. Ser que partiu com a mãe. Que não me falem em deus...

Choro sem vergonha, porque choro uma amiga muito querida. E choro de raiva. Uma raiva que não consigo escoar porque não sei sobre quem a descarregar.

Anónimo disse...

Amigo MZM. Não queria dar-te esta notícia. Mas ela chegou, violenta e estúpida.
Recordo a sua voz serena, como o era fora da redacção.
As lagrimas já rolaram.
Um beijo para ti Leonor.