terça-feira, dezembro 19, 2006

366.ª etapa


CICLISMO PORTUGUÊS, QUE FUTURO
EXPOSIÇÃO – I

Estou a chegar ao fim.
O que até aqui tentei demonstrar foi que não temos estruturas financeiras para termos um Ciclismo – ainda por cima, caseiro – que englobe 10 equipas profissionais.
Mas também tentei demonstrar que o Ciclismo não se esgota na versão profissional.
Já tenho preparadas as alegações finais mas, antes disso, acho pertinente recordar a forma como iniciei esta exposição.

Falei, insistentemente, nos jovens sendo que está claro que é na divulgação do Ciclismo junto das escolas e, posteriormente a isso, na sua devida formação enquanto potenciais atletas de alta competição, que se encontra uma das pontas deste novelo.
Uma. Porque, e como também referi, acho desnecessário mandar abaixo todo o edifício do Ciclismo Português porque é possível aproveitar algumas das paredes-mestras já existentes.
Mais… acho que não é, de todo, descabido que nos preocupemos, já agora, com o telhado.
Estou a falar metaforicamente, como todos perceberam.


E esta minha preocupação com o telhado do edifício, que se adivinha ser o topo da pirâmide, tem tudo a ver nem mais, nem menos, que com os jovens que consigamos arregimentar para o Ciclismo.

Continuando a reportar-me ao que de início escrevi – e agora perceberão porque foi aquele início –, temos que ter alguma coisa para oferecer aos jovens que venham a escolher esta Modalidade como hipótese de profissão.
E o que temos de ter pronto a servir é, nem mais, nem menos, que a possibilidade de progressão da carreira.

Como Jornalista sei de muitos – demasiados – casos de jovens que, conseguindo, com todos os sacrifícios daí inerentes, chegar aos Sub-23, vêem acabar aí as suas carreiras.

O(s) motivos(s), creio, também já ter aflorado.
Em Portugal, e sem que ninguém, até agora, tenha mostrado grande preocupação em mudar as coisas, de Sub-23 passa-se a Profissional.
Ora, como também já ficou escrito, por diversas razões – e aqui não onero os responsáveis pelas equipas profissionais com qualquer parcela de culpa (que também não sei a quem imputar) – durante anos os jovens Elite espanhóis, com 24 ou 25 anos (eram mais baratos? Naquela equação de idade/experiência/preço? Acredito que sim), foram preferidos aos portugueses de 23 anos.

A pergunta que faço, até porque sei que o Paulo Couto é meu leitor, é se a APCP tem dados concretos de quantos jovens corredores portugueses ficaram pelo caminho. Eu sei Paulo, se não chegaram a ser profissionais, a APCP não deverá ter dados, mas como eu também não tenho, qualquer ajuda é bem vinda.

As equipas portuguesas apenas se viraram para os jovens acabados de sair do escalão de Sub-23 quando, por míngua dos orçamentos, e quando, porque em Espanha aumentou o número de equipas Profissionais e Continentais que absorviam os melhores jovens locais, estes deixaram de ser opção.
É por isso que advogo o reactivamento (já foram alguma vez activas?) das equipas Elite.

Este projecto, que apresentarei ns próximas horas
, está perfeitamente dividido em duas partes (três, contando com a formação e sendo que englobo nesta o escalão de Sub-23).

Na primeira formado pelas Elites não-amadoras, que servirá, para além de tuba de maturação, como verdadeira prova final, ou peneira, como quiserem, para apurar aqueles que, na realidade, são melhores e mostrarem estar prontos para enveredar pelo profissionalismo;
na outra, o profissionalismo na sua verdadeira definição.

Não perdem nada os corredores.
Já o referi – e repito-o, agora, aqui – que, em termos contratuais, não há diferenças tão significativas assim entre uma equipa Continental UCI e uma equipa Elite da FPC.
Antes pelo contrário.

Mas não nos percamos no desfiar da linha de pensamento.
Aos jovens, ainda mesmo antes de serem engajados na formação, temos que lhes dar:
1 – Ídolos;
2 - Um programa definido de progressão na carreira;
3 - Aos melhores, e só a esses, abrir-lhes o caminho do profissionalismo.

Os ídolos vão levá-lo a escolher a modalidade.
O programa definido de progressão na carreira prepará-los para a exigência do profissionalismo.
Os melhores não vão precisar de muito mais do que de uma mãozinha e alguma paciência porque, se o profissionalismo for a sério, não vai ser fácil.


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