segunda-feira, dezembro 18, 2006

362.ª etapa


CICLISMO PORTUGUÊS, QUE FUTURO?
PRÉ-CONCLUSÃO – II


O Ciclismo em Portugal precisa – passe a expressão – de um chuto nos fundilhos, mas um chuto para a frente, e não num proteccionismo sem razão de ser que o feche ainda mais em si próprio.

Já percebi – navegando horas na www – que há uma nova geração de amantes de Ciclismo, geração essa que, tendo aprendido o básico sobre a modalidade, em Portugal – incluindo quem foram os seus principais artífices – tem como padrão o Ciclismo da mais alta roda.
Chegados aqui é fácil de perceber que, para não virmos a perder essa camada de apoiantes, que é ainda mais importante porque tem à sua frente uma longa vida (é o que desejo a todos), não há volta a dar. Só há uma solução: integrar, à força, se necessário, o Ciclismo Português nessa realidade.

Impossível? Não é nada!
Primeiro passo: reduzir drasticamente o número de equipas Profissionais. Não sei se quatro não seria termos já uma a mais. Seriam as mais importantes – num ponto de vista meramente de visibilidade na CS – e albergariam os nossos melhores Corredores? Mas, sem dúvida.

Três, ou quatro equipas Profissionais, com orçamentos semelhantes aos das suas congéneres europeias, com mais garra e maior ambição, porque nós somos capazes de chegar onde outros nunca chegaram. Fomos no passado e continuamos a ser. Deixemos de ser preguiçosos.
Claro que há corredores suficientes para fazermos quatro boas equipas para competir no Calendário Internacional. E não, não advogo nacionalismos bacocos. Se fosse preciso procurar reforços falantes de outras línguas… o objectivo é o de termos equipas competitivas. Capazes, já não digo de ganhar tudo, mas de lutar sempre por todas as classificações, em qualquer prova onde pudesse vir a estar, isso era o mínimo que exigiríamos.
Ah!, aquela equipa da Maia de 2002 e 2003…

O que vou a escrever a seguir faço-o com o mais profundo dos sentimentos. Como é possível, em vez de se tentar ocupar aquele lugar que tanto prestígio trouxe ao Ciclismo Português, se pode advogar um Ciclismo doméstico. Remediado. Só para salvaguardar empregos?
Queremos, exigimos, ambição.
Mas é que é uma ambição vinda de todos. Não só dos sponsors, não só dos directores-desportivos… e os Corredores? São ou não ambiciosos?
Caramba! Para terem um empregozinho certo, com ordenadozinho certo…
É que esta Modalidade é tão exigente. Pede-vos tanto. Tanto trabalho, tanto sacrifício…
O que é que paga isto?
Lutar por um lugarzinho no passeio dos famosos não vos atrai?

Mas recuperemos então a tal versão do Ciclismo preferencialmente doméstico.

Não falei dos jovens adeptos, aqueles para quem – provavelmente – o Ciclismo é o que acessam através da web – por mero acaso. E, mesmo sendo ridículo (ao pôr aqui uma pergunta que sei ninguém está a ouvir), pergunto: sabem ou não que, em Espanha, ou em França, há mais Ciclismo para além daquela meia dúzia (esticada) de equipas que vemos no Giro, na Vuelta e no Tour?
Claro que sabem.
Há as ProTour; há as Profissionais; há as Continentais… mas não acabam aqui, pois não?

Quem – eu faço-o mais por obrigatoriedade profissional – segue as Voltas à Normandia onde temos tido o Tavira, descobre equipas das quais nunca havia ouvido falar (ou lido). São as Elite francesas. Que têm um calendário extraordinário. Mas em Espanha também há.

Agora (já que fui ridículo uma vez, que mal faz sê-lo de novo?) quem é que me responde a isto: Porque é que a categoria Elite está perfeitamente diluída em Portugal? Claro que há Elites em Portugal. Integrados em duas ou três das equipas mais conhecidas dos Su-23 e noutras das quais, confessemos, nunca ouvimos falar. E a prova é que, nos Campeonatos Nacionais lá aparecem, de vez em quando, corredores – estou a lembrar-me de uma caso concreto, mas que já não sou capaz de situar no tempo – de um clube da Figueira da Foz. Que fazem tempos muito longe dos profissionais. Mas a mais não são obrigados.

Quantos Elite temos em Portugal? Quantas equipas só de Elite?
(O curioso é que aparecem alguns também nas equipas mais vocacionadas para os Veteranos)

Em França chamam-lhe Taça Nacional de França. É um conjunto de provas para Elites (as 2.12, afinal de contas) – que recebem também, para engrossarem os pelotões, equipas com corredores Sub-23 e algumas convidadas estrangeiras. Como tem acontecido com o Tavira. E o José Marques, ou agora o Vidal Fitas, que testemunhem a competitividade oferecida por essas equipas.

Não são equipas reconhecidas como Profissionais. O que só é autorgado às inscritas na UCI. O termo não-amadoras – usado no futebol, para as II e III divisões - é perfeitamente adaptável.
Se as equipas podem pagar o suficiente para que um Corredor não faça mais nada – e é o que geralmente acontece – tudo bem. Senão… naquelas divisões do futebol há estudantes e jovens com outras profissões. O Ciclismo também se corre, maioritariamente ao fim-de-semana. Como o futebol.

E é assim que eu antevejo a tal cohabitação entre projectos Profissionais e não-amadores.

Precisamos de equipas Elite. Precisamos de um Calendário definido para esta categoria (que é o actual .12) e assim teremos hipóteses de termos mais uma dúzia e equipas seniores num escalão que acho fundamental existir para servir de transição entre os Sub-23 e os Profissionais.
Ou não sabem que em Espanha são contáveis pelos dedos de uma só mão os jovens Sub-23 que saltam um degrau e se tornam logo profissionais? Aliás… leiam os regulamentos e confirmem o que vou escrever. nas equipas ProTour é que os atletas que Sub-23 passam automaticamente a Profissionais. Nas restantes Classes mantêm o seu estatuto de Sub-23, mesmo que com um contrato com uma equipa Profissional.

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