segunda-feira, dezembro 25, 2006

371.ª etapa



MAS, CICLISMO PORQUÊ?!!!...

Como é meu hábito, depois de “coleccionar”, aqui, no chão, ao pé da secretária, um montão de jornais, de vários dias, lá vem um em que me dedico a revê-los para fazer os habituais recortes e reler uma ou outra notícia. Às vezes, e não é raro, acabo por ver coisas que no dia em que os compro e leio deixei passar.

Um dos desportivos, na sua edição do passado dia 14, numa coluna de breves traz cinco notícias. Para aqui apenas interessam as três primeiras.
Vou transcrever os títulos (atentem bem neles) e o essencial da notícia.

DOPING I
A federação alemã de dança desportiva anunciou que (…) teve um controlo positivo. (…) Este é o primeiro caso de doping na modalidade naquele país.

DOPING II
(…) [O] ministro dos desportos inglês defendeu que as drogas recreativas (…) devem ser retiradas da lista de substâncias proíbidas (…)

CICLISMO
O ministério público de Dinant (Bélgica) pretende interrogar o ciclista Frank Vandenbrouck sobre o tráfico de produtos anabolizantes em ginásios.

Repararam?
Depois de um DOPING I e de um DOPING II, porque é que a terceira notícia, que se refere a um atleta que já nem está no activo, em vez de ser baptizada com o consequente DOPING III o foi como… CICLISMO?

Repararam na notícia?: (…) sobre o tráfico de produtos anabolizantes em ginásios.

Contudo, inconscientemente, acredito – e aconteceu neste jornal mas poderia ter acontecido em qualquer dos outros –, apesar de a notícia falar de um antigo corredor e reportar a um presumível acto de tráfico de anabolizantes em… ginásios, mesmo tendo, antes, usado o título repetido de DOPING e de nada impedir que ao I e aos II se seguisse um III, não, o título tinha logo que ser… CICLISMO.


Ainda um dia havemos ver, sob o título de CICLISMO, alguma coisa do género: fulano de tal, antigo ciclista, matou a rajada de metrelhadora 20 pessoas que estavam na paragem do autocarro...

2 comentários:

Antonio Dias disse...

Manuel,

Estou de acordo contigo, mas não podemos deixar de dizer que os próprios agentes do ciclismo foram contribuindo para que, ao longo das últimas décadas, se formassem estereotipo e clichés em redor desta modalidade. O problema do doping é global e é extensível a todo o desporto profissional, sem dúvida.
Mas, então porque insistem organizadores de provas, algumas federações nacionais e alguns ciclistas e directores desportivos em alertarem as pessoas para a gravidade deste problema no ciclismo? É porque é mesmo muito grave... e vai-se alastrando pelas camadas mais jovens. O director desportivo da equipa ATOM faz referência, numa crónica, à quantidade inusitada de ciclistas sub-23 espanhóis que ganharam provas com certificados médicos para uso de corticóides e derivados... Em Portugal, um jovem de 21 anos é apanhado nas malhas do doping, logo no seu primeiro ano como profissional, ainda por cima sendo reincidente (com aquela idade já...!)...
O que me preocupa é ouvir todos os dias relatos de pessoas de dentro do ciclismo, queixarem-se da pressão que os míudos sofrem, a partir de certa idade, para tomarem e isto e aquilo, muitas vezes de uma forma totalmente "amadora", sem supervisão de um médico ou de alguém que saiba que perigos comporta aquela substância...
É, por isto, Manuel, que o problema é muito grave...
Mas na questão fundamental que levantas, estamos de acordo, o doping não é um exclusivo do ciclismo, e como tal a modalidade não deve ser mal tratada desta forma.

Um abraço

mzmadeira disse...

Vivi, aqui em Alverca, duante cerca de dezena e meia de anos numa zona de cheias. O Tejo passa-nos aqui ao lado. Ano sim, ano sim... lá havia ma altura em que a água subia.
Na verdade, eu não consigo descobrir como é que se pode limpar a casa antes de conseguir fazer parar a água que sobe.

Descodificando: como é que se pode clamar contra alguns "atentados" ao bom nome da modalidade, ao mesmo tempo que se somam os casos de trafulhice. Mas é capaz de haver um meio e esse só poderia ser a capacidade de olhar para o Ciclismo com imparcialidade. O que hoje em dia não acontece.
Parece que só nesta casa é que as águas da cheia trepam, centímetro a centímetro, pela parede acima...