TIREM AS CONCLUSÕES QUE QUISEREM
E... HONY SOIT QUI MAL Y PENSE
(eu sei que estou a abusar desta frase...)
A notícia é de ontem, 2.ª feira, e foi distribuída pela Agência Lusa.
Dos 78 atletas que compõem a Delegação Portuguesa aos Jogos Olímpicos de Pequim, que começam já no próximo dia 8, uma equipa de especialistas da Faculdade de Medicina do Porto e do Serviço de Imuno-alergologia do Hospital de São João, também no Porto, pegou em 53 deles, fez-lhes as avaliações necessárias, para englobar, mais tarde, num trabalho de ordem ciêntifica e descobriu que dez sofrem de asma.
Dez em 53, dá quase 20%.
Estes dez atletas - cujos nomes, obviamente não são citados, logo ignoro quem sejam - munidos de uma declaração médica estão autorizados a serem medicamentados com corticóides ou bronco-dilatadores, desde que na forma de inalados, não aplicados intra-venosamente.
Outra achega, que li, ou ouvi um dia estes, curiosamente a propósito do Ciclismo.
Uma das maiores figuras do Desporto português, na actualidade, dorme há mais de dois anos, todas as noites, numa câmara isobárica que, como sabem, recria, mesmo ao nível do mar, as condições de rarefação de oxigénio que começam a acontecer a partir dos 2000, 2200 metros metros de altitude.
Consequência: o pouco oxigénio presente obriga o organismo a reforçar o número de glóbulos vermelhos no sangue para que este satisfaça as necessidades do corpo. Fora da câmara, mas com um número extra de glóbulos vermelhos, não só o sangue chega mais depressa a todas as partes do corpo, como a recuperação do esforço acontece muito mais rápidamente.
Alguém tem alguma coisa contra este método - que não deixa de ser artificial - de preparação para provas que exigem um enorme esforço físico? Não!
Aliás, o método não consta na lista dos ilicitos da diversas comissões anti-doping, da AMA, ao COI.
Mas o que é que eu li, então? Ou ouvi, já não me lembro.
Coloquemos um outro atleta - pode ser Corredor ou não - a fazer um estágio de 15 dias na Sierra Nevada, em Espanha, onde existe um dos centros desportivos de Alto Rendimento mais bem apetrechado da Europa.
E eu conheço-o bem porque, das seis Vueltas que fiz, pelo menos em três delas a Sala de Imprensa ficou nele instalado - e olhem que se nota bem a falta de oxigénio, digo-vos eu.
Ao fim desses quinze dias, em que, de forma natural, não induzida, esse atleta - que esteve a trabalhar, a treinar... - enriquece em numero de glóbulos vermelhos o seu sangue, devidamente supervisionado por um médico, esse atleta retira uma unidade (aquelas saquetazinhas plásticas que, quem já deu sangue sabe bem o que são) do seu próprio sangue e a guarda para, numa altura em que se sabe vai ser sujeito a esforços anormais, voltar a recebê-lo.
É isto doping?
Repito, devidamente supervisionado por um médico - o que sei, perfeitamente, às vezes não acontece - recuperar uma parte do seu próprio sangue enriquecido de forma natural, deve ser considerado método proíbido?
Quando a mesmíssima coisa, mas feita de forma induzida - pelo uso de uma câmara isobárica, por exemplo - isso é permitido?
Só quem não faz a mínima ideia do que é fazer uma prova de 23 dias, ou mesmo uma de onze, é que pode dar-se ao luxo de "exigir" um desporto puro.
E as massas comidas às 8 hotas da manhã?
Deve essa forma de reforço dos hidratos de carbono ser proíbida também?
Afinal de contas, um pequeno almoço "normal" devia ser uma torrada com manteiga e uma meia de leite!
O que eu acho, lendo, aqui e ali, opiniões de cátedra, é que basta ter um PC e não ser paraplégico, logo, poder usar as mãos, para escrever uma série de enormidades sem pés nem cabeça.
Mas o meu drama - o MEU drama - é que continuo ser arte nem engenho para tentar, ao menos tentar, explicar o quão singular é a disciplina desportiva chamada Ciclismo.
Mea Culpa!...
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