segunda-feira, julho 21, 2008

II - Etapa 155

J'ACCUSE!... (@)

Recorro a Émile Zola de forma a não deixar morrer o tenebroso plano engendrado na Rua de Campolide para assassinar desportivamente uma equipa, sem pensar, nem uma vez, que por trás de cada um dos homens perseguidos está uma família que só vive dos proveitos conseguidos pelo seu chefe, com o trabalho que desempenha, na profissão que escolheu.

Acuso...

... o CNAD, com a subserviência da Policia Judiciária, de ter, em forma tentada (e consumada), chegado ao conhecimento de factos que só por si, CNAD, jamais conseguiria... (a)

... a Polícia Judiciária (pelo menos o responsável pela Secção em causa) por se ter deixado enlear numa história que, seja qual for o seu final, jamais limpará o nome da Instituição, que deve ser imparcial e justa nas suas investigações...

... a Polícia Judiciária, na figura da Direcção Central de Investigação da Corrupção e da Criminalidade Econónica e Financeira (DCICCEF), de não ter cumprido o legislado, tendo feito os presumíveis implicados assinar o habitual documento de arresto de eventuais provas, sem que lhes tivesse facultado - como é obrigatório - uma cópia do mesmo documento... (b)

... a Federação Portuguesa de Ciclismo por, em conluio com o CNAD, ter, de forma irresponsável, armado uma cilada a UMA equipa de Ciclismo...

... o CNAD e a FPC por, nitidamente, não terem procurado, mas ESCOLHIDO uma vítima para que ambos - mais a Polícia Judiciária - mais não fazerem do que mostrar serviço...

... a Federação Portuguesa de Ciclismo por acto, não só de má fé (que é evidente, poderei confirmar), mas sobretudo de atropelo, à luz do legislação, da mais simples regra a que manda o Direito; ter feito sair, com data de 27 de Junho de 2008, um comunicado, que tenho em meu poder, a anunciar a suspensão de nove pessoas - incluindo cinco Corredores da equipa da LA-MSS-Póvoa de Varzim -, quando estes só tiveram conhecimento dessa mesma suspensão no dia 8 de Julho (sete dias úteis depois) por carta expedida via DHL...

... a Federação Portuguesa de Ciclismo de, ainda de má fé, convocar, através de documento nitidamente esvaziado de legalidade, os presumíveis suspeitos, sabendo de antemão que essa convocatória é, no campo legal, irrelevante e perfeitamente passível de ser ignorada, o que só serve os objectivos claros da mesma Federação Portuguesa de Ciclismo que são os de fazer arrastar um processo que não tem pernas para andar, o mais possível, sendo que de armadilha em armadilha, vai conseguir os seus verdadeiros intentos: impedir a equipa de correr...

... se, na sequência das buscas do DCICCEF, foi encontrado algo passível de abertura de um processo por parte do Ministério Público (MP), ao qual a PJ está adstrita, isso jamais poderá ser usado pelas estruturas disciplinares da FPC, pelo que sublinho aqui a irregularidade legal de que todo o processo enferma...

... se se confirmar o atrás enunciado, cabe ao MP instruir o prosseguimento das investigações, não podendo isso ser impeditivo do normal cumprimento das tarefas profissionais dos alegados implicados...

... só o Conselho de Disciplina da FPC tem poderes para suspender qualquer agente dentro da modalidade e o ÚNICO comunicado público (e não só, como será fácil de comprovar) é assinado pelo presidente da Direcção da mesma FPC, atropelando a obrigatoriedade da clara e constituicional separação de poderes...

... a Direcção da FPC convocou os responsáveis pelo Póvoa Cycling Clube da Póvoa para uma reunião que visava "esclarecer" a situação e nessa reunião apenas foi comunicado a estes que tinha sido (c) "instruída" -adj., que recebeu instrução; adestrada - uma advogada e que esta, ou o Gabinete do qual esta faz parte, lhes comunicaria, aos responsáveis pela equipa, das faltas de que estariam pronunciados e, ao mesmo tempo, convocados para uma audição...

... em primeira instância, isso compete ao Conselho de Disciplina da FPC...

... sendo, em termos legais, figuras completamente distintas, Corredores, Director-desportivo, massagista, médico e dirigente receberam, não do Conselho de Disciplina, mas do tal gabinete de advogados... instruídos, uma carta cujo teor é linearmente identico mudando apenas os nomes e posições dentro da equipa e sem referir claramente sob que estatuto eram requisitadas as suas presenças.
Arguidos?
Suspeitos?
Testemunhas?...
o que transforma a intimação naquilo que no fundo é: apenas uma carta, desta feita enviada por correio normal e que a alguns dos interessados chegou no mesmo dia em que souberam que estavam suspensos, embora sem que os tenham esclarecido porquê.
Esta carta, em termos legais, vale... zero.

A Federação Portuguesa de Ciclismo sabe perfeitamente disso, como sabe que os advogados constituídos (c) - é este o termo correcto - pelos visados os vão aconselhar a não comparecer à dita convocatória.

Que é, exactamente o que a FPC quer, pois assim o processo arrastar-se-á, e se não mudarem de tactica, arrastar-se-á ad-eternun, cumprindo os objectivos nebulosos, mas no entanto claríssimos, da FPC que é o de impedir, seja à custa de que artifícios for, a equipa de voltar a correr...

Ficam aqui tantas perguntas implicitas... que eu não posso fazer!
Mas deixo para que, quem puder as faça. Em nome da verdade.

É curioso que tenham perguntado ao Presidente da FPC quem era o novo DD da LA-MSS e não lhes tenha ocorrido perguntar, já que estavam a gastar dinheiro no telefonema, PORQUE É QUE HÁ CINCO CORREDORES, um técnico e um massagista impedidos de ganhar o pão para dar de comer às respectivas famílias.

É curioso que tenham perguntado ao presidente da FPC o que achava sobre uma notícia divulgada por uma estação de televisão alemã, que pretensamente envolve o médico que colabora com a equipa em causa - só as equipas Profissionais e ProTour tê, obrigatoriamente, que ter um médico indicado como membro a tempo inteiro na respectiva estrutura - e não lhes tenha ocorrido perguntar, já que estavam a gastar dinheiro no telefonema, PORQUE É QUE HÁ CINCO CORREDORES, um técnico e um massagista impedidos de ganhar om pão para dar de comer às respectiovs famílias.

E, neste último caso, até achei graça à resposta publicada: "Demos um passo em frente..."
Concordo! Só que estávamos à beira do abismo!
(Vocês conhecem a anedota!)

Falei hoje - que estou de folga, ao que tenho direito e me permite ser apenas... cidadão - com quatro dos "proscritos".

Ouvi soluços engolidos; vozes trémulas, tanto de preocupação como de raiva; homens que se sentem desamparados, à mercê de quem, descricionariamente manda no Ciclismo português. Que tem oposição, às vezes aguerrida, quando lhes convém - aos oposiores -, mas que agora parece não ter contestação.

Que espécie de homens são estes?

Que no pelotão reina um cinismo absurdo, em que todos dão palmadinhas nas costas de todos, mas que, quando seria preciso mostrar alguma solidariedade se eclipsam, isso nem me admira.
E a vocês, que me lêem?
E gostam?

Não me sai da cabeça uma frase que ouvi esta tarde e que espelha o que vai nas almas daqueles homens.
"Seja o que for que venham a decidir, decidam rapidamente. Há jovens que apostaram no Ciclismo como profissão e agora estão impedidos de correr..."

E porque é que nada foi decidido ainda, e nada vai ser decidido nos próximos meses?
Porque não há, materialmente não há, nada que sustente as suspensões.

E não acham que nesta embrulhada toda está a faltar qualquer coisa?
Exactamente... está a faltar o trabalho que todos esperamos da Comunicação Social.

Já agora, desde que não seja como uma certa entrevista pedida a um Corredor da equipa em causa - não este não está suspenso - que este concedeu e, acreditando na honestidade do jornalista, do Jornal, aproveitou para sair na defesa dos seus pares para depois ler um trabalho desonestamente orientado, do qual foram subtraidas todas as declarações "politicamente incorrectas".

E daqui vos encaminho directamente para o artigo que, mesmo que já tenham lido (enquanto eu escrevi este) devem voltar a ler.
SÓ HÁ UM HOMEM QUE PODE SALVAR A VOLTA A PORTUGAL.

É o Senhor João Lagos.

(a) - Reitero que provas obtidas de forma irregular não podem ser admitidas em nenhum processo...
(b) - É obrigatório que do auto de levantamento de provas seja feito um duplicado que, naturalmente, será entregue a quem foi alvo desse levantamento. Só assim está garantido que não haverá adulteração do documento. Porque é que não foram, embora, sei-o eu, tenham sido solicitados, deixados duplicados aos elementos a quem foi apreendido... Guronsans, por exemplo.

6 comentários:

aamorim disse...

Amigo Madeira,
Subscrevo na integra tudo aquilo que escreveu e afirmou. E, se tal me for permitido, assino por baixo, fazendo minhas as suas palavras.
Admiro a sua coragem e integridade, não se calando perante as evidentes injustiças que acontecem na nossa modalidade de eleição.
E é evidente uma grande revolta, só sentida a quem é permitido acompanhar de perto a grave situação financeira, moral e psicológica "daqueles que esolheram o ciclismo como profissão". Também é o meu caso e infelizmente não parece que o seja para os responsáveis da modalidade, lá no alto do seu pedestal, rodeados de bajuladores.
Pena é que só seja possível exprimir a nossa indignação por este meio (que sabemos todas os agentes ligadas à modalidade acompanham), com alcance limitado.
Lamento profundamente que os órgãos de comunicação social não façam eco do que aqui é exposto, e que, reafirmo, subscrevo integralmente.
Mas infelizmente já me habituei à subserviência do mais variados agentes da modalidade (OCS, Equipas, instituições, etc.). Só não consigo entender o medo deles... Deve ser uma forma de vida!!!
Também eu já tentei, da forma que encontrei, alertar e exprimir a minha indignação enquanto adepto da modalidade, a várias entidades que poderiam por cobro a toda esta "cabala infâme". Até à data nenhuma resposta obtive (sinceramente também não a esperava).
Tivesse eu oportunidade e meios disponíveis, não hesitaria em tornar pública "a minha correspondência" oportunamente enviada a quem de direito.
Resta continuar a tentar remar contra a maré e lutar para que estas injustiças possam ter um fim.
Mas, não tenho dúvidas, será mais fácil ensinar "um porco a andar de bicicleta" que mudar as mentalidades para os lados da Rua de Campolide.
E agora, se me permite, a minha pergunta (que também as tenho): QUEM SERÁ(ÃO) O(S) MENTOR(ES) E A QUEM INTERESSA PROLONGAR ESTE MISERÁVEL PROCESSO?
Infelizmente "eles" sabem como funciona o "sistema" e que no fim sairão sempre impunes, não serão responsabilizados pelos graves danos patrimoniais e morais que continuam a causar!

P.S. - Não pretendo de alguma forma causar qualquer embaraço por ter abusado deste espaço, por isso, saibam "os interessados" que assumo total responsabilidade do que escrevi, estando a minha identidade disponível para quem "se possa sentir incomodado". Basta que seja pedida, mas para isso, terão de dar a cara.

mzmadeira disse...

Caro António...

e é evidente que esta resposta é para todos os a lerem...

.. passei por momentos maus, pensei que me ia sem ter feito nada de extraordinário nesta vida, a vida dos da minha geração, apanhada na dobragem da História.
E, confesso, tive mesmo medo de partir e nunca mais ser lembrado.

Por isso, e para espanto de alguns, mudei.

Mas sempre fui um homem de causas. Ideologias, para mim são irrelevantes, se por trás não houver uma causa justa.

Alguém "bem nascido" e que na vida mais não fez do que colher da árvore - enquanto eu, quantas vezes não tive que esgravatar na terra - aquilo que outros plantaram, confunde a minha convicta opção neste triste caso, com amizades. Que não renego. Que raio de amigo seria eu?

Mas há quem ainda não perceba que aquilo a que estamos a assistir na poltrona é um acto de inqualificável prepotência.

Isto sem prejuizo de, provando-se que há alguém passível de nota de culpa, não deixarei de exercer o meu direito á critica. Até à indignação. Mas não serei eu a julgar seja quem for, que não tenho autoridade, nem moral nem outra, para isso.

Agora, não me calo.
Não me calo na defesa de quem apenas está a ser vítima.

Tive hoje [ontem, quero eu dizer] a oportunidade de perceber - o que já adivinhava - e até sentir o drama que está a envolver inocentes.

Estou farto de o dizer, prezo por demais a minha liberdade e sei que para defende-la, tenho que começar por ajudar a defender a de terceiros. Se permitimos, se calamos atrocidades deste calibre só porque não é nada connosco... como poderemos bradar por ajuda quando nos calhar a nós?

A minha geração foi a das mais tristes das últimas gerações, quase sem referências... a não ser que tenhamos tido a preocupação de ir lá atrás e tentar perceber porque é que a geração anterior ficará para sempre na História...

Da actual não espero nada.
Não me dá o mínimo de garantias. Aterroriza-me só de pensar que amanhã será ela, esta geração, a comandar a minha vida porque será dela o poder.

Semi-analfabetos, apesar dos "canudos", sem qualquer experiência de vida, habituados ao leite-e-chocolate na mesa para o pequeno almoço, logo que se dignem levantar da cama depois de noites desbaratadas em bebedeiras gratuitas só porque sim.
Tenho medo deles.

Mais ainda dos que se armam em superiores. Dos que ignoram o que é a solidariedade, dos que nem sonham o que é a amizade.
E dos que não conseguem ser capazes de separar esta de uma honesta (talvez quixotesca, mas honesta) vontade de justiça.

E porque os conheço, no mal e no bem, e porque sei como são, dói-me que esses mesmos façam agora de conta que não me conhecem de lado nenhum.

Perderam foi um capítulo importante na minha vida, aquele de ter percebido que podia abalar sem ter feito nada digno que marcasse de alguma forma a minha efémera passagem por este Mundo.

Confesso-me aprisionado por motivos que nada têm a ver com os fundamentais valores que temos a obrigação de defender... estou fragilizado.

Mas nem por isso me calo.

Não é habitual termos uma segunda oportunidade. Estou consciente que uma recaída significará o fim da linha. Nessa altura posso não ser capaz de falar, por isso aproveito agora para GRITAR...
QUERO JUSTIÇA!

Quero justiça!... E custa-me ver que só por mesquinhez há tanta gente a assistir do sofá a esta situação claramente manipulada sem sequer se indignar.

E custa-me não ouvir bradado bem alto, o grito que eu mesmo queria gritar bem, alto. Mas que não posso...

Mas um dia vou poder.
Enquanto esse dia não chegar, vou "gritando" aqui.

E já o escrevi uma vez, e volto a escrevê-lo... não é que me está a dar um certo gozo o saber que há, aí fora, quem esteja com medo que, de repente, esse dia em que saberei não vou ter mais nada a perder, eu vou gritar aos quatro ventos "desfazendo" figurinhas e figurões, reduzindo-os à sua simples condição de... vermes, que só estão a pedir um tacão de sapato que os esmague contra as pedras da calçada?

Muitos não perceberão esta mensagem, mas sei que os que teriam que a perceber a lerão tal qual como eu pretendo que ela seja lida.

aamorim disse...

Clara como a água da fonte. Disponível como sempre.
Abraço

Pedro Santana disse...

Caro Amigo Madeira:
Apesar de concordar inteiramente com o que pensa e escreve, não posso deixar de fazer uma correcção.
Quando diz que devia ter sido entregue cópia dos Autos de Apreensão das Buscas Domiciliárias efectuadas, isso não corresponde à verdade, uma vez que apesar de ser de bom senso que seja entregue, a lei assim não o obriga.
Passo a citar:
Artigo 183.º
(Cópias e certidões)
1 - Aos autos pode ser junta cópia dos documentos apreendidos, restituindo-se nesse caso o original. Tornando-se necessário conservar o original, dele pode ser feita cópia ou extraída certidão e entregue a quem legitimamente o detinha. Na cópia e na certidão é feita menção expressa da apreensão.
2 - Do auto de apreensão é entregue cópia, sempre que solicitada, a quem legitimamente detinha o documento ou o objecto apreendidos.
Artigo 183 do Código Processo Penal.
A lei diz que deve ser entregue, SEMPRE QUE SOLICITADA, e uma vez que os visados desconheciam este facto, e aos elementos da PJ não lhes interessava entregar copia, a mesma não foi entregue.
Abraço de Amizade.

mzmadeira disse...

Obrigado Santana, é precisosa essa sua "adenda" ao meu artigo.

Pelo menos um dos Corredores perguntou a uma inspectora da PJ se não ficava com uma cópia do documento que assinara e a resposta foi a de que não era necessário.

Não conhece a PJ a Lei?
Ou o pedido da cópia tem que ser feito à posteriori, num qualquer balcão de atendimento ao público, depois de preenchidos meia dúzia de papeis "legais" a pagar numa tesouraria das Finanças?

Pedro Santana disse...

O único que ficou com cópia do Auto de Apreensão foi o DD da equipa porque pediu.