quarta-feira, julho 16, 2008

II - Etapa 144

(Eu, e as minhas frases feitas...)
NÃO BASTA SER SÉRIO, É PRECISO TAMBÉM PARECÊ-LO

Por motivos que são nitidamente de foro pessoal, venho aqui prometer a quem isso possa interessar, que vou tentar - tentar, que um homem não é de ferro e eu até tenho madeira no nome - não me pronunciar tão regularmente sobre os conteúdos do Jornal Ciclismo, publicação que apoio, em termos de projecto, de forma incondicional.

Quem estiver de boa fé reconhecerá que, motivado por algumas intervenções minhas - algumas delas contundentes, não serei eu a negá-lo, até porque o fiz em consciência - o Jornal melhorou.

Pelo menos já não acoita descarados plágios. Porque por mais não fosse, já chega para eu ficar satisfeito.

O Jornalismo é uma Nobre Arte.
Quem o faz tem que se reger por um exigente mas honesto Código Deontológico.

Parafraseando parte de uma estrofe de uma canção de José Mário Branco, "só assim será poema - leia-se aqui, Jornalismo -, só assim terá razão".

Custou aos responsáveis editoriais do referido jornal que as minhas críticas tenham sido públicas.
Porquê?
O Jornal não é para o público?
Houvesse uma secção de cartas dos leitores... fariam o que os demais fazem?
Só publicariam as mensagens abonatórias?

Seja como fôr, e não vai ser fácil convencer-me do contrário, só as minhas intervenções públicas, aqui, e só aqui, no VeloLuso, fizeram arrepiar caminho a uma linha editorial que chegou a roçar - no pior dos sentidos - o jornal de paróquia.

Mas eu sempre identifiquei claramente os objectos da minha crítica.
E nunca duvidei de que tinha por mim a razão.
O resto não me diz respeito.

Aliás - e façam-me essa justiça - eu tive a coragem (sem pesar a insasatez) de aqui mesmo criticar opções do meu próprio Jornal.
Se eu fui capaz disso, não esperem que me cale perante atrocidades como aquelas que denunciei.

Mas, como escrevi logo no príncipio, e para evitar ferir susceptibilidades, não voltarei a fazê-lo (publicamente) a não ser que a coisa seja tão descarada que mereça a denúncia pública.
Aí não contem comigo para ficar calado.

No resto, e sempre que o achar pertinente, passarei a discuti-lo por outras vias.
Longe dos olhos dos que são, ao mesmo tempo, leitores do Jornal Ciclismo e do VeloLuso.

Mas permitam-me...
Neste último número - que só ontem, terça-feira, recolhi e pude ler - voltamos a ter mais do mesmo, no editorial, que é o espaço nobre para propagandear a opinião dos responsáveis, lemos um choradinho continuado.
Um patético exercício de vitimização. Isto para, depois, naquilo que deviam ser testos informativos, voltarmos ser obrigados a levar com a opinião de quem faz o jornal.

Será assim tão difícil de perceber que o leitor gosta de saber a opinião de terceiros, mas que num Jornal, essa figura jornalistica tem, obrigatoriamente, que ser identificada sem deixar margens para dúvidas?

Trechos como... o João Cabreira "apesar de metade da equipa estar suspensa" - estou a citar de cor - foi um grande campeão; ou que "devido às suspeitas que caem sobre a equipa" esta não vai correr o Troféu Joaquim Agostinho... podem ser lidos como "informação" por alguns leitores que - os mais atentos notá-lo-ão -, no entanto, não deixarão de se perguntar porquê estar a dizer a mesma coisa "n" vezes.
Todas, as que se fala da equipa.

Os responsáveis pelo Jornal, achando-se em condição disso, até podiam abrir com uma simples nota a dizer: "Porque a equipa X está a ser alvo de investigação, decidimos não falar nela!"

Porque não?
Eu, com as suas - deles, responsáveis pelo jornal - convicções, não hesitaria.
O problema é que - e isto é agravado pelo facto de ser um jornal especializado - ao fim de quase dois meses - quatro números - não terem feito o mínimo esforço para nos a judar a todos a formatar (ou reformatar) a nossa própria opinião.
Não acrescentaram nada. Zero. Nicles...

Só a insistência numa suspeita que ninguém, nem as autoridades, policiais e federativas, que tanto gostariam de apresentar o caso definitivamente concluído, conseguem provar.

Isto começa por ser desonestidade jornalistica e acaba sendo exactamente naquilo que acusam terceiros de o fazer... uma cabala.
Só que de sentido contrário.

A "obrigação" do Jornal Ciclismo é, pelo menos, tentar ir mais além daquilo que os outros escrevem. Mas parece que estão à espera que seja o 24 Horas ou o Correio da Manhã a estampar presumíveis provas.

Isto porque deixam claro que acreditam, no Jornal Ciclismo, que essas provas existem. Devem estar a engordar para corpo 48, de forma a darem manchete.

E depois, os seus responsáveis - eu não sei qual deles, sendo que conheço muito bem um, e sei o suficiente acerca do outro para tirar as minhas próprias ilacções - confundem-se e confundem os seus leitores.

É pecado mortal, para um Jornal, deixar os seus leitores na dúvida.
Quem é que compra um Jornal para ficar a saber menos do que já sabia?
Percebem, companheiros?

Isso que estão a fazer não é isenção. Antes pelo contrário.

E, re-sublinho... nenhum editor num jornal a sério deixaria passar textos que, disfarçados de informativos - factuais - escondem uma (des)envergonhada opinião, ainda por cima não sustentada, por que não sustentável.

Este caso particular da LA-MSS-Póvoa de Varzim, e dentro daquilo que é do conhecimento público, sendo que um OCS só tem razão de existir se existir para esclarecer a opinião pública, nunca para a confundir ainda mais, só pode ser abordado pela mesma CS se assente nos factos conhecidos. Por todos, ou - é o sonho de qualquer Jornalista - com provas conseguidas em exclusivo.

Nunca em torpes insinuações ou, já nem digo acusações, mas numa abusiva exploração do que se não conhece, sendo que compete à CS tentar sabê-lo por forma a esclarecer os seus leitores.

Porque é que o Jornal Ciclismo não ouviu os esponsáveis pela equipa?
Eu sei que eles não falam. Muito menos para quem tem, para com eles, atitudes como o Jornal Ciclismo vem a ter.

Então, que ponham a falar a FPC.
Que seja o primeiro a explicar-nos porque é que a referida equipa não pode correr, e quais são os motivos que justificam a suspensão dos elementos que foram suspensos.

Ou então que oiçam o CNAD. Ou então que saquem uma delaração, nem que seja do gabinete de Relações Públicas da PJ.
Qualquer coisa que justifique a vossa clarissíma opção.
Já condenaram a equipa!

Sob que pressupostos... isso eu não consigo adivinhar.
No Jornalismo sério não se toma o partido de uma das partes. Nunca.

É que a seguir a esta situação - que até pode descambar para um cenário que justifique (mas será sempre à posteriori) a vossa opinião - hão-de acontecer dezenas, centenas - porque eu desejo, sinceramente, que o jornal vingue e esteja nas bancas durante os próximos 50 anos, para começar - de outros casos.

E se o Jornal assumir uma atitude diferente, então não vai durar 50 anos não...
Aceitem esta crítica como um empurrãozinho que tenta voltar a meter-vos nos carris.

A opinião de alguém que anda (ou andou, se quiserem ser mauzinhos, mas ninguém pode antecipar o dia de amanhã) há mais de década e meia no Ciclismo.
Sem que com isto vos queira inferiorizar. Percebem?

Que um jornal de um Clube seja faccioso e veja marosca em tudo o que pode utilizar para desresponsabilizar as fraquesas desse clube; que o jornal de um partido político faça do editorial um lenço enorme onde seca as lágrimas de um desgosto de se sentir não compreendido, e depois nos textos aproveita para dar umas "bicadinhas" nos adversários políticos... sendo que jamais considerarei isso de Jornalismo Honesto, até compreendo.

Agora um jornal especializado em Ciclismo apartar - sem poder sustentar essa sua atitude - uma equipa das demais só porque... sim, isso, meus caros amigos, não compreendo.

E vou esperar, sinceramente que sim, que daqui a 15 dias possa ser o Jornal Ciclismo a revelar-nos toda a verdade que aparece embrulhada neste caso. Aí, só não me calaria para sempre, porque faria - farei - questão de vir à praça pública aplaudir a coragem do vosso trabalho a mãos ambas.

E pronto, tal como comecei por prometer, só em situações que ultrapassem a normalidade voltarei, aqui, no VeloLuso a referir-me (pelo menos em termos negativos, porque serei sempre o primeiro a aplaudir tudo o que de bom acrescentarem ao panorama geral da imprensa portuguesa, no que ao Ciclismo diz respeito) aos conteúdos do Jornal Ciclismo, isto sem prejuízo de, utilizando outras vias, entrar em contacto directo com os seus responsáveis tentando fazer valaer a minha opinião.

Com um abraço,

Manuel José Madeira

1 comentário:

aamorim disse...

Amigo Madeira, enalteco a mesma postura e o mesmo critério de sempre, a que o nosso amigo nos tem habituado. Sempre com o ciclismo como desporto em primeiro plano e na sua defesa. Não "embarca" no sistema de subserviência tão habitual no jornalismo desportivo em geral. Nem sequer no populismo da notícia fácil e falaciosa, tão normal nos nossos meios de comunicação. E, não tenho dúvidas, essa postura deve ser fartamente recompensada em dissabores vários. Um bem haja para aquele que tem a coragem de ser fiel aos seus principios e ao código deontológico da sua profissão. Abraço