(LA já tem um técnico com o nível III)
Como devem ter reparado na Etapa anterior, a equipa da LA-MSS-Póvoa de Varzim aparece pré-inscrita na Volta à Comunidade de Madrid, com oito Corredores e apresenta como Director-Desportivo o... Manel Zeferino.
Ora, como todos sabemos, daqueles oito Corredores, um não poderá estar presente porque se encontra suspenso - estamos ainda todos à espera de saber sob que acusação! - mas a equipa poderá correr com apenas sete.
Não pode!, dirão os mais conhecedores.
Não pode porque não tem DD, já que o Manel está, também ele suspenso pela FPC.
Duas ou três etapas antes desta, um leitor do VeloLuso diz (num comentário), mais ou menos isto:
«De cada vez que a equipa [da LA-MSS-Póvoa] encontra uma solução para continuar na estrada, alguém descobre um novo entrave para a impedir de o fazer.»
Pois é!... e lá venho eu bater na desgastada tecla do "não basta ser-se sério, é também preciso parecê-lo".
É que a LA-MSS-Póvoa ficou impedida de estar em algumas corridas porque ficou sem seguros; arranjou otros seguros, normalizou a sua situação - até junto da UCI, via FPC - mas logo esta voltou a impedir a equipa de correr castigando o Director-desportivo, o médico, o presidente da direcção do clube e ainda um massagista que teve o azar de ser aquele que, dos que têm as chaves do camião, ser o que estava mais perto e por isso o foi abrir, cumprindo o que estava escrito num mandado de busca assinado por uma juíza de Lisboa.
Aqui, e já que ninguém o explicou, convém esclarecer que, sendo verdade que a inscrição de uma equipa não está completa, logo não é válida, se não tiver um DD, a suspensão deste não impede a equipa de correr.
Não há, em lugar algum do RGTC, qualquer alusão à situação de um DD poder ser suspenso, acarretando isso a inibição total da equipa.
E, francamente, não consigo perceber como há tanta gente que se agarra a dois ou três artigos do RGTC, porque lhes dá jeito para sustentarem a sua opinião pessoal, quando, aparentemente, nem se deram ao trabalho de ler a porcaria das 415 páginas que o compõem.
Sim, são 415, mas é preciso ler todas se nos focarmos apenas no Ciclismo de Estrada...
Eu tenho duas explicações para isto mas, confesso, acho cada uma delas mais grave que a outra.
A primeira... que se parte do príncipio que todos os adeptos conhecem o RGTC de fio a pavio. O que não acredito!
A segunda... é que nem os jornalistas de Ciclismo conhecem o RGTC.
Certo que é impossível saber aquilo tudo de cor, mas, e ao longo das várias batalhas que aqui venho travando, confesso - perdoem-me a imodéstia - que, pelo menos e consoante o tema em discussão já sou capaz de ir direitinho ao capítulo do RGTC que dele trata... pela cor das páginas.
(O RGTC está dividido e Capítulos e cada um deles impresso em folhas de cores diferentes.)
Recuperemos a questão central.
Já li - não estou a dizer que foi num Jornal! Já li... e posso ler em muitos sítios - que com cinco corredores suspensos a LA-MSS-Póvoa teria que partir para a contratação de mais Corredores.
Errado.
Uma equipa Continental, segundo os regulamentos da UCI, pode ter entre OITO e 14 Corredores. Mas isto refere-se ao momento da sua inscrição. Entretanto, e por acordo entre todas as partes, antes do início da temporada, em Portugal, ficou definido que o mínimo de Corredores a inscrever por cada equipa era de DEZ.
(Percebem porque destaquei a parte a inscrever?)
Tal como no caso do DD, também nada está previsto no RGTC em relação ao impedimento temporário, por suspensão, de qualquer corredor.
E aqui, atenção a um caso... parecido, mas diferente.
Uma equipa Profissional Continental TEM que ter, no mínimo, 14 Corredores. Por isso, e porque não se tratou de uma suspensão administrativa, mas de um despedimento, o que significa a cessessão de contrato de trabalho, o ano passado quando o Benfica deixou cair o Sérgio Ribeiro teve que fazer subir um elemento da equipa de sub-23 para ficar com 14 corredores. Mas são casos diferentes.
Voltemos ao caso da suspensão do DD...
Tal como acontece no futebol - que disto, certamente todos perceberão - o impedimento do treinador resume-se à presença no banco, durante os jogos.
Ao longo da semana ninguém o impede de orientar os trabalhos da equipa, nas três horas antes do jogo começar, ninguém o impede de definir a estratégia e a táctica da equipa, só não pode estar sentado no banco. E temos "n" casos de treinadores suspensos que, a partir da bancada, ou do camarote, dão instruções, em cima do momento, a quem o substitui no banco.
A suspensão do DD é mero acto de secretaria.
Aliás, nem precisam ser suspensos para não estarem nas corridas.
E o exemplo que vou adiantar não quero que o liguem com o resto do assunto.
Há várias equipas que, quando da inscrição na FPC, indicam um nome para duas funções. E quantas vezes o José Marques, inscrito como massagista, não apareceu a comandar a equipa da Barbot? E quantas vezes o Luís Machado, inscrito como massagista, não apareceu a orientar o Boavista? E de cada vez que a antiga ASC-Vila do Conde ia correr ao estrangeiro, o José Augusto Silva ficava cá e que ia como DD era o José Reis, director da equipa. Naturalmente, também ele possuidor do diploma de director-desportivo...
O drama, o grande drama pelo qual estamos a passar, é que não se explicam as decisões da FPC. Aliás, já li que o presidente da FPC confirmou a suspensão dos nove elementos da LA-MSS-Póvoa de Varzim.
Boa!... Confirmou um documento que fez sair assinado por si próprio!...
Mas porque raio estão suspensas nove pessoas da equipa da LA-MSS-Póvoa?
Voltemos então ao princípio.
Não sei se ainda se lembram, assim, sem voltar atrás a ver as etapas anteriores, que a LA-MSS-Póvoa de Varzim continua a não poder ser afastada das corridas.
Mas guardei para o fim uma novidade.
A LA-MSS-Póvoa - a quem foi negada a possibilidade de poder vir a ser dirigida por uma técnica da casa, com as mesmíssimas habilitações que quase a maioria dos seus colegas, homens, que andam no pelotão principal, e ninguém perguntou ao doutor Artur Lopes o porquê! - já tem um novo Director-desportivo...
... alguém que, como a FPC exigiu - numa "lei" que parece ser de aplicação exclusiva sobre a equipa da Póvoa - tem o Curso de Nível III de treinadores.
Já entrou na FPC há, pelo menos, três dias - falo de 3.ª feira - uma actualização da "ficha técnica" da equipa. O Manel Zeferino passou a ter um adjunto com o exigido Nível III.
E que está em perfeitas condições regulamentares para sair no primeiro carro da equipa seja em que corrida for.
E ainda havia a questão do médico.
Sós as equipas Profissionais e do ProTour são obrigadas a ter um médico a tempo inteiro. E não me digam que não sabem que isto nem sequer é cumprido...
As Continentais apenas precisam que um licenciado se responsabilize, em nome da equipa, pela autorgação dos resultados dos exames prévios, feitos antes da temporada começar. Nem são obrigadas a ter um médico fixo. De cada vez que for necessário comprovar seja lá o que fôr, basta que o seja por um médico com a cédula activa.
Não foi fácil, sei que não foi fácil, mas a equipa da Póvoa lá garantiu um médico semi-oficial (e, repito, o regulamento não pede mais do que isso) para, em casos mais urgentes intervir e garantir que o receituário aplicado aos corredores não viola o regulamento anti-dopagem.
A indicação do novo técnico auxiliar (com o pedido Nível III) e do novo médico, deu entrada na sede da FPC na 4.ª feira. Se não estiver aprovada hoje, ou a tempo de a equipa poder, sem atropelar artigo algum do RGTC, participar, para já, na Volta à Comunidade de Madrid então serei obrigado a concordar com aquele leitor que chamou a atenção para o facto de que, de cada vez que o clube resolve ma situação que, segundo a FPC, impede a sua equipa de correr, esta arranja outra sitação nova... e se isto acontecer, não digam que sou eu que ando a ver "fantasmas" e "cabalas" em todo este caso.
E escreverei com todas as letrinhas, este caso tem um e só um objectivo: aniquilar a equipa. Já nem é acabar com o Manel, enquanto Director-desportivo, é mesmo apagar a equipa do mapa.
E reparem nos cinco Corredores que foram suspensos.
Sabe-se há muito que há dois casos passiveis de sofrerem castigo disciplinar. Dois. Eu até já escrevi que a FPC suspendeu cinco, para não identificar de imediato os dois - se calhar ainda não tem matéria suficiente para os incriminar - mas a verdade é que naqele grupo há três completamente inocentes.
E, podendo "escolher" qualquer um para este lote de cinco, quem é que logo foi escolhido?
O Pedro Cardoso, o capitão da equipa, o Corredor que, no pelotão e mesmo sem DD, ou com um DD inexperiente, orientaria a corrida do bloco povoense na estrada.
Digam que eu só vejo "cabalas"!...
(editada às 10 horas da manhã)
4 comentários:
De facto isto já se começa a tornar um autentico linchamento .
No ultimo paragrafo fala do Pedro Cardoso , que de facto seria a pessoa indicada para substituir o Manuel Zeferino e dentro do pelotão , essa tinha-me passado ao lado , mas desde o inicio desta treta toda que me tenho lembrado e muito do Pedro , depois de tantos anos de sofrimento e dedicação ao ciclismo naquela que poderia ser a sua ultima época como ciclista e deveria ser uma epoca em beleza, dentro deste rol de injustiças esta é mais uma sinceramente não merecia.
Abraços a todos e em especial ao Pedro.
PS - O pais não vos merece juntem-se a um clube e patrocinador espanhol peçam uma licença em espanha passem a correr lá .
Finalmente em férias. Duas semanas que, por tradição e desespero de dois elementos da família, coincidem sempre com as duas últimas semanas da Volta à França, permitindo assim assistir diáriamente ao final das etapas. Mas felizmente com apoio do outro elemento masculino, que também é adepto incondicional do ciclismo. Esta edição com menor interesse, pois o vencedor de 2007 não está presente para defender o seu título. E também já manchado por um caso confirmado de doping. Será que, graças aos muitos interesses de alguns e à teimosia declarada de outros, teremos de assistir ao mesmo na Volta a Portugal? Com grande tristeza e indignação minha, tudo aponta para que isso possa vir a acontecer. Sei que neste momento a LA MSS terá resolvido os problemas que lhe tem sido impostos, impedindo-a de correr. E tudo indica que irá participar em duas provas em Espanha antes da Volta a Portugal. Irá, se entretanto não "aparecerem novas complicações" que impeçam o seu regresso à competição (será que vai ressuscitar a comissão de estrada com os seus célebres "aconselhamentos/imposições aos organizadores"?). Há muitos, continua a haver, verdadeiramente interessados em continuar a "disputar a época desportiva na secretaria". Os mais desatentos deverão estar a pensar que falo de futebol, mas não, os meus desabafos são mesmo sobre ciclismo. E a APCP (Associação Portuguesa de Ciclista Profissionais), ainda existe? É que não me recordo de alguma acção concreta da APCP ou do seu Presidente, em defesa dos ciclistas profissionais da LA MSS. Mas não estranho, se aquela equipa tem regras federativas próprias, só a si aplicáveis (por exemplo, a exigência de um director desportivo com o curso de treinador de grau III), porque seria que a APCP não teria uma actuação consentânea com a da Federação? São muitos os silêncios e a subserviência das instituições em relação a este caso LA MSS (também estou a falar da imprensa, é claro). Resta apenas a esperança que a JLS/PAD se demarque de tudo isto, convidando aquela equipa a participar, permitindo assim ao Xavier Tondo a defesa do seu título. Isto claro, se entretanto não surgirem novos elementos sobre as suspeitas que pairam sobre a equipa (já desespera a eternidade da espera dos resultados das análises "aos produtos" e dos controles anti-doping realizados aos atletas há quase dois meses - Na Volta a França, decorrido menos de uma semana do seu início, já há resultados da primeira etapa!!!). Conheçendo a habitual postura do Joaquim Gomes, acredito que a presença na Volta da LA MSS possa acontecer... A não ser que entretanto também consigam impor "vontades de terceiros" à JLS/PAD. A bem da modalidade e dos seus adeptos, espero bem que não. Iria ser demasiado mau para o ciclismo em Portugal.
Não existe um sindicato ou uma associação de corredores que defenda os interesses dos mesmos ? É que estão ciclistas impedidos de exercer a sua profissão sem lhes ser dado um motivo plausivel para tal.
Não existe uma associação ou sindicato que represente os directores desportivos ? É que aqui está um caso de descriminação , se outros podem dirigir com o nivel II , e neste caso houve uma pessoa a quem essa possibilidade lhe foi negada , das duas uma ou é descriminada por ser mulher , o que não quero acreditar que tal seja possivel num estado democratico, não quero crer que o nosso Portugal a esse nivel se squipare aos Paises que fazem tal descriminação , logo só pode ter sido discriminada por ser da equipa ( " Maldita " . para os lados da rua de campolide ) LA MSS PÓVOA. Agora imaginem esta discriminação no futebol onde varios treinadores exercem o cargo sem o nivel apropriado .
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