sábado, julho 12, 2008

II - Etapa 137

QUEM MANDA NO CICLISMO É QUEM SOBE A PÉ
OS SEIS QUILÓMETROS DE MONTEJUNTO,
NÃO OS QUE SOBEM DE MERCEDES...


Tive há pouco, antes de sair do Jornal, a possibilidade de ver a foto que mais logo verão a ilustrar a peça sobre a 3.ª etapa do Troféu Joaquim Agostinho.

Tempo de Invermo puro, mas com uma assinalável multidão ao longo da parte final da subida. Tivessem perguntado a esse povo anónimo o que acha da suspensão da equipa LA-MSS-Póvoa de Varzim.

Eu sei que não o fizeram. E é por isso mesmo que aqui deixo esta interrogação...
Sem fim.

10 comentários:

aamorim disse...

Caro Madeira, algum dia teria de acontecer. Desta vez sou obrigado a estar em total desacordo consigo. Quem manda no ciclismo está nos gabinetes e salas de reuniões bem climatizadas. Não tem de subir a pé o Montejunto, a Senhora da Graça, a Serra da Estrela, etc, debaixo de sol, calor, chuva, frio, etc. Nós, os adeptos, suportamos tudo isto com boa disposição e um sorriso nos lábios, para ver passar por breves instantes os "sofredores" em batalha pela serra acima. É até um pouco irracional tantas horas, tanto sofrimento por apenas uns breves instantes de contacto com os nossos heróis. Mas, ano após ano, lá estamos! O que não suportamos é a hipocrisia, o despotismo de alguns responsáveis desta modalidade, que teimam em a prejudicar, em sujeitar-se às pressões e influências, em sucumbir ao seu orgulho. Mas não o conseguirão, há-de chegar a hora da sua retirada e nós cá continuaremos com a nossa boa disposição e um sorriso nos lábios. Mas entretanto muitos sairão gravemente prejudicados pelo arrastar dos "processos", estejam ou não inocentes, impedidos de trabalhar, de obter o seu (e dos seus) sustento. Chegará a hora de dizer basta, nem que para isso seja necessário uma verdadeira "algália" das antigas à modalidade. Alguns saberão do que falo. Diz o meu Amigo na etapa 138 que "UM HOMEM SÓ NÃO CHEGA PARA ACORRER A TANTOS FOGOS! QUE RAIO DE EQUIPA É ESTA?". Não está só e a equipa é maior do que possa pensar, centenas de ciber-leitores, que como eu acompanham este e outros blogs, estão e estarão nessa equipa. Tem apenas é que começar a ser mais interventivos, aqui e na estrada. Eu e mais alguns já o somos, cada um à sua maneira. Cumprimentos

RUUULAAA TEAM disse...

Pois é amigo. Esse título está excelente. É com muita mágoa que vejo o que se tem passado ultimamente no ciclismo nacional. Tenho pena que apenas se fale disto quando algo do género acontece e se continue a dar mais ênfase a uma unha partida do ponta de lança tal... Mas essa afirmação é verdadeira. Sinto uma mágoa quando nos meus passeios, passam os pros por mim e fazem de conta que não vai ali ninguém, mas haviam de se lembrar, que para além das... 100 pessoas familiares que estarão na sra da Graça este ano, estarão milhares e milhares de "nabos" como eu vão lá perder uma ou duas noites apenas para os vermos passar, e também, para esses srs dos Mercedes, que se esquecem constantemente, que, para além dos cilcistas, aos quais a todos faço uma vénia, se esquecem que grande parte da festa somos nós...... O POVO!!!
FORTE ABRAÇO E UM GRANDE BEM HAJA

Marina Albino disse...

Sr. Madeira, o povo é quem vai para a estrada ver o ciclismo, mas o verdadeiro adepto em breve ficará desmotivado.
Triste cenário o que vi hoje no Prémio Joaquim Agostinho, um prémio que já teve a participação de ciclistas conceituados, pelotões numerosos com equipas estrangeiras de primeira água.
Hoje, o que vi parecia um grupo de cicloturistas, com uma fuga com mais de 5 minutos de avanço, o resto do pelotão liderado pela Liberty, ensaiando uma perseguição tarde e más horas à dita fuga e depois os atrasados a serem rebocados por carros que pertencem à prova( não, não eram carros das equipas dos atrasados) e pasme-se até um motard da BT deu uma mãozinha a um retardatário na subida que vai de Maceira para Ribamar.
Só posso dizer que não indo frequentemente ao ciclismo, vim de tal forma desiludida por não acreditar na decadência organizativa, num policiamento que não assegura segurança na prova, mas que se exibe em cima de umas motas e mesmo os que estão a pé não estão minimamente interessados, permitindo a circulação automóvel em zonas de rotundas e saídas de vias com entupimento de trânsito, quando por perto rolavam os ciclistas.
Que país este que não tem brio em superar-se na qualidade dos seus serviços.
Gostaria de saber se o vice-presidente da UVP/FPC e "pai" da UDO, no alto do seu posto, no carro descapotável, se interrogou da fraca qualidade de um prémio que era exemplar.
Pelo que vi na estrada, não terei esperança que a Volta seja melhor.
Fiquei aliviada quando me sentei á frente da Televisão a ver o Tour, o ciclismo é de facto uma modalidade apaixonante!
Bom sábado!

mzmadeira disse...

Já fui informado dessas vergonhas, e de outras que não fala.
A maior, aliás, reflectiu-se no desfecho da etapa e, muito provavelmente, da corrida.

Quem tiver um pingo de vergonha na cara... pode corar à vontade. Eu ainda estou!

Marina Albino disse...

Sr. Madeira
Não sei porquê, mas hoje só me lembro de uma belissíma canção dos idos 1973, tinha 5 anos e nessa altura não tinha consciência do seu significado, só mais tarde o compreendi, bem mais tarde aliás, mas olhe para o estado actual de coisas no ciclismo poderá estar retratado na letra que aqui transcrevo: Sendo o seu título "Tourada", adapta-se melhor ao ciclismo, porque a tauromaquia essa está de melhor saúde!

Tourada - Ary dos Santos, cantada por Fernando Tordo

Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.
Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.

Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.

Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.

Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.

Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.

Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.

Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...

Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro as milhões.

E diz o inteligente
que acabaram as canções.

tinus disse...

Não estive presente, não assisti à palhaçada relatada pela Marina Albino. Nada que espante! É o reflexo dos dirigentes que temos. E na comunicação social (internet) nada é referido. Quem não acompanhe estes blogs e repare nestes comentários, julga que tudo correu extraordináriamente bem!!! Como diz a Marina Albino, felizmente temos a Volta a França... Por enquanto! Hoje, com a mesma equipa a fazer primeiro e segundo, o mais certo é termos uma nova acção da PJ/CNAD. Há que moralizar e devolver a credibilidade à Volta a França. Importa eliminar o Team Columbia... Não podemos admitir estas vergonhas.

mzmadeira disse...

Marina (creio irrelevante, aqui, acrescentar mais ao seu nome; nos contactos mais privados faço questão de manter o tratamento que até aqui utilizei) essa canção, e eu já tinha 13 anos, só muito mais tarde fez sentido, tudo graças ao superior talento desse grande poeta que foi o José Carlos Ary dos Santos.

E está bem visto, sim senhor. Aliás, os grandes poemas são imtemporais, ainda mais quando num triste País que, a cada dia que passa dá um passinho curto em frente e dois de gigante atrás...

Já estivemos mais longe de 1973 do que estamos agora.

O curioso é que no olho deste furacão que está a pôr o nosso Ciclismo de pernas para o ar está um convicto... comunista!

mzmadeira disse...

Em relação ao comentário do a.a.

(não é nada de pessoal, mas irritam-me os nicks e alcunhas, aliás, tenho-o aqui ao lado e não me custa nada copiar o que lá está... esperem um pouco. Vem no Jornada, o novo semanário desportivo que vai no 7.º número. Diz assim, em relação a um Blog: "O dever número um de quem acha ter alguma coisa a dizer ao Mundo é dar a cara."

Di-lo agora, eu achei isso logo em Outubro de 2005, quando criei o VeloLuso e contra a opinião de muita gente que achava que me estava a expor de mais por toda a gente saber que sou Jornalista profissional.)

Mas voltando ao comentário do a.a., a CS não terá tido a oportunidade que a Marina, como simples - mas não tão simples assim - espectadora teve. A CS não anda na corrida e a que anda, anda na frente.

Agora, já era mau terem sido carros da própria organização a protagonizarem essa situação, o pior é que, e não há hipóteses de não poder ter sido visto, alguns, mais do que um Comissário ter fechado os olhos.

Para quem não tem pernas, há duas maneiras de chegar ao fim de uma etapa, de uma corrida: corre o risco de tomar algo proíbido (e se é apanhado é severamente punido), ou faz uma dúzia de quilómetros a 90 á hora, agarrado a um carro com o beneplácito dos árbitros e por iniciativa da organização. Não da sua cabeça, do seu tronco, mas de alguns dos seus... ramos.

E se não houve um simples espectador a fixar em fotografia esses momentos, o melhor é calar-mo-nos já.

Mas para o caso de alguém ter registado alguma coisa, mande-me a prova (fotografia) para o meu mail: mzmadeira@hotmail.com

Desde já agradecido...

RUUULAAA TEAM disse...

Amigo, ando neste meio há muito tempo, felizmente porque adoro o mundo do pedal, e quando falo pedal, falo mesmo do factor físico, e sei, que o que precisamos era de uma assim.... CORAGEM E SENTIDO CRITICO

Marina Albino disse...

Acabou o Prémio Joaquim Agostinho, ganhou o Tiago Machado.
Parabéns! Pelo menos ganhou um português...
Bom Domingo!