Tal como seria de esperar, a 2.ª etapa da XXII Volta à Comunidade Autónoma de Madrid, revolucionou por completo a classificação saída do crono de sexta-feira.
O que não se esperaria era que, tendo dado o máximo para vencer o contra-relógio e, consequentemente, vestir a camisola amarela, o Benfica não tenha sido capaz (com aquela equipa?!!!) de controlar a corrida. Há coisas que não batem certo e eu espero, sinceramente, estar enganado. Aliás, os meus leitores com melhor memória ainda se lembrarão do que aqui escrevi há várias semanas atrás... (procurem por Benfica na caixa de pesquisa neste blog e encontrarão).
Que numa corrida de apenas três dias, que começa com um crono e termina com um circuito que ninguém acredita possa vir a mudar grande coisa, era evidente - parece-me a mim - que toda a gente iria jogar os trunfos que tivesse em mãos. Ainda por cima era uma etapa terrivelmente selectiva, com quatro contagens para o prémio da montanha, uma delas de 1.ª categoria e outra de segunda.
Numa corrida com estas características não há nem tempo nem espaço para se ficar a ver como param as modas. Terá sido o que o Benfica fez e não vale a pena entrarmos por teorias de "coligações" ou outras do género.
Nem eu vejo base que sustente esse argumento.
Aconteceu uma fuga de 22 elementos, fuga na qual estavam representadas dez das treze equipas presentes no pelotão. Só a Karpin-Galicia, a Burgos Monumental e... o Benfica não meteram lá nenhum corredor. E a Andalucia e a Liberty Seguros ficaram-se pelo que dizem os livros: meteram um homem na fuga, mesmo que não fossem opção para ganhar a corrida, apenas para ficarem de consciência tranquila. Se estavam na fuga não tinham de trabalhar no pelotão.
Mas a Extremadura - recordo que é uma equipa "patrocinada" pelos prémios conquistados pelos seus corredores ao longo da época, mais uma percentagem dos respectivos vencimentos, da qual abdicaram para que a equipa fosse para a estrada depois de terem perdido o sponsor pouco tempo antes do início da época-, recomecemos, a Extremadura-Ciclismo Solidário e a LA-MSS-Póvoa de Varzim meteram quatro corredores cada, a Contepolis-Múrcia, três, a Fercase-Rota dos Móveis-Paredes, dois - mas que dois, apenas um dos melhores trepadores na média montanha, Eládio Jimenez, e o seu candidato à vitória final, Paco Mancebo. A Contempolis-Múrcia, reparem quem meteu na fuga: Adrian Palomares, Julien Sanchez-Pimienta e Oleg Chuzhda... e até a Palmeiras Resort-Tavira não atacou com um qualquer, fê-lo com o seu homem melhor colocado na tabela, Nélson Vitorino, mais Juan Gomis, pau para toda a obra, parceiro ideal para ajudar o companheiro nos momentos mais complicados.
Certo que esta minha leitura da corrida é feita agora, horas depois de a etapa TER acontecido, mas quem percebe algum coisinha de Ciclismo e de estratégia, quem souber ler a corrida, digam-me... não se estava mesmo a ver que tudo iria dar no que deu?
O Benfica foi para uma corrida, a última para preparar a Volta, com metade da equipa formada por corredores que... não irão à Volta e, numa corrida com um crono e uma etapa de montanha, faz alinhar Javier Benitez!... Ok, hoje provavelmente a etapa discute-se ao sprint e o valenciano até ganha e o Benfica fica com duas vitórias em três etapas... mas teve a camisola amarela e não foi capaz de a defender. Repito... com esta equipa era praticamente impossível!
E quem ficou para ajudar? A Karpin-Galicia? Mas olhando para a formação galega sou levado a crer que não foi a Madrid para fazer mais do que rodar. Sobra a continental Burgos Monumental, formação da quarta linha do pelotão espanhol. A Liberty podia ter ajudado? Depois da guerra de palavras no ainda tão recente Troféu Joaquim Agostinho? E porque é que Hector Guerra integrou a fuga senão para tirar de cima dos ombros da equipa a responsabilidade de ter que perseguir.
Parece que regredimos dez anos, em termos de postura em competição e que ainda reina o "eu não ganho, mas tu também não hás-de ganhar!"
É triste.
Como, e agora já noutro contexto, é triste ler insinuações levianas, mas não é por isso que deixam de ser maldosas, até ofensivas, como a "festa" por a LA-MSS-Póvoa de Varzim ter dois homens nos primeiros quatro da geral e ainda um terceiro nos primeiros dez. Estão lá porque deram às pernas. Mais que os demais.
Não há radicalismo bom. Todos os radicais transportam com eles um misterioso ódio que não fazem sequer por disfarçar. E, claro, como bons radicais que são, acham-se senhores da verdade e da razão. Mesmo que a sua verdade e essa razão assentem num castelo de nuvens.
Mas para esse peditório já dei e recuso-me a mais jogos florais.
Ao contrário do que tinha lido, creio que no site oficial da prova, a TeleMadrid não mostrou a corrida, ou então eu atrasei-me. Ou adiantei-me, provavelmente dá-a à espanhola, que é começar a transmissão com as imagens atrasadas cerca de meia hora, num falso directo que permite um bloco de imagens uniforme, todos os dias, com hora certa de começar e hora certa para acabar. Ah!, o filme da etapa, no site oficial, também é mentira...
Li o resumo da tirada no site oficial e chegou-me para perceber o que aconteceu.
Uma coisa é certa... a LA-MSS-Póvoa de Varzim tinha ganho a última corrida que a deixaram fazer, e voltou a ganhar à segunda etapa da primeira que lhe permitiram - e teve de ser uma organização estrangeira - correr.
Adivinho as dores de cabeça da PAD/JL Sports, mas ainda acredito na verticalidade de alguns homens. Na de Joaquim Gomes, ainda por cima depois de ter defendido, o ano passado, que se a UCI não proíbia as equipas de correr não seria ele, a penalizá-las, castigando-as por algo que ninguém provara. Nem provou, até hoje.
E na do Senhor (assim, com caixa alta) João Lagos. Personalidade de uma honestidade a qualquer prova, Homem amante do Desporto, que, sozinho, faz mais pelo Desporto nacional que o próprio Governo e até algumas federações.
Claro que não me passa pela cabeça não ver a equipa da Póvoa na Volta a Portugal!... Teria um impacto, na prova, dez vezes superior ao de quatro ou cinco casos reais de doping que eventualmente viessem a ser detectados.
Como ontem houve quem se tenha esquecido de pôr a LA-MSS-Póvoa de Varzim nas classificações, e escolheu (não sei se por moeda ao ar) quais os corredores que cabiam num modelo pré-fabricado e, com 39 corredores das cinco equipas portuguesas que estão em prova, deram-nos a classificação de... 16 - e porque um foi o primeiro na etapa e outro foi o último -, deixo aqui as posições de TODOS os corredores que representam equipas Portuguesas, numa prova Internacional, de categoria 2.1.
2.ª etapa
San Agustin de Guadalix-Colmenar Viejo (152,7 km)
1.º, Angel Vicioso (POV), 3.47.48 horas
2.º, Paco Mancebo (FRM), a 2 s
3.º, Manuel Ortega (ACA), a 7 s
6.º, Tino Zaballa (POV), a 9 s
8.º, Nélson Vitorino (PRT), a 16 s
11.º, Eládio Jimenez (FRM), a 31 s
13.º, Xavi Tondo (POV), a 46 s
14.º, Hector Guerra (LSE), a 2.04 m
17.º, Juan Gomis (PRT), a 5.15 m
18.º, José Ant. Garrido (POV), m.t.
24.º, Pedro Lopes (SLB), a 12.02 m
25.º, Edgar Pinto (SLB), m.t.
26.º, David Blanco (PRT), m.t.
27.º, Micael Isidoro (FRM), m.t.
28.º, José Mendes (SLB), m.t.
34.º, Rubén Plaza (SLB), m.t.
35.º, Alejandro Marque (PRT), m.t.
37.º, Hernâni Brôco (LSE), m.t.
41.º, Gustavo Rodriguez (FRM), m.t.
44.º, Krassimir Vasilev (PRT), m.t.
46.º, Bruno Pires (POV), m.t.
47.º, Ricardo Mestre (PRT), m.t.
51.º, Pedro Romero (POV), m.t.
57.º, João Cabreira (POV), m.t.
58.º, Nuno Ribeiro (LSE), m.t.
66.º, Pablo Urtasun (LSE), m.t.
70.º, David Livramento (PRT), a 23.05 m
74.º, Martin Garrido (PRT), m.t.
75.º, Mikel Pradera (SLB), m.t.
76.º, Javier Benitez (SLB), m.t.
79.º, Mário Costa (SLB), m.t.
80.º, Hugo Sancho (SLB), m.t.
85.º, José M. Cuesta (FRM), m.t.
88.º, Joaquim Andrade (FRM), m.t.
95.º, Manuel Cardoso (LSE), m.t.
96.º, Edgar Anão (FRM), m.t.
97.º, José Rodrigues (LSE), m.t.
98.º, Alberto Rodriguez (MUR), a 26.02 m
* Desistiram: César Quitério e Koldo Gil (LSE) e Alexis Rodriguez (FRM)
GERAL INDIVIDUAL
1.º, Oleg Chuzhda (MUR), 4.13.21 horas
2.º, Paco Mancebo (FRM), a 26 s
3.º. Tino Zaballa (POV), a 32 s
4.º, Angel Vicioso (POV), a 33 s
5.º, Nélson Vitorino (PRT), a 37 s
10.º, Xavi Tondo (POV), a 1.17 m
11.º, Hector Guerra (LSE), a 1.25 m
15.º, Eládio Jimenez (FRM), a 2.26 m
17.º, Juan Gomis (PRT), a 5.44 m
21.º, José Ant. Garrido (POV), a 8.20 m
24.º, Rubén Plaza (SLB), a 11.19 m
26.º, David Blanco (PRT), a 12.12 m
27.º, Pedro Romero (POV), a 12.18 m
30.º, Ricardo Mestre (PRT), a 12.33 m
31.º, Alejandro Marque (PRT), a 12.36 m
32.º, Krassimir Vasilev (PRT), a 12.41 m
34.º, Bruno Pires (POV), m.t.
36.º, Gustavo Rodriguez (FRM), a 12.49 m
37.º, José Mendes (SLB), a 12.51 m
39.º, Pedro Lopes (SLB), a 13.07 m
50.º, Hernâni Brôco (LSE), a 13.41 m
52.º, Nuno Ribeiro (LSE), a 13.43 m
56.º, Edgar Pinto (SLB), a 13.58 m
61.º, João Cabreira (POV), a 14.39 m
63.º, Micael Isidoro (FRM), a 14.52 m
67.º, Pablo Urtasun (LSE), a 16.44 m
70.º, Martin Garrido (PRT), a 23.08 m
76.º, Joaquim Andrade (FRM), a 24.36 m
80.º, Javier Benitez (SLB), a 25.11 m
82.º, Luís Livramento (PRT), a 25.19 m
83.º, Edgar Anão (FRM), a 25.21 m
84.º, Mikel Pradera (SLB), a 25.26 m
87.º, José M. Cuesta (PRM), a 25.34 m
88.º, Mário Costa (SLB), a 25.37 m
91.º, Manuel Cardoso (LSE), a 25.49 m
95.º, Hugo Sanchez (SLB), a 26.03 m
96.º, José Rodrigues (LSE), a 26.12 m
98.º, Alberto Rodriguez (MUR), a 27.34 m
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES GERAIS
EQUIPAS
1ª, LA-MSS-PÓVOA DE VARZIM, 12.42.08 horas
2ª, Contempolis-Múrcia (Esp), a 6.18 m
5.ª, Fercasa-Rota dos Móveis-Paredes, a 13.11 m
6.ª, Palmeiras Resort-Tavira, a 16.02 m
10.ª, Liberty Seguros, a 26.44 m
11.ª, Benfica-JLSports, a 35.12 m
13.ª, Burgos Monumental (Esp), a 49.43 m
REGULARIDADE
1.º, Angel Vicioso (POV), 25 pts
2.º, Rubén Plaza (SLB), 25
4.º, Paco Mancebo (FRM), 22
5.º, Hector Guerra (LSE), 22
8.º, Tino Zabala (POV), 14
10.º, Nélson Vitorino (PRT), 13
13.º, Martin Garrido (PRT), 9
14.º, Davis Blanco (PRT), 8
16.º, Pedro Romero (POV), 7
19.º, Eládio Jimenez (FRM), 5
21.º, Xavi Tondo (POV), 3
23.º, Juan Gomis (PRT), 1
MONTANHA
1.º, Eládio Jimenez (FRM), 16 pts
2.º, Angel Vicioso (POV), 10
4.º, Paco Mancebo (FRM), 6
5.º, Xavi Tondo (POV), 4
7.º, David Livramento (PRT), 3
9.º José Ant. Garrido (POV), 2
METAS VOLANTES
1.º, Paco Mancebo (FRM), 3 pts
2.º, José Ant. Garrido (POV), 3
3.º, Luís Livramento (PRT), 2
4.º, Angel Vicioso (POV), 2
2 comentários:
Já viram o anúncio que a RTP está a passar publicitando a sua etapa da Volta a Portugal para os cicloturistas?
Viram o equipamento do Marco Chagas?
Será bom prenúncio, ou só veremos mesmo a LA/MSS/Póvoa na publicidade?
Não sei se o meu amigo Marco Chagas vê este blog, mas tenha cuidado que ainda pode ser suspenso pela UVP/FPC e constar na lista dos atletas suspensos que a mesma Federação no seu site, começou agora a publicar...
Não, não julguem que estou a tomar o partido de alguém, ou contra alguém, todos os atletas federados correm por amor à profissão que escolheram, todos estão ali para ganhar o seu pão de cada dia.
Mas que o que se está a passar é verdadeiramente nocivo, para Todos.
Infelizmente quem toma as decisões, não ficará incomodado, porque tem o seu ganha pão garantido!
Bom domingo!
Meu Deus... O que se passa com o nosso cilcismo????
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