terça-feira, agosto 08, 2006

190.ª etapa



MAIS UM DIA DE GLÓRIA PARA "MESTRE" EMÍDIO PINTO



Mais uma estraordinária etapa e, sabendo que me estou a repetir, graças à transmissão televisiva, muitos pontos concerteza ganhos pela modalidade. Quem ainda duvidava da paixão que os portugueses sentem pelo ciclismo está a ter a prova provada do contrário. Isto é bom. Os patrocinadores concerteza que estarão atentos e podem atestar o quanto pode ser bem lucrativo o seu investimento na modalidade.

Hoje o pelotão "decidiu" permitir que uma fuga chegasse a bom termo. Claro que eu sei que as coisas não terão sido tanto assim, mas a verdade é que, com a aproximação ao Norte do País, com a chegada das primeiras verdadeiras grandes dificuldades, a corrida mudou de figurino. Ainda bem, embora reconheça que as chegadas ao sprint são sempre mais espectaculares.

Mas o público não deixa de aplaudir os esforços individuais e as gentes de São João da Madeira (outra vez uma enchente de fazer corar de vergonha o luso futebol) mostraram isso mesmo.

A fuga, iniciada cerca de 1 km depois da partida de Viseu consolidou-se com a presença de nove homens - um de cada equipa, das portuguesas, faltando apenas a representação da DUJA-Tavira - chegou a ter 14.30 minutos de vantagem, depois o grupo fraccionou-se e, já na parte final, Carlos Nozal (LA Alumínios-Liberty) logrou isolar-se e chegar sozinho à meta, com Pedro Andrade (Maia-Milaneza) a ser segundo, alguns segundos depois, e, a seguir, mais dois corredores: Lizuarte Martins (Madeinox-Bric) e José Sousa (Vitória-ASC), os dois homens que mais perto estavam do anterior líder (Lizuarte estava a 50 segundos) e o filho mais velho dessa grande figura do nosso ciclismo dos anos 70, que foi José Martins, a conseguir, também com os 4 segundos de bonificação alcançados, destronar Cândido Barbosa do primeiro lugar na geral.

Mais um dia de glória para a formação liderada por Emídio Pinto. O ano passado conseguira ali, em São João da Madeira, a vitória na etapa, com Bruno Neves, este ano, não ganhando a tirada conseguiu feito ainda maior: a camisola amarela. Mais uma página de ouro na história desse grande homem que é o "mestre" Emídio Pinto que, com 74 anos de idade é apenas 5 anos mais novo do que... a Volta a Portugal. Nasceu no ano da segunda edição da prova que até amanhã à tarde lidera com um corredor seu, ele que já tantas vitórias conseguiu tendo a primeira (na Volta, e estou a referir-me à geral final) acontecido em 1981, com Manuel Zeferino, então no FC Porto. Emídio Pinto é também o único técnico português que dirigiu uma equipa no Tour, o Sporting, também ela a única formação nacional a estar presente na corrida francesa. E ganhou uma etapa com Paulo José Ferreira. Foi em 1984, poucos meses depois da morte de Joaquim Agostinho.

De regresso à etapa - mas este pequeno momento dedicado a Emídio Pinto é de todo justificado -, o que aconteceu é bom de se perceber. Com quase todas as equipas representadas na fuga (destaque para o facto de nenhuma formação estrangeira lá estar) e com a LA desta vez a não deixar de meter lá um corredor seu, tardou a encontrar-se quem "mandasse" no pelotão. Por isso a fuga atingiu a vantagem que atingiu. Já depois da passagem pelo Caramulo lá apareceu a Lampre na frente, depois, também a LA - Nozal está muito atrasado na geral e não era, nem de perto nem de longe, o homem ideal na fuga, para as aspirações da equipa da Charneca -, mais tarde também a Barbot-Halcon deu uma ajuda e, numa altura em que do grupo, que fora de nove, já só iam 4 corredores escapados, a sua vantagem começou a diluir-se para, na meta, não chegar a ser de 2 minutos, isto para Nozal. Lizuarte Martins e José Sousa chegaram já com o grosso da coluna na sua sombra, tanto que, não fora as bonificações, Cândido Barbosa manteria a liderança. Assim está a gora a 1 segundo do corredor da Madeinox.

Destaque ainda para Bruno Barbosa, da Paredes Rota dos Móveia-Beira Tâmega, que é o novo líder do Prémio da Montanha. Das camisolas à partida, só Manuel Cardoso conservou a do Prémio da Juventude.Todas as outras mudaram de "dono". Aqui uma curiosidade. Pelas minhas contas, nas duas últimas edições da Volta, com 14 etapas disputadas, Cândido Barbosa só terá andado UM DIA com o equipamento da sua equipa...

E uma palavra ainda para as formações portuguesas. Estão "mandonas", impõem-se às estrangeiras convidadas e estão a fazer desta uma das Voltas mais portuguesas dos últimos anos. Muito à custa dos jovens valores que têm vindo a pautar a temporada doméstica. Muito bem.

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