[Acordo Ortográfico] # SOU FRONTALMENTE CONTRA! (como dizia uma das mais emblemáticas actrizes portuguesas, já com 73 anos, "quem não sabe escrever Português... aprenda!») PORTUGUÊS DE PORTUGAL! NÃO ESCREVEREI, NUNCA, NUNCA, DE OUTRA FORMA!
domingo, agosto 13, 2006
199.ª etapa
PORQUE É QUE ESTA VOLTA ME FAZ LEMBRAR O "JOGO DAS CADEIRAS"?
E esta Volta não pára de nos surpreender. Sempre pela positiva, o que se saúda. Ao oitavo dia… oitavo vencedor de etapa e, tal como aconteceu até aqui, com um novo líder. Pois é… o tal Pfannberger de quem ninguém tem a real noção do valor… Mas, mantendo-se a tendência, marcante, até aqui, o mais certo é ainda nos falte descobrir mais dois vencedores de etapas e… mais dois líderes diferentes, o que deixaria de fora destas “contas”, que há oito dias pareceriam surrealistas, todos os que já ganharam etapas e andaram um dia de amarelo. A ver vamos o que nos trazem estes dois dias finais.
Tenho seguido esta Volta como simples espectador. Atento, é verdade, mas só nessa condição o que me livra de ter de explicar aos leitores que não assistiram à tirada o que nela se passou. É que está, a cada dia que passa, mais difícil “ler” a corrida. Interpretá-la e contá-la.
Como é que, quando tudo está ainda indefinido, acontece uma fuga onde vão seis ou sete dos corredores do top-10 e o camisola amarela fica no pelotão? Porque é que a equipa do líder mete dois homens na fuga, em vez de optar por manter os seus corredores mais consistentes no grande grupo de forma a ajudar o (apesar de tudo) inexperiente João Cabreira? Porque é que a LA deixa no pelotão o seu corredor melhor classificado, que estava a menos de 50 segundos da liderança, e mete na fuga o Cândido que estava a mais de 2 minutos e quando no grupo iam três corredores melhor posicionados do que ele na geral individual? Porque é que a DUJA-Tavira (com três!!! homens na fuga) “tirou” tanto? (Já agora, e porque esta expressão do “tirar” é muitas vezes empregue nos comentários da TV, pelo menos pelo Marco Chagas, e para quem está menos familiarizado com o jargão do ciclismo, “tirar” é a expressão espanhola para… puxar. No sentido de comandar, impondo o ritmo, seja no pelotão, seja numa fuga.)
Como vêem, são tantas as perguntas para as quais não encontro resposta convincente que… ainda bem que não tenho de explicar a etapa no jornal.
A única coisa que “bateu certinho” na etapa de hoje foi mesmo o facto de o austríaco Christian Pfannberger não ter perdido a oportunidade de ir na fuga e depois se ter mantido bem quietinho, ciente de que, chegando o grupo na frente da corrida a camisola amarela seria dele.
Mas se a corrida, ela própria, me proporcionou tantas interrogações, eu ainda consigo encontrar mais algumas. Se a intenção do Cândido Barbosa era mesmo atacar o primeiro lugar, porque é que não se fez acompanhar de mais um ou dois companheiros de equipa? Mantém a confiança com que começou a Volta e conta amanhã dar o “golpe” final, sendo que hoje “fez descansar” os seus peões de brega? Pode ser.
E porque é que no grupo ninguém perseguiu o David Blanco, 10.º à partida, mas já não foram tão complacentes em relação ao Claus Möller, bem mais atrasado?
É. Estas “confusões”, que não é habitual acontecerem, são o que estão a fazer da corrida qualquer coisa de inesperadamente bonito. Normalmente, há uma equipa que impõe o seu domínio, coloca um homem na frente e, a acontecerem mexidas, em termos de tempo, são quase sempre no sentido de o líder ser cada vez mais líder à medida que se aproxima o fim. Este ano não. Todos os dias as coisas se complicam, no que à classificação geral diz respeito, há mexidas relevantes no final de cada etapa, houve líderes que ninguém pensava pudessem chegar ao primeiro lugar e essa “anormalidade” que é o facto de em 8 etapas terem existido outros tantos ganhadores.
Entretanto, para quem ainda duvidava, ficou demonstrado que Manuel Zeferino teve sempre razão ao não querer “destapar” a equipa antes da hora. No único dia – até agora, é bom de ver – que teve a camisola amarela, e depois daquela estranha opção de por o Danail Petrov e o Bruno Pires na fuga, cá atrás só Pedro Cardoso conseguiu dar alguma ajuda ao seu jovem companheiro que levava a camisola amarela. Pelo menos na altura mais difícil, que foi quando foi necessário acelerar de forma a recortar a vantagem dos fugitivos. Mesmo assim, o Pedro Cardoso teve que descair de uma posição intermédia onde seguia para recolar ao pelotão, pois tanto Bruno Castanheira como Pedro Andrade já tinham dado o que tinham para dar e os três mais jovens da equipa foram os três últimos na etapa com Bruno Lima a chegar mais de 40 minutos atrasado e, por isso, foi eliminado.
Mas aquela do Cândido ter ido sozinho – com um pormenor curioso, não sei se repararam – de ter “levado consigo” o seu primeiro carro, quando, normalmente, são os segundos carros que avançam para as fugas para que o técnico principal fique para tomar as decisões nos momentos mais “quentes” da corrida. Se dúvidas houvesse, creio ter ficado perfeitamente claro que nesta LA é o Cândido e… mais oito. Mas o Cândido só recuperou 44 segundos em relação ao primeiro lugar, continuando a ter cinco corredores à sua frente na geral.
De qualquer modo, embora de uma forma “menos visível”, a verdade não escamoteável é que o Cândido Barbosa é o único corredor deste pelotão que chegou TODOS OS DIAS nos dez da frente, para ser mais preciso, a pior posição do corredor da LA numa chegada é o 9.º lugar na Senhora da Graça. Claro que não contabilizo aqui a desqualificação na chegada a Lisboa. Foi uma penalização técnica mas, a verdade é que o Cândido até foi o primeiro a cortar a meta. Depois é que foi desqualificado. Ainda assim, nesse dia não perdeu tempo para o primeiro. Uma corrida à altura daquilo que dele se esperava. O que não se esperava de todo era uma corrida destas…
Falta só deixar aqui uma palavrinha para o vencedor da etapa, o galego David Blanco, corredor que já fez cinco ou seis Voltas a Portugal, a maior parte delas em equipas portuguesas sendo, por isso, um perfeito conhecedor das nossas estradas. É o tal homem que chegou a deixar o ciclismo para ser corrector da Bolsa, e que, depois de regressar à estrada, ainda “geria” os investimentos de alguns colegas do pelotão. Apenas uma curiosidade, que tipifica o vencedor desta 8.ª etapa da Volta a Portugal que, em boa hora, recuperou a chegada, sempre difícil, à cidade mais alta de Portugal.
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