quarta-feira, agosto 16, 2006

208.ª etapa



NÃO POSSO FAZER SÓ... UM BALANÇO


Despido da minha função de jornalista, olhando para a corrida apenas como espectador, não sou capaz de, na divisão do “ter&haver” apontar derrotados.

Vou explicar.
Todos os observadores foram unânimes em reconhecer que esta Volta foi completamente aberta. Todos os dias ganhou um corredor diferente – ok, à excepção do David Blanco, para ser preciso – TODOS os dias mesmo houve mudança de líder, todos os dias houve fugas e nem todas “pegaram”, todos os dias houve luta e empenhamento, ora, isso abrangeu todas as equipas. Houve só uma, e a isso não posso (nem quero) fugir, que, de facto, não mereceu estar neste pelotão: foi a Relax-GAM. Não fizeram absolutamente NADA. Não se tinha notado se cá não tivessem estado e isso diz tudo.

De resto, dizer que esta ou aquela equipa esteve abaixo do que delas se esperava… é um pouco redutor. De todas se espera que FAÇAM a corrida, e qual delas (principalmente entre as portuguesas) o não fez?

Ah!... ganhar é outra coisa, mas isso já eu dissera: com 17 equipas e só dez etapas, muita gente vai ficar de fora dos pódios. Ainda assim, só houve UMA equipa portuguesa que nunca subiu ao pódio. Se não me falha a memória que eu escrevo isto de coração, sem a preocupação de ter a meu lado todos os papéis da corrida. Mas já agora… vou confirmar!

É… só uma não subiu ao pódio.

Mas, já agora, puxamos o “filme” todo até ao princípio, mesmo ao princípio, ao arranque para a temporada, e procuremos aí um “culpado” para algumas exibições menos “coloridas”. Estão a seguir-me? Ok…

A que conclusão chegaram?

A mesma a que eu cheguei? Não?

De quem é a “culpa” de em Portugal ser possível inscrever equipas só com 9 ou 10 corredores? Depois, chega-se à Volta e usando como “desculpa” a míngua dos seus plantéis – sujeitos a lesões e abaixamentos de forma, claro que sim, que isso é incontrolável – ou da juventude da equipa, justifica-se, tanto a falta de resultados como a corrida menos “visível”.

Pronto! Chegados a este ponto, a “culpa” só pode ser da Federação Portuguesa de Ciclismo! Ou dos seus regulamentos, o que vem dar na mesma coisa.

Demos mais um passo em frente neste “descascar da cebola”. E se a FPC – ou os seus regulamentos – não fossem tão permissivos… quantas equipas teríamos no pelotão?

(Não estou a falar daquilo que eu penso, que sempre disse que acho termos equipas a mais…)

Quem perdoaria à FPC não ter aceitado uma, duas… três equipas porque só inscrevia 9 ou 10 corredores, sendo alguns deles, neo-profissionais? Eu ajudo: seria o aqui d’el rei, que a federação está CONTRA o ciclismo.

A federação estabeleceu um número mínimo de corredores, como um orçamento mínimo, como um número de auxiliares mínimo, em cada uma das equipas. Se estas se cingem pelo “mínimo”, ainda por cima, sabendo que o barómetro da temporada é a Volta, que só aparece em Agosto, sabem que podem ter em mãos um (ou mais) problema(s). Corredores lesionados, corredores cansados – porque correram todas as corridas da temporada -, corredores em baixa de forma, isto porque o facto de terem na Volta ciclistas inexperientes, isso foi opção – talvez “obrigada” sim pelos pequenos orçamentos – mas foi opção dessas equipas! Ou não?

Quem “joga” só para não “descer” não pode ser julgado pela mesma bitola de quem arranca para vencer o “campeonato”. Esta é outras das situações que não pode ser ignorada num balanço à Volta.

Como é que vou aqui escrever que a Vitória-ASC fez uma corrida baixo do que se esperava… se já não esperava nada desta equipa? Abaixo de nada não há… nada!

Custa-me muito apontar a dedo que esta ou aquela equipa não acrescentam coisíssima nenhuma ao pelotão, mas… se existem é porque garantiram ter as condições mínimas para correr. Ora, entre quem tem 300 mil euros de orçamento e quem tem 950 mil… há um espaço no qual caberiam três equipas iguais à primeira.

Mas há que acrescentar aqui ainda mais um dado. Ninguém pode responsabilizar a FPC por manter demasiado baixa a fasquia daquilo a que é preciso responder no que respeita aos regulamentos. Não cabe à FPC a responsabilidade de traçar objectivos para as diversas equipas. Todos nós aceitamos que é a Volta o que mais interessa à maioria das equipas, mas a FPC não tem, não deve nem leva isso em conta. Eu posso querer fazer uma equipa com 300 mil euros com mil e uma intenção. Se for para cumprir todo o calendário e ainda chegar a Agosto para fazer alguma coisa que se veja… isso é responsabilidade minha.

Resumindo: o ideal era que se subissem os parâmetros dentro dos quais seria necessário apresentar o projecto de uma equipa profissional. O que acontece agora é que TODAS as equipas cumpriram o obrigado pelos regulamentos, logo… foram aceites. A partir daí a FPC não é tida nem achada. Mas é ela a responsável por não condicionar, de uma forma mais realista, a inscrição das equipas. Só íamos ter 4 ou 5? Se calhar só. Mas não serei eu a responsabilizar-me pelas dezenas de pessoas que ficavam desempregadas. Isso é que não.

Há regulamentos, são cumpridos… ok… força, para a frente.

1 comentário:

mzmadeira disse...

Então, estamos de acordo...