terça-feira, agosto 08, 2006

191.ª etapa




PORTUGUESES "IN"...



Não gosto, tenho que o dizer, mas entendo. As equipas portuguesas, a sua grande maioria, assenta sobre a Volta todas as baterias. A Volta é que interessa e, tudo o que aparecer pelo meio é benvindo mas, a mesma maioria, só recolhe esses dividendos em situações mais ou menos "acidentais". Eu escrevi: a MAIORIA!

Entretanto, aqui estamos nós em plena Volta. E que vemos? Pois bem, vemos que TODAS as equipas portuguesas - há duas em menor evidência, mas já lá vou - já têm algo contabilizado a seu favor. Vejamos:

- A LA Alumínios-Liberty ganhou 2 etapas, teve dois dias a camisola amarela e mostrou que tem força suficiente para controlar a corrida... sempre que quiser. Nota alta para o bloco de "operários" e um grande destaque para Cândido Barbosa que, afinal de contas, é um dos favoritos - talvez o mais favorito - ao triunfo final.

- A Carvalhelhos-Boavista conseguiu um dos seus objectivos (ganhar uma etapa) e juntou a isso o ter tido já a camisola amarela. Entretanto, mantém-se como uma das mais bem colocadas para a vitória no Prémio da Juventude. Sendo uma das menos "sonantes" das classificações secundárias, não deixa de ser importante, tanto que merece uma camisola especial.

- A DUJA-Tavira "ganhou" moralmente a 2.ª etapa - teve um homem em fuga até 400 metros do final - e, de facto, a terceira. Como factor menos positivo o facto de ter sido a única a não meter, hoje, um corredor na fuga do dia. Mas esteve nas outras fugas, nas outras etapas.

- A Madeinox-Bric já conseguiu mais do que aquilo que esperava. Ganhar uma etapa é o mínimo que TODA a gente deseja. Chegar à camisola amarela nem todos arriscam querer, mas a formação de Gaia conseguiu-o.

- Barbot-Halcon, Imoholding-Loulé e Paredes-Beira Tâmega têm trabalhado para aparecerem nas fugas e ambas já chegaram à liderança do Prémio da Montanha. É uma classificação secundária mas é também a segunda mais importante da Volta. Certo que as maiores montanhas ainda estão para vir, mas já apareceram estas equipas no pódio.

Ainda não foram ao pódio, mas tanto a Riberalves-Alcobaça como a Vitória-ASC têm vindo a estar presentes nas fugas, cumprindo outro dos objectivos a que se comprometeram: mostrar as camisolas, facturar, em termos de publicidade. Destaque aqui, e muito merecido, para Micael Isidoro, da equipa de Vítor Gamito.

- A Maia-Milaneza... tem estado discreta. Como equipa mais ganhadora da temporada não sentia a pressão da necessidade de se mostrar e os seus objectivos são mais altos. Quer ganhar a Volta e tem mantido os seus homens-chave na quietude (?!) do pelotão. Hoje já se mostrou, com Pedro Andrade e quem percebe o mínimo disto terá entendido o porquê. Natural daquela zona - é da Feira - e, de certeza, corredor fundamental para o trabalho que a equipa pretende fazer daqui para a frente, terá tido hoje a sua oportunidade pois daqui para a frente... vai ser trabalhar, trabalhar e trabalhar.

- Em relação à Vitória-ASC, na última meia dúzia de anos o seu director-desportivo, José Augusto Silva sempre conseguiu levar um corredor seu à camisola amarela. Não tendo sido hoje, começa a faltar tempo à formação de Guimarães, mas isto ainda não acabou... De qualquer modo, e porque estou a fazer uma primeira avaliação às equipas nacionais nesta Volta, a Vitória-ASC será aquela que menos tem para mostrar.

Quanto às formações estrangeiras... Bem, a Barloworld apareceu logo na primeira etapa mas depois... esfumou-se. Até se pode compreender isto se o traduzirmos numa opção: a de pôr à frente um triunfo final, poupando o colectivo a desgastes desnecessários. "Traduzindo": não vieram cá para ganhar etapas, mas para ganhar a Volta. Atenção a esta equipa!

A Lampre apareceu hoje no comando do pelotão, como a Kaiku e a Comunitat Valenciana já tinham feito antes, nas primeiras etapas; a ELK austríaca apareceu em duas etapas, em fugas (principalmente na 1.ª), e, tanto a Relax como a Flaminia ainda não fizeram nada de registo, pese a participação de homens seus em algumas situações de fuga. Nada de significativo.

Ora, lendo isto, a primeira coisa que salta aos olhos é que a Volta está a ser dominada pelas formações nacionais. Ainda bem. Agora falta que se confirmem algumas indicações que apenas ficaram afloradas. De qualquer dos modos, quase todas as equipas já fizeram o suficiente para justificarem perante os seus patrocinadoes o investimento destes.
O que era mesmo preciso era que os apoios fossem maiores de forma a que fosse possível as equipas terem mais corredores e, desta forma, estenderem os seus objectivos por toda a temporada. Assim, estão condicionadas, e muito, levando os respectivos técnicos a "encolherem-se" na maior parte da época de forma a chegarem à Volta em condições de fazerem... isto que está à vista.

Senhores patrocinadores - os existentes e aqueles que poderão vir a entrar no ciclismo - façam as contas. Vale ou não a pena apostarem um poucochinho mais no ciclismo? Não gostariam todos de um dia ter as suas cores e nomes no pódio da Volta? Vá lá... acreditem. Vale a pena.

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