sábado, agosto 12, 2006

198.ª etapa




PODEM TENTAR EXPLICAR... MAS EU NÃO VOU PERCEBER!



A Volta a Portugal vem a crescer em alguns aspectos - se fui eu próprio quem o escreveu!!!... - mas noutros continua a ser pequenininha. Não pretenda a Organização "dormir sobre os louros" que ainda tem muito que fazer e há coisas que, hoje em dia, já não é possível aceitar.
Podem tentar explicar... mas eu não vou perceber!

Em nenhuma grande corrida se vê o que por cá parece ser impossível evitar: ter carros na estrada e ter os corredores, em solitário ou em pelotão, a necessitarem de golpes de rins para evitar carros mal estacionados; ver camiões tamanho de um comboio parados numa curva, onde os corredores procuram encurtar o mais possível a sua trajectória; ver carros, ainda que pela berma, "ganhar" alguns metros - como se disso dependesse a vida do seu condutor - mal o batedor da GNR sai do campo de vista do seu retrovisor...
Mas isto só acontece porque há carros no percurso da corrida. O que não acontece, no Tour, por exemplo.

E se me disserem que no Alentejo, de Castro Verde a Beja, por exemplo, é difícil encontrar uma alternativa tão rápida quanto o IC2... ainda aceito. Mas no Norte? Onde há estradas e caminhos numa rede onde qualquer um que não conheça se perde, mas que leva sempre aos mesmos sítios?

E lá volto eu à... Vuelta! Que querem? Se o exemplo é bom... usemo-lo até à exaustão, se tal for preciso.

Para além de não ser impossível, é OBRIGATÓRIO "dar" aos corredores TODA A ESTRADA.
Sem carros em movimento, sem carros estacionados. Claro que, se o que se faz é mandar parar o trânsito na cabeça da corrida, três, quatro quilómetros à frente, no máximo, pode-se encontrar de tudo. Até um camião parado bem na parte de dentro de uma curva como ontem vimos. Ah! tinha os quatro "piscas" a funcionar. Ok... mas estava no caminho mais curto para os corredores. Isso ninguém o negará.

Estamos a ter, desportivamente, uma das mais belas corridas - contando com Giro e Tour - a que este ano já podemos assistir, mas há estes pequenos pormenores. Meus senhores, no Tour - que é aquele que está mais fresco na nossa memória - também se anda por estradas secundárias com casais, quintas, quintinhas, pequenas aldeias à sua beira. É impossível controlar todas essas entradas na estrada? Os franceses parece que são capazes!
Vêem carros na estrada?

E, nesta Volta, já vimos carros arrumadinhos, bem estacionados em parqueamentos... na aproximação a uma meta volante. É um exemplo. Em Espanha, na Vuelta, não estariam lá e o pelotão teria todo o asfalto para si.

Os portugueses são maus cidadãos. É verdade. Não respeitam as ordens da polícia. É verdade. Mas ponham uma brigada de "sweepers" a trabalhar na madrugada que antecede a chegada a qualquer localidade e logo vêem. É assim que se faz lá fora. 48 horas antes colocam-se sinais a "convidar" os automobilistas a não usarem aquele lugarzinho de estacionamento no dia da passagem da corrida e, antes de a corrida ter partido no local A, já no local B, na chegada, os reboques da polícia estão a trabalhar. E a verdade é que não há carros nos arruamentos de aproximação à meta. Porque a polícia, lá, manda. E porque as autoridades cívis mandam a polícia "limpar" tudo. Sem olhar a quem.

Cá... não se pede à polícia para não chatear, não se pede às autarquias para não obrigar os autarcas a parecerem os "maus da fita"; por sua iniciativa, a polícia não quer "limpar" tudo, porque no "tudo" estão os carrinhos de gente importante que não querem "incomodar"... e anda-se nisto. Falta UMA VOZ de comando. Quem mande mesmo.

Por isso continuamos pequeninos. Por isso continuamos a ter chegadas em descampados - como em Beja - apesar de as pessoas, na sua paixão pelo ciclismo lá terem chegado. Porque ali não se "imcomoda" ninguém e por mais uma nova razão, que só traz mais uma voz a "mandar"... em seu proveito. Não se fazem algumas chegadas que seria espectaculares porque não "cabe" lá a estrutura da RTP. Ok... faça-se a Volta à vontade de todos, menos dos principais interessados. Os corredores e o povo que, com o seu calor, justifica o esforço dos primeiros.
Louvem-se as autarquias como São João da Madeira ou Fafe que fazem questão de receber o pelotão no seu coração. Por acaso... cabem lá as estruturas de toda a gente.

A organização devia escolher a melhor chegada e fazer ver às autarquias que ERA ALI que a etapa TINHA que chegar. Estas só teriam que "limpar" a zona e todos os outros adaptarem-se às condições oferecidas.

Mais um exemplo espanhol. Quem conhece Cuenca? É uma cidade pequena - no parâmetro espanhol - com uma zona histórica bem delimitada, de ruas estreitas e... vejam só, com uns paralelos e umas subidinhas que dão alguma emoção à etapa. Adivinhem por onde passa o pelotão...
O ano passado, depois de passarem a placa que marca a entrada na cidade, até à meta, que fica mil metros - pouco mais - à frente, o pelotão faz cerca de 8 km passando por 32 (TRINTA E DOIS) arruamentos COMPLETAMENTE LIMPOS E FECHADOS A QUALQUER ESPÉCIE DE TRÂNSITO. O ano passado, quando lá estive, pude ler que TODOS os efectivos de todos os ramos das forças policiais locais e nacionais tinham sido mobilizados... quase 300 polícias para a quase centena e meias de cruzamentos dentro do perímetro urbano.

A raia não é apenas perceptível pelo restolho e mato, do lado de cá, e o verde do semeado, do lado de lá...

Eu sei, eu sei... por acaso nunca procurei saber quanto custam estas operações policiais à organização. Se calhar pouco mais do que cá... se calhar... nada! É outra realidade.

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