[Acordo Ortográfico] # SOU FRONTALMENTE CONTRA! (como dizia uma das mais emblemáticas actrizes portuguesas, já com 73 anos, "quem não sabe escrever Português... aprenda!») PORTUGUÊS DE PORTUGAL! NÃO ESCREVEREI, NUNCA, NUNCA, DE OUTRA FORMA!
quarta-feira, agosto 09, 2006
193.ª etapa
O QUE FICOU PARA TRÁS É PASSADO
Cinco etapas cumpridas, 5.ª mudança de líder. Ao fim e ao cabo, o único dia em que a camisola amarela não mudou de dono foi… no primeiro, quando Cândido Barbosa, depois de ter envergadado o símbolo de líder à partida de Portimão, acabou por confirmar esse estatuto na chegada a Beja.
Já agora, aproveito para chamar a atenção – ainda não vi nada escrito sobre isto – para o facto de a existência de um prólogo evitar estas opções sempre discutíveis. Dou como exemplo o Tour. Apesar de não estar presente Lance Armstrong, a sua equipa teve direito ao dorsal n.º 1. Na Volta, e na ausência de Vladimir Efimkin, a Barloworld não teve o mesmo tratamento. Optou-se por dar o dorsal 1 ao segundo classificado o ano passado.
Sinceramente, acho que não faz sentido. Sei que há compromissos publicitários a cumprir – por isso as diversas camisolas de líder têm de ser usadas à partida -, mas é muito estranho que uma corrida comece do zero e… já com um corredor a envergar o símbolo de líder.
Reparos à parte, esta 5.ª etapa veio revolucionar tudo, em termos de gerais. Dos corredores que ontem estavam no top-10… só ficou o Cândido Barbosa. Isto diz muito.
Calando todos os críticos – onde me incluo – as equipas estrangeiras apareceram justamente na primeira etapa da qual se poderiam tirar alguns dividendos. Correr por correr é qualquer coisa que é passado. Hoje em dia há tácticas e, mesmo numa corrida só com 10 dias – ou deveria dizer: principalmente em corridas SÓ com dez dias? -, é preciso “ler” o percurso e decidir onde atacar de forma a obter ganhos.
Claro que o exemplo das equipas portugueses – a maioria delas – não é para seguir. Isto enquadra-se na tal singular característica do ciclismo português onde, o que “conta” é a Volta. Mas nós estamos estamos errados. E, creio, ficará explicada a não aparição das equipas estrangeiras nesse luta completamente doméstica. O tal ir atrás de uma vitória numa etapa e conseguir com isso… ganhar a temporada!?
Hoje as formações estrangeiras já tentaram a sua sorte. E a Kaiku, lançando metade da equipa na grande fuga do dia, deixou a descoberto a sua intenção. Não só buscaria na esperada indefinição no grupo da frente a sua oportunidade, como, inegavelmente podia fazer “descansar” a outra metade no “rame-rame” do pelotão, onde mais não teriam que fazer do que acompanhar o ritmo imposto.
Depois, e antes da parte final, ficou demonstrado que só a Imoholding-Loulé terá feito mais do que apenas “ver no que dá” na fuga. O protagonismo conseguido por Renato Silva – grande corredor e do qual me tenho esquecido (desculpa Renato) quando falo da “velha” Maia – não chegou. Nada que seja menos do que o triunfo na etapa vale nesta Volta.
E quem o conseguiu foi mesmo a Kaiku (uma das equipas espanholas com fim anunciado) com Gustavo César a aproveitar a falta de pernas dos seus últimos rivais – que na própria fuga, o somar de quilómetros acabou por fazer uma selecção – e a ser o primeiro no alto de St.ª Quitéria.
“Despachada” a questão de quem melhor aproveitou a etapa, voltemo-nos para quem teve que… controlar. E era evidente que a Madeinox não ia sequer tentar defender a liderança de Lizuarte Martins. Então quem sobrava? Pois é… a LA Alumínios-Liberty. Outra vez.
Aqui é necessária mais uma “leitura” da corrida.
Escrevi-o logo no primeiro dia que a LA só tinha trabalhado no pelotão, e depois na parte final, porque Cândido Barbosa assim o “exigira”. Explico: creio ter ficado claro que o corredor da Rebordosa queria mostrar a si próprio que era capaz de estar ao mais alto nível desde o início. Mas disso não terão culpa os seus adversários.
Aliás, ficou mais ou menos a descoberto que as demais formações não teriam podido pretender controlar o pelotão desde Portimão. Hoje mesmo, numa altura em que se esperavam revelações quanto às intenções das outras equipas que albergam no seu seio putativos candidatos, se percebeu que as coisas não estão tão fáceis assim. A Maia-Milaneza até atacou a subida final, com Danail Petrov que acabaria a etapa em… 13.º.
Ao contrário do que Cândido Barbosa – e o seu técnico, Américo Silva – disseram hoje, as outras equipas não estão alheadas da corrida. Têm é dela uma visão mais realista. Se a LA assumiu o seu (da corrida) controlo desde o primeiro dia, não podem os seus elementos vir agora dizer que os outros não ajudam. A verdade é que todos os analistas melhor preparados vaticinaram uma Volta a dois tempos, sendo que nenhum deles “exigiria” a presença das equipas dos grandes favoritos a trabalhar “forte e feio” desde Portimão. A formação da Charneca fê-lo. Os outros pensarão, concerteza, que “se o fizeram é porque estão capazes de arcar com as despesas daí inerentes”. Nos primeiros dias ninguém da LA se queixou… Hoje já apareceram críticas.
Eu saio para 15 dias de férias com 500 euros para gastar… se gastar 200 nos primeiros dois dias já sei que nos restantes vou ter que por um travão aos gastos. Se um amigo que esteja comigo tiver 1500 euros para os mesmos 15 dias e gastar os tais 200 nos dois primeiros dias… não pode querer que, ao terceiro, eu vá comer marisco com ele. Não tenho dinheiro que chegue.
Concluindo, passando por cima de pormenores,
Dos candidatos à vitória final, Cândido Barbosa é o melhor classificado, Pedro Cardoso (Maia-Milaneza) está a 20 segundos de Cândido, Nuno Ribeiro (LA Alumínios-Liberty), também a 20 segundo, tal como Danail Petrov (Maia-Milaneza). Claus Möller (Barbot-Halcón), está a 39 segundos, Andrei Zintchenko (Riberalves-Alcobaça), a 52, Hugo Sabido (Barloworld), a 58 e Alexander Efimkin, da mesma equipa, a 1.00 minuto.
Nada está ainda definido e quando daqui a seis meses falarmos do resultado final da Volta já ninguém se vai lembrar quem foi que trabalhou mais na cabeça do pelotão. Mas, volto a frisar, essa opção – que todas as outras equipas de todos os outros candidatos negaram – foi assumida de livre vontade pela LA Alumínios-Liberty.
Ainda hoje José Azevedo, com a opinião que o seu estatuto respalda, reconheceu que, estando a corrida como está, é à LA que cabe controlar a corrida.
Cada um deita-se na cama que faz.
Só uma última palavra para o André Vital (Madeinox) que, vendo o Cândido a "ficar-se", festejou à passagem da meta como se tivesse ganho a etapa. Não é a primeira vez que assisto a uma situação destas. O corredor não estaria informado de que, à frente daquele grupo iam ainda três corredores e fez a festa. Falta de informação, e a adrenalina em alto. Pena que o André Vital tenha que esperar por outra oportunidade.
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