quarta-feira, agosto 16, 2006

206.ª etapa



CURIOSIDADES E OUTRAS COISAS... QUE NÃO INTERESSAM A NINGUÉM

David Blanco ganhou a Volta. Não foi grande surpresa, foi, isso aqui eu posso dizê-lo “contra” a vontade de grande parte de nós que, confessadamente, assumíramos que era importante para o nosso ciclismo a vitória de um corredor português na Volta. O pior é que, ao contrário do ano passado, quando nos ficou a ideia de que faltou “só um bocadinho assim…”, este ano nem essa ilusão nos ficou.
Ganhou o David Blanco e ganhou Bem. Ponto final. Também, apesar de ter nascido na Suíça, o rapaz até é galego – o que quer dizer: quase português! - começou a correr cá e até representou equipas portuguesas de Norte ao Sul do País… Vamos “nacionalizá-lo”!!! Então? Se o Obikwelu e o Deco podem…
Estava a brincar.

O pior é que nos últimos dez anos só dois portugueses – Vítor Gamito (2000) e Nuno Ribeiro (2003) – ganharam a Volta. Nesses mesmos dez anos, é a quarta vez (segunda consecutiva) que o vencedor é de uma equipa estrangeira. Mas, com tantos jovens que deixaram bem demonstrado o seu valor… vamos ter esperança de que a tendência destas duas últimas edições seja contrariada. Já em 2007.

Vamos a algumas curiosidades desta Volta.

Apesar de não ter conseguido o seu objectivo, Cândido Barbosa conseguiu feito digno de destaque. Foi o único corredor que, do primeiro ao último dia esteve no top-10, na classificação geral, e só não esteve todos os dias no mesmo top-10 das chegadas, devido à tal desqualificação, em Lisboa. Mas, graças à “pressa” da organização em despachar a cerimónia, esteve TODOS os dias no pódio (em Lisboa chegou a envergar a faixa de vencedor da etapa); andou três dias de amarelo – contando com o primeiro – e os demais de branco, símbolo da regularidade, embora na 3.ª etapa a tivesse usado... “emprestada”.

O segundo corredor mais regular, dentro dos dez mais (final de etapa), dia-a-dia, foi Danaíl Petrov que esteve lá no final de 5 das etapas. Manuel Cardoso, Pedro Cardoso, Ruggero Marzoli, David Blanco e Christian Pfannberger estiveram no mesmo top-10 quatro dias. Neste no top-10, relativo a cada uma das chegadas, estiveram 49 corredores, embora 24 deles tivessem estado apenas uma vez. A LA Alumínios-Liberty, graças a 5 dos seus corredores, teve 16 vezes homens nos dez mais da etapa, mais duas que a Maia-Milaneza (com 5 corredores também), com a Carvalhelhos-Boavista na terceira posição com 4 corredores a garantirem 10 lugares entre os primeiros dez de cada etapa, o que, estatisticamente, podia ser convertido em um homem nos dez-mais todos os dias. As equipas estrangeiras com mais presença no mesmo grupo foram a Comunitat Valenciana e a Lampre, com sete lugares nos dez mais, os mesmos que a Madeinox-Bric e menos um que a DUJA-Tavira.

No que respeita aos primeiros dez primeiros na classificação geral individual, dia-a-dia, Cândido Barbosa fez o pleno – foi o único – 2x no 1.º lugar; 2 nos 2.º, 3.º e 4.º lugares e 2 no 6.º posto. Nunca baixou daí. O seu companheiro de equipa, Rui Sousa foi o segundo mais assíduo neste top-10, com 7 presenças, mas a sua melhor posição na tabela foi o 5.º lugar, à 5.ª etapa. Danail Petrov (melhor lugar: 5.º), Pedro Cardoso (4.º) e David Blanco… o vencedor final, estiveram seis vezes nos dez melhores.
Contabilizando por equipas, a LA Alumínios-Liberty, com 4 corredores esteve 23 vezes no top-10 da classificação geral individual, a Maia-Milaneza, também com 4 corredores, esteve 18 e a Barloworld, com três corredores, 11 vezes.

Voltando ainda ao Cândido, uma curiosidade: só venceu uma das 27 metas volantes da prova. Foi a de Manteigas, na 9.ª etapa, a última que tinha metas volantes. David Blanco ganhou duas: a primeira, na terceira etapa, em São Miguel de Poiares, e a 2.ª na oitava etapa, em Lageosa do Mondego, de onde arrancou para a vitória na Guarda (e quem sabe… na Volta).

Em termos de domínio quase total, temos a LA-Liberty, que comandou a classificação por equipas em 9 das dez etapas (só a DUJA-Tavira se intrometeu na sua liderança), e Cândido Barbosa que foi durante 9 dias o líder dos pontos (só perdeu o primeiro lugar na chegada a Lisboa, em favor de Manuel Cardoso).
A classificação do Prémio da Montanha teve 5 líderes e a da Juventude, quatro.

Com 148 corredores à partida, este foi o décimo maior pelotão de sempre, na Volta (o maior foi o de 2000, com 179 corredores). Houve 44 abandonos (o ano passado só 29) e 17 (38,6%) aconteceram na etapa da Senhora da Graça. Na jornada para a Guarda ficaram pelo caminho mais 9 corredores e a etapa da Torre “só” fez 6 baixas…

LA Alumínios-Liberty e DUJA-Tavira foram as únicas equipas que chegaram ao fim completas. Carvalhelhos-Boavista e Maia-Milaneza foram as outras equipas que não sofreram desistências. A baixa nos axadrezados ficou a dever-se à expulsão de Hélder Magalhães (na etapa da Senhora da Graça), e a dos maiatos à eliminação de Bruno Lima, na etapa da Guarda.
No pólo oposto, as mais dizimadas foram a Vitória-ASC e a ELK, que terminaram só com três corredores, mas a equipa portuguesa alinhou com 9, à partida, e a austríaca apenas com sete.

Uma curiosidade nas 15 equipas que sofreram baixas: em nove delas o seu último corredor, o que tinha o dorsal a terminar em 9 (em 8, no caso da Relax, e 7, na ELK) não chegou ao fim… e só três perderam o seu número 1.

As outras curiosidades foram “batidas” todos os dias por toda a Comunicação Social: em 10 etapas houve 9 vencedores – só David Blanco bisou – e nove líderes, só Cândido Barbosa vestiu por duas vezes – ainda que não consecutivas – a camisola amarela. Portanto, todos os dias a amarela mudou de dono.

Classificação final dos nove líderes:
1.º, David Blanco
3.º, Cândido Barbosa
4.º, João Cabreira
8.º, Carlos Pinho
9.º, Ricardo Mestre
17.º, Christian Pfannberger
49.º, Lizuarte Martins
53.º, Gustavo César
e
93.º, Manuel Cardoso

O último classificado, Pablo Urtasun, perdeu 2.14.17 segundos.
Se “agarrássemos” nele e o colocássemos na estrada, por exemplo, na etapa que acabou em Lisboa, quando o pelotão chegou à meta estaria ele ainda à saída do Porto Alto, a 86 quilómetros da Praça do Império!!!

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