domingo, setembro 09, 2007

858.ª etapa


MAS... DE QUEM TERÁ SIDO A IDEIA?!!!

De quem terá sido a ideia peregrina de fazer disputar um contra-relógio - falo da Vuelta, é bom de ver - numa... auto-estrada?

Foi para entrar no Guinnes Book? Foi para marcar alguma diferença, em relação à qualidade do piso que ofereceram aos corredores?
Foi porquê?

Cinquenta - ou quase isso - quilómetros num vazio constrangedor. Nunca antes, sem dúvida, um corredor se terá sentido tão só numa estrada, apesar dos quatro (!!!, porquê, se não havia tânsito) batedores que acompanharam, pelo menos os Corredores que eu vi. Mais o carro de apoio.

Nem uma pessoa, nem uma bandeirinha, nem um grito de incitamento... apenas a fita negra do asfalto, o vento que tradicionalmente sopra naquela "baixa" de Saragoça e o muito calor.
E os Corredores, um a um, sozinhos...
Alguns hão-de ter achado terrífico!

Mas... e as pessoas?
O público? As gentes que amam o Ciclismo e que quereriam estar na berma da estrada a aplaudir... fosse quem fosse?

Passem as diferenças óbvias e pareceu-me um daqueles jogos de futebol jogados à porta fechada.

Ciclismo sem povo não é Ciclismo.
Sinceramente, não compreendi - e fui absolutamente surpreendido por ela - esta escolha da organização.
Caramba!, ao menos que tivessem aberto a auto-estrada ao público!

Um contra-relógio é sempre uma etapa que não "encaixa" na festa do ciclismo porque os corredores passam um-a-um. No ponto escolhido por cada espectador para se posicionar, mesmo que e informação, nomeadamente das rádios, se supere, é sempre um espectáculo sem... cenário.
Ok... passou um corredor.
Quem seria?
Vai bem ou vai mal?
É um candidato ou não?
Quem seria?

Vêem-se todos os corredores - para quem conseguir ficar ali plantado quatro horas - mas... ok, numa etapa "normal" passa o pelotão e não se consegue identificar ninguém.
Nos cronos, se se estiver minimamente preparado, nem que seja com a página de um jornal onde esteja a classificação completa e sabendo que passam do último para o primeiro, pode-se saber quem vem lá... ou quem foi o que passou.
O resto é a festa que o povo faz sempre que se junta para assistir a uma corrida de Ciclismo.

Agora... fazer a etapa numa auto-estrada?
Nua de público, vazia de alma...
Não lembraria ao diabo.
Mas aconteceu hoje (ontem) em Saragoça.

Eu não tenho dúvidas em aqui o escrever: é para não repetir.
A não ser, claro, que abram a auto-estrada ao público, mesmo que de forma condicionada ao espaço para que se estacione nas bermas.

Foi a etapa mais fria e sem graça a que já pude assistir.

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Entretanto - não vale a pena abrir outro tópico para isto - à equipa da EuroSport (o Paulo Martins e o Luís Pissarra) deixo uma pequena indicação.
Os Regulamentos do Ciclismo prevêem penalizações para quem recorra ao doping ou à - perfeitamente definida, nos mesmos Regulamentos - práctica de métodos proíbidos.

É CLARO que as transfusões sanguíneas não são DOPING!
Mas enquadram-se na figura das PRÁCTICAS PROÍBIDAS.

E tornam-se patéticas as tentativas de "explicar" porque é que as transfusões serão... consideradas doping.
Principalmente porque não havia necessidade de passar por isso. Se era uma pergunta recebida por e-mail... e se nenhum dos dois sabia explicar... ignoravam-a.
Amanhã (hoje) se calhar já saberiam responder se consultassem os regulamentos.

Um Corredor que em Maio retire sangue, num momento em que este está enrequecido ao máximo, se voltar a injecta-lo em Setembro quando não tem mais pernas para andar... não anda!
É o único ponto de contacto com o recurso a substâncias - em contraponto a prácticas - proíbidas. Se não houver pernas...

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