quarta-feira, setembro 19, 2007

886.ª etapa


A GENTE TENTA SEMPRE LEVAR ISTO A SÉRIO…
E A FEDERAÇÃO? LEVOU?

Para quem gosta de Ciclismo e, por isso, gasta algum do seu tempo a ver as principais corridas na televisão, a comprar os três jornais desportivos diariamente e a vasculhar a Internet na busca de novidades já não constitui novidade nenhuma a forma como os principais países encaram os Campeonatos do Mundo.

Na grande maioria deles [países] as escolhas são pacíficas.
Têm três, quatro corredores que formarão sempre o núcleo duro das respectivas selecções e depois, não sou eu a dizer o contrário, abrem-se mais uma ou duas vagas preenchidas na forma de… prémio por aquilo que os restantes corredores fizeram durante a temporada.

E há os casos mais complicados. Que se resumem, diria eu, a apenas dois países: a Espanha e a Itália. Aí, não só os tais núcleos duros nem sempre são consensuais, como a escolha dos nomes dos homens para dar a cara ao vento acaba sempre envolta em alguma polémica. Ambos os países têm um elevado número de grandes Corredores e em ambos, estes esfarrapam-se por um lugar na Selecção.

Em Portugal vinga um tão inexplicável como incompreensível alheamento – para não dizer ostensivo auto-afastamento – por parte dos nossos melhores Corredores.
Porquê?

É a mais sincera das questões que ponho porque, francamente, não percebo as razões que levam os nossos profissionais – principalmente estes – a fugir dos Mundiais como o demo nunca fugiu da cruz.
Um autêntico enigma.

E nós, os que gostamos do Ciclismo, cedo nos pomos a escolher selecções.
E não nos faltam – é a ideia com que se fica – Corredores para fazermos uma selecção que, argutamente dirigida, assentando as nossas esperanças na experiência de quatro ou cinco corredores, tivesse homens que conseguissem ler a corrida, marcar as rodas certas, entrar nos grupos de excelência e…

E depois tudo dependia de um momento de sorte ou de… inspiração.
Quem não se lembra ainda da forma como o Sérgio Paulinho se sagrou vice-Campeão Olímpico há pouco mais de três anos?

Mas não! Os nomes mais sonantes do pelotão luso parece que não abdica mesmo dos três meses de férias!
Acaba a Volta a Portugal em meados de Agosto e, até que, em Novembro, voltem a trabalhar a sério, já tendo em vista a temporada que se segue… a imagem que passa é a de que… não chateiem!

É um assunto ao qual nenhum dos observadores encartados pode fugir.

Tem a ver com as equipas?
Mas qual é a equipa – sponsor – que descarta a possibilidade de uma publicidade extra durante mais de cinco horas de corrida vista em termos – autenticamente – globais?

Lembram-se das horas e horas que nos últimos Mundiais, com a camisola da Bulgária mas com os calções da DUJA-Tavira o Krassimir Vasilev andou escapado?

E porque é que as equipas, pagando doze meses de ordenados aos seus Corredores, aceitam pacificamente que estes resolvam ter três meses de férias?

E porque é que – aqui é que a porca torce o rabo – a Federação Portuguesa de Ciclismo se limita a encolher os ombros?
Não queres ir não vais… levamos outro.

Sendo TODOS, respeitosamente, seleccionáveis… quem nos explica porque é que A, B ou C não acata a convocatória?
Pior!... Impõem a sua posição e conseguem até evitar essa convocatória.

Em termos de opinião pública, construída sobre a informação disponibilizada pelos OCS, ninguém terá negado a sua participação nos Mundiais.
É verdade. NINGUÉM, que se saiba, se negou ir à Alemanha.

Funcionam canais paralelos de comunicação e o Seleccionador Nacional não muge nem tuge… A cada ano que passa, constrói a Selecção com os que... não se recusam a ser convocados.

Eu, se fosse seleccionador, ainda por cima a tempo inteiro, no dia de descanso da Volta, que acontece no final da primeira semana da Volta, anunciava os meus preferidos. Ai fazia isso fazia… E, depois, se algum se negasse seria devidamente penalizado pela opinião pública. Porque não há nada que justifique um NÃO à representação do País.
Ainda por cima… desde o final da Volta a Portugal até aos Mundiais vão quase 45 dias!

Tempo mais do que suficiente para uma preparação perfeitamente direccionada.

O que dirão os espanhóis que têm a Vuelta a acabar OITO dias antes dos Mundiais?

É nítida a falta de pulso que, se quisermos ser mais contundentes podemos traduzir como completo eclipse do Seleccionador. Mas afinal, o que faz o José Poeira na federação?
Conduz o carro nas corridas!

É um Homem – assim, com letra grande – bom.
Mas é bom de mais.
Não pode – mas ele sempre teve esta postura – ficar refém das vontades de cada um dos Corredores.

E, claro, a FPC não sai isenta desta (triste) história…
Parte – larga parte – dos dinheiros que vai buscar ao Orçamento do Estado (o que quer dizer, aos meus, aos nossos Impostos) é em nome das representações nacionais que, teoricamente, providenciará nas principais corridas internacionais.

E depois, nem nos Mundiais consegue afirmar-se.
Eu vejo nisto um simples e desinteressado – e o mal está neste desinteressado – encolher de ombros.
Não querem ir?
Ok… Vão outros…

Mas uma Selecção de Portugal, que é financiada, mesmo que indirectamente, pelos impostos dos portugueses, de todos os portugueses, não pode – NÃO PODE – ser escolhida entre quem… não se importa de ir.

Sabendo todos nós os problemas, até em termos financeiros, por que passa o Ciclismo nacional, NÃO PODEMOS aceitar que a FPC “impinja” os gastos com as Selecções Nacionais como factor de pressão, aquando das negociações das tranches a que acha ter direito, do todo do “bolo” que o Governo reúne – às custas dos nossos impostos, reforço – e depois…

Depois reduza aquilo que deveria ser a Selecção Nacional a um grupo de boa vontade que não se importa de fazer mais uma corrida…
Mas não é uma corrida qualquer. São os Campeonatos do Mundo, caramba!

O senhor secretário de Estado do Desporto que se cale em relação ao murro que o Scolari até falhou. Mais ou menos apertada, a Selecção de futebol vai conseguir os seus objectivos...
Olhe é para estes exemplos.

Numa altura em que trouxemos OURO dos mundiais de atletismo e de triatlo e PRATA dos mundiais de judo… eu TENHO VERGONHA, não dos atletas, que apoio e apoiarei sempre e que fique claro que estão de fora desta “guerra”, mas da Federação Portuguesa de Ciclismo. Porque, conseguidos os subsídios… se demite das suas funções.

Imaginam a Federação Portuguesa de Atletismo a abdicar do Nélson Évora ou da Naide Gomes? Da Federação Portuguesa de Judo a abdicar da Telma Monteiro?

Doutor Artur Moreira Lopes… as Selecções Nacionais de Ciclismo TÊM QUE SER EXACTAMENTE COMO AS OUTRAS… LEVAR OS melhores.

Confio no seu bom senso.
Mas sei que chegámos a este ponto por – não digo que por mais nada, mas por – desinteresse do Senhor Presidente!...

2 comentários:

RuiQ disse...

Gostava de colocar uma questão: porquê não vai o Tiago Machado, que se tem preparado para estar no contra-relógio e na prova em linha? Durante o ano todo fez o que fez, no final do GP da Estremadura disse a uma rádio que estava a preparar-se para as duas provas e agora isto.

Imaginemos o Valverde, o Freire ou Bettini fora dos convocados por opção...

mzmadeira disse...

Também ponho essa questão no artigo a seguir...